Apesar da redução de 14% no número de mortes no trânsito de Curitiba entre 2012 e 2103, as maiores vítimas continuam a ser os pedestres. Os dados são do registros do projeto Vida no Trânsito, que divulgou nesta semana a análise dos acidentes com vítimas fatais no período. No ano passado foram 226 mortes no trânsito da cidade, contra 263 em 2012. 

Segundo os dados do Vida no Trânsito, o número de óbitos por atropelamentos também diminuiu, passando de 108, em 2012, para 86 no ano passado – 20,37% a menos. Os idosos continuam sendo um dos principais grupos afetados – foram 16 mortes de pessoas com 70 anos ou mais de idade no ano.

A velocidade e a ingestão do álcool seguem como fatores que mais contribuem para as mortes no trânsito, tanto dos motoristas quanto dos pedestres. O estudo aponta que a velocidade contribuiu para a ocorrência de 25,3% dos acidentes e o álcool para pelo menos 22%. Infelizmente os dados sobre a ingestão de álcool e direção ainda são subnotificados, já que são poucas as fontes de informação sobre esta conduta de risco, explica a coordenadora de Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, da Secretaria Municipal da Saúde, Vera Lídia Alves de Oliveira.

O Vida no Trânsito é uma ação intersetorial coordenada em Curitiba pelas secretarias municipais de Saúde e de Trânsito.

As ações integradas de todos os órgãos envolvidos no projeto Vida no Trânsito contribuíram para esta redução significativa do número de vítimas fatais nos acidentes de trânsito em Curitiba, diz a secretária municipal de Trânsito, Luiza Simonelli. Ela também destaca as campanhas Lei Seca Vai Pegar – uma parceria entre Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) e Instituto Paz no Trânsito –, com blitze educativas em bares e de alcoolemia em todos os bairros da cidade, e Vó Gertrudes, que também teve ações específicas para combater a mistura álcool e direção, como importantíssimas na diminuição dos acidentes de trânsito com mortes na capital paranaense.

Outras ações da Setran que contribuíram para a redução de acidentes foram o aumento no tempo de semáforos para travessia de pedestre, beneficiando principalmente idosos, a colocação de mais de 150 mil metros quadrados de sinalização viárias na cidade e a realização de atividades da campanha Vó Gertrudes nas escolas da rede municipal, analisa Simonelli.

A coordenadora ressaltou, ainda, que os acidentes de trânsito são evitáveis, por isso a necessidade de chamar a atenção da população e investir em mais ações de educação, fiscalização e melhoria da segurança viária.

A conduta de risco que mais contribuiu para os acidentes fatais foi o desrespeito à sinalização. Em cerca de 30% desses acidentes foi observado avanço de sinal ou de preferencial, ultrapassagem ou conversão proibida ou desrespeito a faixa de pedestre.

O perfil epidemiológico da população de Curitiba mudou por causa da violência que têm vitimado principalmente jovens, inclusive no trânsito. Muitos acidentes poderiam ser evitados com o respeito às leis e conscientização da população, disse o secretário municipal da Saúde, Adriano Massuda.

O projeto Vida no Trânsito conta com a participação do BPTran, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto de Criminalística, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma de Emergência (Siate). Teve origem com a escolha do Brasil para integrar uma ação global chamada Road Safety in 10 Countries (RS 10), coordenada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)/Organização Mundial de Saúde (OMS) e financiada pela Bloomberg Philanthropies, fundação internacional de promoção de atividades na área social. Os objetivos são estimular, nos países financiados, ações de prevenção a lesões e mortes no trânsito e aumentar a capacidade de avaliar os projetos.