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A Guarda Municipal de Curitiba: Segurança Pública na pauta dos candidatos a prefeito (Foto: Luiz Costa/SMCS/arquivo)

A cada dia, 405 crimes são registrados em Curitiba, em média. Para se ter uma dimensão do que isso representa, é como se a cada três minutos e meio alguém virasse uma vítima na cidade. É o que revelam dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), os quais apontam que em 2024, entre os meses de janeiro e julho, um total de 85.752 ocorrências foram registradas na Capital. O levantamento inclui crimes contra a administração pública, crimes contra a dignidade sexual, crimes contra a pessoa (inclusive homicídios) e crimes contra o patrimônio.

O principal problema na cidade são os crimes contra o patrimônio, o que inclui situações como furto, roubo, extorsão, usurpação (de coisa imóvel alheia), dano (“destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”), apropriação indébita, estelionato e outras fraudes. São 58.126 registros do tipo, o equivalente a 67,8% dos crimes registrados em toda a cidade.

Na sequência, aparecem as ocorrências de crimes contra a pessoa, com 25.296 casos (28,3% do total). Nessa categoria estão situações como lesão corporal, violência doméstica, rixa, calúnia, difamação, injúria, ameaça, sequestro, cárcere privado, tráfico de pessoas, crimes violentos letais intencionais (homicídios) e outros.

Finalmente, temos ainda os crimes contra a administração pública (peculato, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa, abandono de função e outros tipos penais), com 2.380 ocorrências, e os crimes contra a dignidade sexual (estupro, estupro de vulnerável, assédio, importunação, registro não autorizado da intimidade sexual e outros), com 950.

Para fazer frente a esse cenário, as principais forças de segurança com que a população conta são as polícias Militar e Civil, ambas subordinadas ao Governo do Estado. O senso comum, então, poderia dizer que esse é um problema para os governadores enfrentarem. Mas isso não é verdade.

Em Curitiba, por exemplo, a violência/segurança pública é apontada como o principal problema da cidade, conforme pesquisa da Agenda Pública. Citada por 26,6% dos entrevistados, fica consideravelmente a frente de questões como desemprego (13,6%), saúde (9,7%), corrupção (9,1%) e mudanças climáticas (8,4%).

Inevitavelmente, então, o tema acaba aparecendo na pauta eleitoral. E neste ano, há ainda um ingrediente a mais no debate: tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que transforma as atuais guardas municipais em polícias municipais, incorporando-as ao rol dos órgãos da segurança pública.

Afinal, então, o que os candidatos a prefeito de Curitiba pretendem fazer para ajudar a melhorar a Segurança Pública da cidade? Eis o que veremos a seguir.

Veja as outras reportagens da série que já saíram:

Confira as respostas de cada candidato a prefeito de Curitiba

Pergunta apresentada aos candidatos:

Nos sete primeiros meses de 2024, uma média de um crime foi registrado em Curitiba a cada três minutos e meio, sendo que dois terços dessas ocorrências são crimes patrimoniais (como furtos e roubos). Como lidar com a criminalidade em Curitiba?

Samuel de Mattos (PSTU)

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Samuel de Mattos defende “uma polícia que se imponha pelo respeito da sociedade e não pelo uso da força” (Foto: Franklin de Freitas)

“A violência urbana é um problema gravíssimo, em particular nos bairros pobres das grandes cidades. O povo pobre sofre uma tripla ameaça: das gangues do narcotráfico, das milícias e da polícia. A base de toda violência são as contradições desta sociedade. Vivemos em uma sociedade capitalista, em um país subordinado aos centros imperialistas, que se caracteriza, entre outras coisas, pelo aprofundamento da desigualdade e da injustiça nas relações sociais, onde uma parcela cada vez maior da população está condenada a condições de vida cada vez mais intoleráveis. Na sociedade em que vivemos, o exercício dessa violência a serviço de manter a dominação da classe capitalista sobre todo o povo cabe às forças policiais, especialmente às polícias militares e, em última instância, às Forças Armadas. E em algumas cidades a guarda municipal também tem cumprido este papel, como aqui em Curitiba. A Guarda Municipal, que em teoria zela pelo patrimônio público da cidade, faz papel de reprimir o povo pobre e periférico da cidade, como o jovem Caio José Ferreira de Souza Lemes, 17 anos, baleado na cabeça pela Guarda Municipal no bairro CIC. Precisamos de uma polícia que se imponha pelo respeito da sociedade e não pelo uso da força. É necessário que a GM seja desarmada e que sejam utilizadas câmeras corporais para assegurar que seu papel de zelar pelo patrimônio público seja cumprido. E a segurança deve ser realizada por uma polícia dos bairros, que seja subordinada e organizada pela comunidade.”

