Beto Richa (Foto: Franklin Freitas)

Após quase quatro anos afastado dos holofotes, período no qual esteve sem mandato e permaneceu mais recluso, Beto Richa (PSDB) está de volta à vida pública. Eleito deputado federal pelo Paraná, o ex-governador concedeu na última segunda-feira uma entrevista ao Bem Paraná e ao Museu da Lava Jato, gravada diretamente do estúdio do jornal. Na conversa, o tucano falou sobre sua trajetória pessoal e profissional, desabafou sobre a perseguição jurídica de que foi vítima e comentou sobre a retomada de sua carreira política, fazendo ainda uma revelação: é possível que seu nome apareça na disputa pela Prefeitura de Curitiba em 2024.
Questionado se seu nome poderia ser considerado para a eleição do próximo ano, o presidente do PSDB do Paraná foi direto: “Pode”, disse ele, ressaltando que a partir do segundo semestre essa possível candidatura deve começar a ganhar maior concretude (ou não).
“Eu tenho sofrido alguma pressão para uma candidatura à Prefeitura de Curitiba. Eu estou avaliando ainda, acho que é um pouco cedo. Todo partido deseja uma candidatura própria, mas tem de ter um mínimo de viabilidade, ninguém vai entrar num suicídio. E eu nunca sofri de ansiedade, as coisas na minha vida acontecerão sempre de forma muito natural”, destacou Beto Richa.
A primeira eleição que o político disputou foi em 1992, para o cargo de vereador da capital paranaense. Na época, não contou com o apoio de seu pai, José Richa, ex-governador e ex-senador pelo Paraná, e não teve sucesso na empreitada. Dois anos depois, porém, foi novamente convocado pelo PSDB, desta vez para disputar o cargo de deputado estadual. Finalmente apoiado pelo patriarca, conseguiu se eleger e exerceu o cargo por dois mandatos, iniciando uma ascensão meteórica na política paranaense.
Entre 2001 e 2004 o tucano foi vice-prefeito de Curitiba e secretário de Obras Públicas da cidade. Entre 2005 e 2010 foi eleito e reeleito prefeito, liderando na sequência, entre 2011 e 2018, o governo do Paraná, vencendo duas eleições para governador ainda no primeiro turno.

‘Não pense que eu não tive vontade de pular do 24o andar’
Em 2018, Beto Richa deixou o Palácio Iguaçu para disputar uma das duas cadeiras para o Senado. Era um dos favoritos para ganhar a eleição, mas poucas semanas antes do pleito, na manhã de 11 de setembro de 2018, acabou sendo preso (junto de sua esposa, Fernanda) pela Operação Rádio Patrulha, do Ministério Público do Paraná, no mesmo dia em que seria alvo da 53ª fase da Operação Lava Jato (Integração). Acabou não sendo eleito (“Me tomaram o mandato de senador na mão grande”, desabafa ele) e ainda teve de encarar mais duas prisões.
Numa fala forte e emocionada, o ex-governador admite que chegou a pensar em suicídio. “Eu vi a minha mulher chorar todos os dias em 2019. Não pense que eu não olhei pela janela do 24º andar e tive vontade de pular. O que nos manteve de pé é a fé que a nossa família tem em Deus”, afirmou o deputado, ressaltando ainda que tem vencido todas as denúncias apresentadas contra si.
“Não existe meia prova contra mim. Eu estou vencendo tudo na Justiça, eu não tenho nenhuma condenação. Você sabia que até hoje, passados quase cinco anos, eu não fui sequer depor até agora?”, disse.