CASA BELEM
Liley Donini, idealizadora da Casa Belém: espaço colaborativo e em contato com a natureza (Foto: Franklin de Freitas)

Ao lado do Rio Belém e quase em frente ao Bosque do Papa João Paulo II, no Centro Cívico de Curitiba, foi criado um espaço diferente, que chama a atenção por sua beleza e pela energia que emana. É a Casa Belém Criações, fundada em abril de 2022 com a ideia de propiciar a colaboração entre pequenos empreendedores, auxiliando aqueles que precisam de um espaço de trabalho em um lugar não só bem localizado, mas também em contato com a natureza.

Atualmente, cinco empreendimentos fixos estão na Casa Belém: a Pinhão Camisetas (que oferece produtos que exaltam o paranismo); o Espaço Terapêutico Francieli Jarbas (com massoterapia e práticas integrativas complementares); o Ateliê Tauá (de cerâmica); o Espaço Flor.E.Ser, de psicologia e acolhimento; e o escritório da Metra Arquitetura. Além disso, também é possível fazer a locação de espaços da exuberante casa para trabalho e a realização de eventos.

“A ideia da casa é ter espaços colaborativos de serviço, com valores abaixo do mercado, e também a gente tem um condomínio que é plural, é coletivo mesmo, todo mundo colabora. Então a gente divide todas as custas da casa e tem um valor de aluguel, mas é um valor bem abaixo do mercado, porque a ideia da casa é colaborar e ajudar os pequenos, auxiliar as pessoas a terem um espaço de trabalho que seja salubre e que seja viável, num lugar bom e tendo contato com a natureza”, afirma Liley Donini, idealizadora da Casa Belém.

Por 10 anos, inclusive, ela comandou uma camisetaria no Centro de Curitiba chamada Quase Famosos, que trabalhava com estampas de rock, filmes e desenhos. No entanto, vinha sentindo a necessidade de ter mais contato com a natureza e de se conectar com suas raízes paranistas. E quando veio a pandemia, pintou a oportunidade de adquirir o imóvel onde está a Casa Belém, o qual ela vinha namorando há algum tempo.

“Eu sempre tive esse desejo [de ir para um espaço mais integrado com a natureza] e, com a pandemia, acabou pintando uma oportunidade. As pessoas que residiam aqui já estavam vendendo o imóvel, mas com a crise sanitária acabou aumentando o interesse em vender a casa. Foi quando as coisas acabaram dando super certo, alinhamos as coisas e logo depois, em meados de 2022, a gente consolidou a Casa Belém”, explica a empreendedora. “A ideia era ter pessoas próximas, pequenos empresários reunidos, para estarmos todos juntos, somando e fazendo esse ambiente”, destaca ela.

Camisetas com a cara do Paraná estão na Casa Belém

Depois de se desfazer da Quase Famosos (loja que segue ativa, com uma nova administração), Liley resolveu fundar a Pinhão Camisetas. A ideia da marca é focar na cultura, história e símbolos do Paraná, oferecendo produtos que exaltam o paranismo. Hoje, já são quase 20 estampas, com parcerias diversas.

“A primeira peça que fizemos foi em homenagem ao João Lopes, que é o ‘Bicho do Paraná. Ele chegou a usar a camiseta, inclusive, era um cara incrível. Fizemos também camiseta de uma banda de punk rock chamada Pelebrói Não Sei?, que é uma banda bem legal aqui de Curitiba. Também estamos fazendo camisetas pro festival que vai ter em homenagem ao Paulo Leminski e temos produtos com elementos da nossa cultura, como a mandala paranista, a própria araucária, a gralha azul, o próprio pinhão e a capivara, que caiu nas graças do povo e virou um símbolo da cidade”, explica a empreendedora.

O interior do Paraná, aliás, não ficou de fora das homenagens. “Tem uma estampa nossa que é a Sou Pé Vermelho, que traz um mapa do Paraná antigo com um pé impresso vermelho em cima. A gente tenta fazer uma miscelânea de várias referências históricas, culturais, coisas do nosso cotidiano”, comenta ainda Liley.

Na frente da casa, há ainda uma sala híbrida, que é alugada por turno. Perto dali, fica a sala da Metra Arquitetura, escritório comandado por Eduardo Petry e Marlon Littig.

Um espaço terapêutico e com serviços terapêuticos

Num terreno envolto pela natureza, a Casa Belém acabou se tornando também um espaço terapêutico. Desde dezembro, por exemplo, a massoterapeuta Fran Jarbas atende no local, trabalhando com onze técnicas de massagens, que vão desde massagem clássicas até massagens energéticas e bioenergéticas. “Aqui é um espaço de reconexão. As pessoas entram aqui e tem a sensação de aconchego”, comenta a profissional, que atende perfis variados, lidando com pessoas que sofrem com dores físicas por conta do estresse ou da rotina de trabalho e também oferecendo tratamento terapêutico.

“Uma das técnicas que eu trabalho aqui se chama liberação muscular somática, que é a liberação de dores físicas emocionais. São aquelas dores que ficam recorrentes no nosso corpo, que a gente trata com medicamento, com fisioterapia, com outras técnicas mais tradicionais, e aquela dor sempre volta. Então a gente vai trabalhar a técnica buscando qual é a origem dessa dor. Por que o teu corpo grita pedindo pra você olhar pra essa região do corpo? Quando a gente vai buscar, descobre que é uma emoção que estava guardada ali. E aí a gente estimula a pessoa pra ela externar essa emoção”, explica a massoterapeuta.

O Ateliê Tauá, por sua vez, oferece aulas de cerâmica, atendendo desde crianças até idosos. “O pessoal vem pra cá para fugir do estresse. É um momento da pessoa se desligar, desestressar, fazer uma coisa diferente do que fariam no trabalho ou em casa. E depois ainda levam a produção deles para usar como decoração”, comenta o professor Tiago Ferrari, ele próprio que foi para o mundo da cerâmica por recomendação médica. “Fui diagnosticado com TAG, que é Transtorno de Ansiedade Generalizada. Daí entrei no Museu Alfredo Andersen, já conheci a Flávia [Ozik, outra professora do espaço] e começamos a desenvolver projetos, fomos nos aprimorando e conhecendo mais e mais”, afirma.