Roberto Requião (Mobiliza)

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Roberto Requião: combinação entre câmeras de vigilância e ação policial estratégica (Foto: Franklin de Freitas)

“Para lidar com a criminalidade em Curitiba, proponho uma abordagem abrangente e eficaz. Como prefeito, criei a guarda municipal, que hoje tem potencial para se transformar em uma polícia municipal. Essa possibilidade está sendo discutida no Congresso Nacional e pode ser uma solução viável para nossa cidade. Além disso, pretendo implementar um sistema integrado de segurança, combinando câmeras de vigilância com ação policial estratégica. Meu foco será no treinamento e preparação adequados das forças policiais, assim como fiz com a polícia militar quando fui governador. Implementarei incentivos salariais para policiais com formação universitária, visando elevar o nível de qualificação. Utilizaremos tecnologia de ponta, com um plano informatizado para mapear as ocorrências de delitos, permitindo uma alocação mais eficiente dos recursos policiais. Esta estratégia já se provou eficaz durante minha gestão no governo do Estado, e estou confiante de que trará resultados significativos para Curitiba.”

Professora Andrea Caldas (PSOL)

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Professora Andrea Caldas: fortalecimento e transformação da GM numa força de polícia comunitária (Foto: Franklin de Freitas)

“O programa de governo da Professora Andrea Caldas vê a segurança pública como um direito social essencial e propõe uma abordagem inovadora para enfrentar o aumento da criminalidade. Em vez de apenas reforçar a repressão, defendemos uma mudança estrutural com foco na prevenção e na proximidade com a comunidade.

Vamos assumir o compromisso com o fortalecimento da Guarda Municipal, transformando-a em uma força de polícia comunitária que atua próxima da população, garantindo a segurança de maneira mais humanizada e preventiva. Isso inclui investir na formação contínua dos profissionais e melhorar suas condições de trabalho, com concursos públicos e um plano de carreira sólido.

A criação de uma nova polícia municipal, em discussão no Congresso, será um passo importante nessa direção, e queremos integrá-la com as forças policiais existentes para uma atuação mais coordenada. Vamos também usar tecnologia avançada, como câmeras de monitoramento, para fortalecer a segurança em toda a cidade.

Além disso, pretendemos ampliar a participação popular na segurança pública com a criação do Conselho Municipal e da Secretaria de Defesa Social, que abrigará a Guarda Municipal. Essas medidas garantirão mais transparência e envolvimento da comunidade na formulação das políticas de segurança.

Com essa abordagem, buscamos não só combater a criminalidade, mas também construir uma cidade mais segura e inclusiva para todos.”

Ney Leprevost (União)

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Ney Leprevost: transformação da Guarda em Polícia Municipal e investimento em inteligência (Foto: Franklin de Freitas)

“A transformação da Guarda Municipal em Polícia da Cidade é um dos pilares do nosso plano de governo para a área de segurança. Ela está amparada em decisões recentes do Supremo Tribunal Federal e na Constituição. Para combater a criminalidade em Curitiba, nosso programa prevê ainda contratar mais policiais, capacitá-los e equipá-los.

Investiremos em mecanismos de inteligência que evitem o crime antes dele acontecer, usando ciência, tecnologia e inovação digital. Vamos implantar módulos fixos em todas as regionais e módulos móveis para agilizar o atendimento das ocorrências nos 75 bairros.

