SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A repórter da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello foi citada pela revista como exemplo de jornalista perseguida pelo trabalho investigativo.

“No Brasil, a repórter Patrícia Campos Mello foi alvo de ameaças após relatar que apoiadores do presidente eleito, Jair Bolsonaro, financiaram uma campanha para disseminar notícias falsas no Whats- App”, afirma o texto da Time.

Reportagem da Folha publicada em outubro mostrou que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT.

Nos cinco dias seguintes à publicação da reportagem, um dos números de Whats- App mantidos pela Folha recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo. Campos Mello recebeu ligações telefônicas com ameaças, e o diretor-executivo do Datafolha, mensagens com o mesmo teor.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, determinou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para apurar os relatos. A investigação está em andamento.

Os advogados da candidatura de Bolsonaro protocolaram em 27 de outubro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma ação contra o candidato do PT, Fernando Haddad, sua vice, Manuela D’Ávila (PC do B), o presidente do Grupo Folha, Luiz Frias, a diretora Editorial e de Redação da Folha, Maria Cristina Frias, e a repórter Campos Mello.

A ação (chamada de Aije, Ação de Investigação Judicial Eleitoral) pede liminar para que sejam apresentados documentos formais relacionados à reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”.

Um dia após ser eleito, Bolsonaro voltou a atacar a Folha de S.Paulo e afirmou que “por si só, esse jornal se acabou”.

“Esses são novos tempos, realmente novos tempos”, afirmou à Time Cristina Zahar, secretária-executiva da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). “E os jornalistas precisam encontrar maneiras de lidar com isso.” Para ela, “com a polarização, a crença na sua própria verdade se fortaleceu, e não importa se o que outros dizem é uma mentira”.”‹

A Time cita outros casos de jornalistas ameaçados em 2018, como Victor Mallet, editor para Ásia do jornal Financial Times expulso de Hong Kong após convidar um ativista contrário a Pequim para falar em um evento, e a jornalista do Sudão Amal Habani, presa após cobrir protestos contra o governo. Ela ficou detida por 34 dias e foi torturada.

De acordo com o CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), 262 foram presos em 2017, número recorde que a organização estima que será ainda maior neste ano.