Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados marcou para a tarde desta terça-feira (5), às 15h30, a apresentação, discussão e votação do parecer do processo que trata da suposta intermediação feita pelo deputado André Vargas (PT-PR) com o Ministério da Saúde a favor do laboratório Labogen, do doleiro Alberto Youssef, preso em março na operação Lava Jato da Polícia Federal por participação em esquema de lavagem de dinheiro.

Depois de cinco tentativas frustradas, o relator do processo, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que na última terça-feira (29) havia encerrado a fase de instrução (investigação) do processo, voltou atrás e deu mais uma chance para André Vargas ser ouvido pelos integrantes do conselho. No entanto, Vargas não compareceu às duas reuniões realizadas nesta segunda-feira (4). Ele ainda poderá depor amanhã pela manhã.

Segundo Júlio Delgado, apesar de ter o direito de depor a qualquer momento até a votação final do caso, seria importante que os conselheiros pudessem ouvi-lo. “O depoimento dele como representado na instrução era importante. Foi solicitado pela própria representação apresentada pelo PSDB, pelo Democratas e pelo PPS. Agora, em qualquer momento do processo, seja na instrução, como foi solicitado, seja após encerrada a instrução, na hora da leitura do nosso parecer, do nosso voto, como em Plenário, ele pode falar, apresentar sua defesa e as suas justificativas. Era importante que ele pudesse fazê-lo antes da apresentação do parecer e do voto porque acho que, depois, ele vai ter muita dificuldade de refutar aquilo que a gente está levantando nesse processo.”

Na semana passada, André Vargas disse, por meio de sua conta no Twitter, que não depôs porque o relator já teria emitido pré-julgamento sobre o caso e atropelado o seu direito de defesa.

O deputado vem negando as acusações. No dia 2 de abril, em pronunciamento no Plenário, Vargas admitiu ter sido “imprudente” ao fazer uma viagem ao Nordeste em um jatinho pago por Youssef. Já em 2 de julho, o dono do Labogen, Leonardo Meireles, disse ao Conselho de Ética que Vargas ajudou nos contatos entre a empresa e o Ministério da Saúde. Ao todo, oito testemunhas prestaram depoimento no conselho sobre o caso André Vargas, sendo duas por escrito.

O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), está otimista quanto à votação do parecer nesta terça. “Vai ter quórum. Amanhã é esforço concentrado, tenho certeza que vai ter quórum. E vai ser bom, a gente já deve começar a votação do parecer amanhã. Na sequência, se aprovado o parecer, ele vai para a presidência da Casa, se a defesa não recorrer para a CCJ. Estando com o presidente, ele pode colocar para votação em Plenário”, ressaltou.

Luiz Argôlo

Além da votação do caso André Vargas, o Conselho de Ética também terá reunião na tarde desta terça, às 14 horas, para ouvir testemunhas do processo contra o deputado Luiz Argôlo (SD-BA), que também é suspeito de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.

O pedido de investigação contra Argôlo foi apresentado pelo Psol e pela Mesa Diretora da Câmara com base em reportagens da revista Veja e do jornal Folha de S.Paulo que citam mensagens trocadas entre o doleiro e o deputado sobre a transferência de R$ 120 mil para a conta do chefe de gabinete do parlamentar, Vanilton Bezerra. De acordo com aFolha, Argôlo também teria recebido do doleiro dois caminhões de gado.

Vanilton Bezerra é uma das testemunhas convidadas pelo relator do processo, deputado Marcos Rogério (PDT-RO). Também poderão ser ouvidos Júlio Gonçalves de Lima Filho, comerciante de gado, e Leonardo Meireles, sócio do laboratório Labogen, que seria empresa de fachada do doleiro.

As reuniões estão marcadas para o plenário 11.