Projeção apontava que inversão entre idosos e jovens ocorreria em 2022, mas pandemia adiou: “troca” também indica melhoria na qualidade de vida

A pirâmide etária de Curitiba será reconfigurada até o fim deste ano, de modo que o número de idosos vai ultrapassar o de crianças pela primeira vez. E vai continuar evoluindo. Até 2030, 21,9% da população da capital será idosa, enquanto que 16,8% será formada por crianças de 0 a 14 anos de idade. Uma diferença de 5,1%. Os dados são do estudo Cenários da Cidade – Curitiba Longevidade, produzido pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

O estudo do Ippuc comprova a projeção populacional para 2017-2040 feita pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), em 2018. Na projeção, Curitiba teria 1.937.699 habitantes em 2022. Desses, 332,6 mil seriam pessoas com mais de 60 anos (17,16%) e 330,8 mil crianças ou pré-adolescentes até 14 anos (17,07%).

O número de idosos ultrapassar o número de crianças e adolescentes não indica, no entanto, que haverá uma inversão na pirâmide etária da cidade. “Não há indícios de que haverá uma inversão na pirâmide etária ainda por muitos anos, porque a população em idade ativa é a mais representativa e engloba uma faixa etária extensa (15 a 59 anos)”, explicam as assistentes sociais Maria Tereza Gonçalves e Erika Haruno Hayashida, responsáveis pela pesquisa do Ippuc.

As especialistas contam que nem países reconhecidos pela população mais idosa, como o Japão, devem ter uma inversão da pirâmide etária de fato. O que deve acontecer é uma reestruturação na pirâmide, tomando um formato mais retangular, embora com a base mais estreita. Para uma inversão, o número de idosos e adultos teria que ser visivelmente maior que o de crianças, formatando uma pirâmide invertida, literalmente.

Segundo o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Curitiba tinha 1.751.907 habitantes. A prévia do IBGE do Censo 2022 diz que a capital tem 1.871.789 moradores, mas os dados ainda podem mudar. Com base nos dados atuais, o Ipardes prevê que, em 2030, Curitiba tenha 1.992.368 habitantes. Deste número, o total de homens acima de 60 anos será de 174.122, enquanto as mulheres serão 261.524, contabilizando os 435.646 habitantes idosos, 21,9% da população.

“A longevidade é uma conquista social, que advém de um conjunto de ações proporcionadas pela estruturação de políticas públicas de bem-estar social, ao longo das últimas décadas”, pontuam as assistentes sociais. A pesquisa tem como objetivo verificar as mudanças que estão acontecendo na cidade para que políticas públicas possam ser redirecionadas.
Os dados do estudo do Ippuc são provenientes de pesquisas realizadas por instituições reconhecidas, como o IBGE, IPARDES, IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), entre outros.

Acima dos 60
Crescimento acelerado

A cidade de Curitiba tem crescimento mais acelerado da população com mais de 60 anos do que a média do Brasil. Em 2021, 16,93% dos curitibanos eram sexagenários ou com mais idade, enquanto a porcentagem nacional das pessoas nesta faixa etária alcançava 14,69%.
Para 2030, a projeção é que 21,90% dos curitibanos tenham 60 anos ou mais, enquanto o percentual nacional deve alcançar 18,73%.
O grande contingente de pessoas segue ativo e com participação relevante na economia da cidade e do país.
Em Curitiba, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 41.882 pessoas acima de 60 anos estavam empregadas formalmente em 2020, com renda média de 4,78 salários mínimos. Já as aposentadorias e benefícios assistenciais para idosos no município movimentaram mais de R$ 5 bilhões em 2021.