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Anselmo ajuda aluno autista na natação: desenvovimento (Luisa Mainardes)
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Anselmo e Felipe: o esporte como meio de interação e desenvolvimento pessoal da criança (Luisa Mainardes)

Que o esporte faz bem para todos, é fato. Mas, há algum tempo alguns profissionais passaram a aliar a prática esportiva ao tratamento terapêutico do autismo. Isso significa que neste tipo de ensino especializado, o aluno não só aprende o esporte como também desenvolve a si mesmo. Em Curitiba, a prática começou a crescer e já alcançou vários esportes. Dança, natação e artes marciais são algumas delas.

Anselmo Franco é professor de natação em Curitiba e ainda na faculdade de Educação Física, durante o estágio, teve contato com a educação especial. Ao longo de sua jornada, o professor passou a ser independente e começou a dar atendimentos particulares para seus alunos, como ele mesmo conta.

“Por encaminhamento de crianças, de clínicas, de terapeutas, assim, acabei desenvolvendo esse trabalho ao longo desses 18 anos. Eu atendo desde os pequenos, que tem alguma demanda sensorial, alguma demanda motora mesmo, e aí até o trabalho com adultos que chegam depois de adulto. Ah, descobriu o que tá dentro do espectro, não sabe nadar ou tem um medo de água específico, aí a gente acaba desenvolvendo esse tipo de trabalho voltado e personalizado”, explica o Anselmo.

Para o professor, a educação especializada ajuda os alunos não só no desenvolvimento do esporte, mas é algo que se leva para toda a vida. “Eu já tive muitas crianças com dificuldade de entrar em vestiários, em academias, ou frequentar lugares públicos, mas como eles gostam muito da atividade física, tudo se torna mais fácil, porque eles sabem que passando por aquilo eles vão chegar no lugar onde eles gostam, onde eles têm um prazer por participar da atividade”, conta.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição caracterizada pelo desenvolvimento atípico, déficits na comunicação e na interação social. Geralmente, o diagnóstico acontece entre os 2 ou 3 anos de idade e a prevalência é maior no sexo masculino, segundo a Secretaria de Saúde Pública do Paraná (Sesa-PR). Os esportes, nesseco. sentido, auxiliam no desenvolvimento de várias áreas que tiveram desenvolvimento atípico.

Em busca das habilidades dos alunos

Felippo Volpe é outro professor que trabalha com os esportes aliados ao tratamento terapêutico do autismo em Curitiba. Formado em Educação Física também, Felippo teve contato com alunos dentro do espectro em 2014 e foi ali que o interesse começou.

Estudando sobre análise do comportamento, o profissional começou a aplicar as técnicas com os alunos e logo obteve resultado com o maior engajamento deles. Hoje, o professor tem uma academia de educação adaptada e especializada. Os esportes oferecidos são: danças, artes marciais e educação física de forma geral.

“Eu sempre digo assim, o benefício é o mesmo benefício que qualquer pessoa teria. A diferença principal é que além dessas habilidades convencionais que o exercício físico processual vai proporcionar, a gente vai trabalhar também naquelas habilidades que o indivíduo realmente precisa. Seja física e motora, ou habilidade social, comunicativa, acadêmica, enfim, a gente tá apto a estar atuando em todas essas áreas do desenvolvimento também”, explica Felippo.

Geralmente, os alunos chegam às aulas ainda novos, que é quando os sintomas começam a aparecer. A partir do diagnóstico, ou dos déficits já observados na criança, os professores preparam as aulas para que, junto ao aluno, alcancem os objetivos traçados. Felippo, por exemplo, conta o caso de Francisco.

O menino começou as aulas de artes marciais ainda aos 3 anos, e quando chegou tinha muita dificuldade com a fala e outras habilidades. Hoje, Francisco está alfabetizado, se comunica bem e teve um grande desenvolvimento. Claro, tudo isso foi possível graças ao alinhamento com outras terapias e participação dos pais. Parece estranho que as artes marciais tenham auxiliado, mas a partir dos comandos das aulas, a criança começa a aprender por repetição e logo passa a se desenvolver.

Na natação, o professor Anselmo destaca o seu aluno Felipe, que já passa pelo atendimento há 11 anos. Antes, o menino tinha medo de água e não gostava de usar a touca de natação, mas hoje participa das aulas e se tornou um grande “peixinho”. “A mãe dele consegue viajar com ele para lugares onde tem piscina e ele curtir, então acho que são coisas que a gente vê que marcam, porque há uma qualidade de vida dessas famílias melhorando ao longo desse tempo”, conta o professor.

Números: o autismo no Brasil

No Brasil, estima-se que haja cerca de 6 milhões de pessoas vivendo no espectro autista. No entanto, a pesquisa é uma estimativa de um relatório do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), do governo dos Estados Unidos. O estudo compreende uma prevalência da doença, independente do local, de 1 criança a cada 36 vivendo no espectro autista. Por isso, a partir de uma conta matemática, o Brasil teria cerca de 6 milhões de pessoas nessa condição.

É importante ressaltar que o autismo não é condição com alguma “cura”. Na hora de buscar tratamentos e auxiliadores, é importante ter cuidado com as propagandas mentirosas que prometem “tratamentos milagrosos”. Pessoas que vivem dentro do espectro do autismo podem ter uma boa qualidade de vida com bom acompanhamento e auxílio terapêutico.

Serviço
A academia Volpe Team atende desde crianças até adultos e fica na rua R. Edmundo Saporski, 272 – Mercês. No instagram, é possível encontrar o contato deles.

O professor Anselmo atende de forma particular e é possível entrar em contato com ele a partir deste link.

*Lívia Berbel, sob supervisão de Mario Akira