A crise política contaminou ontem os debates da Câmara Municipal de Curitiba, gerando um bate-boca entre os vereadores em razão de uma proposta de homenagem ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás. Tudo começou quando o vereador Chico do Uberaba (PMN), reclamava que o projeto apresentado por ele para conceder o título de cidadão honorário de Curitiba a Moro está parado desde junho de 2015.

Uberaba insinou que o engavetamento do projeto seria responsabilidade do líder da bancada de situação na Casa, vereador Paulo Salamuni (PV), que foi socorrido pelo presidente do Legislativo municipal, vereador Aílton Araújo (PSC). Araújo lembrou que a responsabilidade pela definição da pauta é dele. Atualmente, 160 projetos aguardam votação em primeiro turno na Casa.

Já passou da hora de essa homenagem vir ao plenário, defendeu Uberaba. Olha a situação que o país está passando e a pressão que este homem, o juiz Sérgio Moro, está sofrendo. Qual a moral que a Dilma e o Lula têm para desqualificar a Lava Jato?, alegou o parlamentar. Aos gritos, ele reclamou de interferência de Salamuni na elaboração da pauta. O vereador do PV admitiu discutir a pauta – eu ajudo, disse -, por conta dos projetos do Executivo, e disse ter sabido da pendência na véspera, quando Uberaba também cobrou a votação em plenário. Jorge Bernardi (Rede) adiantou que proporá uma mudança no regimento interno, para tirar dos ombros (da presidência) essa responsabilidade. Devia ser o colégio de líderes, sugeriu.

Império vermelho

No pedido de inclusão da proposta em pauta, Uberaba misturou críticas ao PT, que foram retomadas pelo Professor Galdino (PSDB). O PT se isola. O império vermelho está ruindo, está desmoronando, disse. “Não podemos nos desrespeitar, rebateu Josete. As pessoas sobem à tribuna e fazem afirmações. Acusam e não provam. Isso só serve para se colocar na imprensa, mas acaba reforçando a desconstrução da política, como essa notícia agora na rádio Bandnews, disse a parlamentar, referindo-se à uma gravação veiculada pela rádio na qual em meio a uma discussão sobre a proibição do Uber, Galdino teria declarado que está cheio de filho da p… aqui dentro.

Temos um golpe em curso, que é midiático e judicial. A Ordem dos Advogados do Brasil nos entristece, e também defendeu o golpe militar em 1964, disse Josete. Nós temos que nos posicionar, retrucou Pier Petruzziello (PTB). O juiz Sérgio Moro está certo 99% das vezes. Ele recuperou bilhões da corrupção, desmantelou o esquema, defendeu.

Para Pier, o PT não pode falar em golpe. Fico imaginando se isso tudo fosse com o PSDB, com o PTB, comparou. O Moro e o Dallagnol (membro do MPF que integra a força-tarefa da Lava Jato) estão dando transparência à investigação. O PT liderou o pedido de impeachment do Collor e agora sofre de amnésia. Falar em golpe? Meu Deus. É por isso que tem impeachment na Constituição Federal. Impedimento se dá quando não há mais governabilidade. Collor caiu por muito menos que isso, encerrou Pier.