Patrulha Escolar. Imagem meramente ilustrativa (Foto: Arquivo/AN-PR)

A tragédia em uma creche em Blumenau (SC), a apreensão de um adolescente em Minas Gerais que planejava um atentado e a explosão de um artefato no estacionamento de uma escola em São Paulo, todos, infelizmente, ocorridos nos últimos dias, relembram a importância do debate sobre a segurança em instituições de ensino.

Segundo Fernando Brafmann, CPP e Diretor do Grupo MAGAV, de Curitiba (PR), com mais de 30 anos de experiência em segurança, proteção de pessoas e instalações, antiterrorismo, inteligência e gerenciamento de crises, é preciso que a segurança em escolas seja feita de forma bastante discreta, mas eficaz.

“Proteger uma escola requer uma característica básica que é a de ser um local amistoso, agregador, que todos se sintam confortáveis e seguros. Aparentemente, isso vai contra os princípios da segurança, mas não é verdade. A segurança precisa se adaptar, respeitando as características do local. Não existe uma solução única. Mas a certeza que temos é que é necessária a integração entre três grandes pilares: família, escola e o poder público”, afirma.

O incidente deste dia 5 de abril ainda está em análise, mas, de forma geral, não vamos conseguir colocar policias em todas as escolas e isso, por si só, não resolveria o problema. Também não adianta a família delegar para a escola, esta, para o poder público e assim por diante: “É fundamental a integração de esforços. Estamos falando principalmente de um problema de saúde mental, de solução de conflitos, essa é a raiz”, complementa.

Existem várias medidas práticas que podem ser colocadas em funcionamento, no ponto de vista de uma reação. Mas em um momento de comoção, precisamos olhar o quadro com certa distância. E o principal foco é sempre na prevenção, não apenas da proteção das escolas, mas trabalhar a saúde mental, a cabeça dos jovens. “O nosso objetivo maior é proteger e salvar vidas, garantindo que o ambiente continue sendo um local para a formação das crianças e adolescentes”, complementa Fernando.

Outra questão importante é o aumento da sensação de insegurança e do pânico após casos como esse. Por isso, é preciso evitar fake news e, principalmente, não dar espaço aos atacantes. “Um dos pilares que move os agressores é justamente o desejo de serem reconhecidos. Quando a gente divulga a imagem, o nome e as redes sociais, estamos dando um prêmio, entregando um troféu, e isso acaba alimentando novos criminosos. Quem tem que se preocupar com o atacante é a Polícia. E quem merece nossa atenção são as famílias das vítimas”, alerta.

Mesmo com toda essa preocupação, é preciso lembrar sempre o objetivo da escola: “Não podemos trazer pânico e sensação de medo para alunos, famílias e equipe escolar. As medidas precisam ser feitas de forma sutil, preservando o ambiente de harmonia para o crescimento das crianças”, finaliza.