Mês tem as cores lilás, azul, branco, dourado e cinza para chamar a atenção para o aleitamento materno, o tabagismo, incêndios ambientais, saúde do homem e, principalmente, a violência doméstica no Estado
Entre janeiro e maio deste ano, mais de 90 mil boletins de ocorrência de violência contra a mulher e 30 mil de violência doméstica foram registrados no Paraná. Em Curitiba, os números de violência doméstica contra a mulher chegaram a 3.800 no mesmo período, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
- Agosto Branco: 28% das mortes por fumo passivo são de crianças
- Violência contra a mulher em alta: em 2023, Paraná registrou um caso a cada dois minutos
Em relação aos feminicídios, houve 69 mortes no primeiro semestre. Somados aos outros 99 casos de violência que não resultaram na morte das vítimas, o estado acumulou 168 ocorrências no período. Os dados são do Laboratório de Estudos de Feminicídios (Lesfem), da Universidade Estadual de Londrina.
Os dados preocupam e reforçam a importância de ações como a Semana Agosto Lilás, criada pela Lei Estadual 19.972/2019 e que inseriu no calendário oficial de eventos do Estado do Paraná, uma semana de agosto como o período dedicado à conscientização e combate à violência feminina.
Durante todo o período, órgãos públicos estaduais e municipais devem organizar campanhas de esclarecimento, ações de mobilização, palestras, debates, encontros e eventos que promovam o combate da violência contra a mulher e informações sobre a Lei Maria da Penha.
Outras cores
Agosto também é marcado por outras campanhas importantes. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) lançou ontem a campanha estadual Agosto Azul para a conscientização da população masculina da importância em manter hábitos de vida mais saudáveis. Com o tema “Prevenção de Doenças Crônicas e Tabagismo”.
No Paraná, do total de óbitos por doenças crônicas em 2023, na faixa etária de 20 a 59 anos, 55,7% foram de homens e 44,3% de mulheres. Neste ano, apesar de números ainda preliminares, do total de 4.351 mortes, 54,7% foram de homens. Dentre elas estão as doenças cardíacas, respiratórias, diabetes e doenças do aparelho circulatório.
Já na Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), que iniciou ontem, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça a importância da amamentação, assim como suas ações e o apoio a iniciativas em prol do aumento das taxas de aleitamento materno. Atuando o ano todo neste sentido com diversas estratégias, a pasta promoverá diversos eventos durante o mês, o Agosto Dourado, para chamar a atenção sobre o tema.
O Agosto Cinza, que existe no Paraná desde 2022, tem a finalidade de promover um mês dedicado à reflexão e à promoção de eventos sobre prevenção e combate aos incêndios.
Agosto Branco mira o tabagismo
Começou na quinta-feira a campanha Agosto Branco de conscientização para o câncer de pulmão. As estimativas de câncer de traqueia, brônquio e pulmão para o triênio de 2023 a 2025 são de 32.560 novos casos por ano, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde.
“A campanha é essencial para a gente fazer a conscientização sobre o câncer de pulmão, principais sinais e sintomas e, principalmente, sobre como preveni-lo. É uma doença extremamente prevenível”, afirmou o oncologista clínico do Inca, Luiz Henrique Araújo.
Segundo o médico, a maior parte desse tipo de câncer está associada ao hábito do tabaco. Na avaliação do oncologista, as campanhas antitabagismo são fundamentais para minimizar o risco de câncer de pulmão. Indicou que as pessoas que fumam devem procurar o médico, seja um clínico ou pneumologista, e discutir sobre as possibilidades de tratamento e de interrupção do tabagismo.
Para as pessoas que fumam e têm entre 55 e 70 anos de idade, hoje é recomendada uma tomografia anual de baixa dose do tórax, para detectar lesões em estágios muito precoces. “Isso tem reduzido bastante a mortalidade do câncer de pulmão”, alertou Luiz Henrique, em entrevista à Agência Brasil.
Considerado uma doença crônica, o tabagismo é responsável por várias enfermidades. Estudo conduzido por pesquisadores da Fundação do Câncer aponta que o tabagismo responde por 80% das mortes de câncer de pulmão, seja em homens ou mulheres. Ele também constatou que na Região Sul o hábito de fumar é intenso, sendo a região do país com maior índice de mortalidade entre homens por esta causa.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, levantamento mais recente do Ministério da Saúde, estima-se que 17,2% dos homens acima de 18 anos são fumantes no Paraná.
No próximo Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, a Fundação do Câncer está preparando campanha abordando os malefícios do cigarro eletrônico e divulgando nas mídias.
Este também é um dos alvos da campanha do Agosto Branco, já que o consumo vem crescendo entre os jovens.
Doenças: notificação compulsória
O Ministério da Saúde vai incluir uma série de doenças e agravos relacionados ao trabalho na lista nacional de notificação compulsória. A relação inclui câncer relacionado ao trabalho, pneumoconioses (doenças pulmonares relacionadas à inalação de poeiras em ambientes de trabalho), dermatoses ocupacionais, perda auditiva relacionada ao trabalho, transtornos mentais relacionados ao trabalho, lesões por esforço repetitivo (LER)/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho e distúrbios de voz relacionados ao trabalho.
A minuta da portaria que altera a Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública foi apresentada durante reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), em Brasília. De acordo com o texto, trata-se de “estratégia de vigilância universal, com periodicidade de notificação semanal e a partir da suspeição”. Até então, apenas acidentes de trabalho, acidentes com exposição a material biológico e intoxicação exógena relacionada ao trabalho integram o rol de notificação compulsória. A inclusão na lista significa que profissionais de saúde de serviços públicos e privados deverão comunicar obrigatoriamente os casos ao governo federal.