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Moro e Dallagnol (Fotos: Waldemir Barreto/Agência Senado e Fernando Frazão/Agência Brasil)

O senador e ex-juiz federal Sergio Moro (União) começá a ser julgado nesta segunda-feira (1º de abril) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), acusado pelo Partido Liberal (PL) e pela coligação Brasil da Esperança de abuso de poder econômico e dos meios de comunicação social no período pré-eleitoral, além de infrações às normas de arrecadação e gastos eleitorais. E chegará ao julgamento com relações estremecidas com quem já foi um de seus maiores aliados: o ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo), que é também pré-candidato a prefeito de Curitiba.

Nos últimos dias, Dallagnol postou sobre assuntos diversos em suas redes sociais. Aniversário de Curitiba, visita de Macron (presidente da França) ao Brasil, prisão de Chiquinho Brazão (acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco), ampliação do foro privilegiado, comentários sobre a Lava Jato e reflexões inspiradas na Páscoa são alguns exemplos. Até o momento, porém, não voltou a se manifestar sobre o caso Sergio Moro. E uma reportagem publicada hoje pelo jornal O Globo (em reportagem assinada por Luísa Marzullo) aponta que os ex-colegas de Lava Jato já não estão mais tão próximos, realmente.

Ambos entraram juntos na política partidária, em 2022, e chegaram até mesmo a formar uma bancada contra a corrupção no início de seus mandatos. Ainda em 2023, porém, Deltan acabou perdendo o mandato parlamentar, cassado pela Justiça Eleitoral por tentar fraudar a Lei de Inelegibilidades. E a reação de Moro ao caso, relata Marzullo, incomodou aliados de Dallagnol, que esperavam maior apoio (por exemplo, Moro não compareceu em atos a favor do colega em Curitiba, reduto eleitoral de ambos, embora Moro e sua esposa Rosângela, tenham acolhido parte da equipe de assessores do ex-parlamentar em seus gabinetes).

Já fora do mandato, Dallagnol intensificou o discurso de oposição ao governo federal, enquanto Moro permaneceu mais comedido e se envolveu numa polêmica após a indicação de Flávio Dino, ex-ministro da Justiça, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, o ex-deputado chegou a fazer um apelo para que Moro tornasse público o seu voto, o que nunca ocorreu (como a votação é secreta, até hoje não se sabe se o ex-juiz teria votado a favor da indicação de Lula. Moro e Dino, contudo, foram flagrados trocando afagos durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado).

Mais recentemente, conta ainda a reportagem de O Globo, novos episódios de tensão. Em fevereiro, numa universidade no Paraná, Deltan participava de um evento quando um convidado fez piada sobre Moro, dizendo que considerada o senador “frouxo”. O ex-deputado não segurou o riso, o que gerou desconforto após o ex-juiz saber da situação.

Já no início do mês, Rosângela Moro mudou o domicílio eleitoral, de São Paulo para Curitiba. A mudança abriu desconfianças sobre as possível intenção da parlamentar concorrer pela Prefeitura de Curitiba, um movimento que teria preocupado e desagradado aliados de Dallagnol.

Por fim, a reportagem destaca que interlocutores também fizeram a ressalva de que os dois nunca tiveram amizade fora do trabalho e que a relação entre ambos sempre foi de cunho profissional. Os dois personagens, por sua vez, não quiseram comentar a situação.