A reestruturação da segurança pública começará pela valorização dos profissionais. Não farão mais parte do cotidiano dos agentes viaturas paradas por falta de manutenção. A proteção do patrimônio público caberá à segurança patrimonial, enquanto a Polícia da Cidade, em cooperação com outras forças de segurança pública, atuará em defesa dos cidadãos e dos comerciantes que hoje temem a escalada de furtos e roubos, tanto nos bairros centrais quanto nos mais periféricos.

No transporte coletivo, vamos implantar o reconhecimento facial dos passageiros e criar o batalhão Anjos do Transporte, com centenas de policiais à paisana para garantir a segurança nos ônibus.”

Maria Victoria (PP)

DEBATE DOS CANDIDATOS A  PREFEITURA DE CURITIBA
DEBATE NA BAND
Maria Victoria: reforço do efetivo da Guarda Municipal e rondas ostensivas com viaturas blindadas (Foto: Franklin de Freitas)

“Combate à criminalidade se faz com mais polícia na rua. Vou ampliar a Guarda Municipal, contratando profissionais para completar os 2.999 guardas previstos na lei, hoje o efetivo é de 1.400 guardas. Transformar a Guarda em Polícia Municipal, uma unidade valorizada e com um novo plano de cargos e carreira. Assim vamos evitar perder bons quadros para as polícias Civil e Militares.

Realizaremos rondas ostensivas nos bairros com viaturas blindadas e equipamentos novos. Fortaleceremos a parceria com a Polícia Militar e faremos a revitalização do Centro com infraestrutura e iluminação em led.

Ampliar as unidades da Patrulha Maria da Penha para coibir a violência contra as mulheres e vou criar a Patrulha da Criança Segura, com profissionais capacitados para atender e proteger as nossas crianças e adolescentes vítimas de violência.

Outra medida será o Ponto de Ônibus seguro com iluminação e monitoramento 24 horas dos pontos mais críticos. Também iremos usar imagens dos radares de trânsito integradas à Muralha Digital, para facilitar a investigação e combater crimes como roubos e seqüestros.”

Luizão Goulart (Solidariedade)

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Luizão Goulart: central de monitoramento em cada um dos bairros (Foto: Franklin de Freitas)

“Vamos implantar em Curitiba uma central de monitoramento em cada um dos bairros, de forma que a Guarda Municipal esteja atenta a tudo que acontece na cidade. Já tivemos uma ótima experiência com a muralha digital no município de Pinhais e queremos trazer essa experiência para Curitiba. Uma cidade 100% monitorada é mais segura para seus habitantes, Garantindo tranquilidade e controle sobre tudo que acontece na cidade. Eu defendo uma Guarda Municipal bem preparada, equipada e cidadã, mas com pulso firme contra a bandidagem.”

Luciano Ducci (PSB)

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Luciano Ducci: polícia municipal, com caráter comunitário e câmera nos uniformes (Foto: Franklin de Freitas)

“A segurança é uma das principais preocupações do curitibano e eu acredito muito na polícia municipal, com caráter comunitário. Com efetivo maior, equipamentos, câmera nos uniformes, treinamento e rondas nos bairros, no centro e no transporte coletivo. Com inteligência, integradas às demais forças de segurança pública, acredito que conseguiremos dar as respostas que a cidade espera.”

Felipe Bombardelli (PCO)

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Felipe Bombardelli: extinção das polícias, com a população exercendo sua própria segurança (Foto: Franklin de Freitas)

“Uma das principais reivindicações defendidas pelo PCO, juntamente com o coletivo de negros João Cândido, é a extinção completa de todo o aparato de repressão do Estado burguês, em especial as polícias.

As polícias federal, rodoviária, estadual e, agora, também as municipais são instrumentos claros de repressão da burguesia contra a população. Esses órgãos da burocracia estatal são o braço armado do Estado burguês contra o povo. Armadas até os dentes, essas forças invadem os bairros pobres e favelas do país, sob o pretexto de combater o tráfico ou o que chamam de “crime organizado”, aterrorizando a classe operária brasileira.

Nos bairros pobres, torturam, prendem e matam pessoas que nada têm a ver com o crime. O que alegam ser “confrontos” com bandidos, noticiados apenas quando deixam um rastro de assassinatos, são praticamente todos desmentidos por testemunhas. Há centenas de milhares de denúncias de que transeuntes e trabalhadores são alvos, à luz do dia, dos fuzis e metralhadoras desses cães de guarda do Estado.

É preciso colocar um fim à chacina perpetrada pela polícia. Contrariando a vontade da burguesia, a população deve exercer sua própria segurança. Cada vila, cada bairro, cada comunidade e cada local de trabalho, por meio do voto popular, deve escolher as pessoas que serão responsáveis por garantir a segurança da localidade ou da região. Isso deve ser controlado e organizado pelo próprio povo, através de comitês de autodefesa. O representante escolhido tem ligação direta com a população, conhece as pessoas do local, as identifica e toma decisões junto à comunidade.”

Eduardo Pimentel (PSD)

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Eduardo Pimentel: instalação de mais câmeras pela cidade e realização de concurso público para a Guarda Municipal (Foto: Franklin de Freitas)

Vamos fortalecer a parceria da Prefeitura com o Governo do Estado na Segurança Pública e descentralizar e ampliar a Muralha Digital para fortalecer a segurança pública de proximidade.

Implantaremos o programa de Policiamento Orientado pela Inteligência (POI). O policiamento inteligente já adotado por Curitiba, com a criação da Muralha Digital em 2021, avançará com a instalação de mais câmeras de vigilância priorizando as regiões de maior risco.

Vale lembrar que hoje Curitiba já conta com 2.000 câmeras, entre fixas, bodycams e câmeras veiculares usadas pela Guarda Municipal. Tudo está conectado ao Centro de Controle Operacional (CCO) da Muralha.

Além disso, o POI prevê que o trabalho da GM seja readequado para um modelo de ronda ostensiva e de proximidade com foco na segurança do cidadão.

Outra ação para a segurança será a implantação da Divisão de Proteção no Transporte Coletivo (PTC). Equipes da Ronda Ostensiva Municipal (ROMU) passam a atuar junto à Rede Integrada de Transporte (RIT) para evitar e coibir ocorrências de importunação sexual, bem como roubos e outros crimes no interior dos coletivos.

Também vamos criar o Grupo de Apoio ao Turismo e Eventos (Gate). Curitiba se consolidou como roteiro de Turismo de Negócios e de Lazer. Para reforçar essa vocação, a Secretaria Municipal da Defesa Social criará a Divisão de Atendimento ao Turista.

Ainda vamos realizar concurso público para a Guarda Municipal, para repor servidores que se aposentaram, e avançar na capacitação contínua.”

Cristina Graeml (PMB)

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Cristina Graeml: tolerância zero com vândalos, pixadores e depredadores de patrimônio público (Foto: Franklin de Freitas)

Os eleitores têm em mim uma aliada na busca por uma cidade mais segura. A gestão Cristina Graeml terá tolerância zero com vândalos, pixadores e depredadores de patrimônio público. Pretendemos abrir um canal de diálogo com as forças policiais do estado e o Judiciário.

Ampliaremos a atuação da Guarda Municipal de forma inteligente, com investimentos em tecnologia de forma a fortalecer a integração com as forças estaduais e federais. Vamos expandir a utilização de câmeras de monitoramento e softwares de análise de dados para identificar padrões criminosos e agir de forma preventiva.

Também vamos investir na valorização e treinamento da Guarda com formação continuada e modernização dos equipamentos. Além disso, implementaremos um programa de segurança nos bairros com foco em policiamento comunitário, visando a aumentar a sensação de segurança e a proximidade da guarda municipal com a população.

A prevenção social também será um pilar importante, com programas voltados à juventude em áreas vulneráveis, oferecendo alternativas saudáveis, como esportes, cultura e capacitação profissional.

Temos uma trilha do resgate de moradores de rua, com atendimento terapêutico e assistência religiosa, e um grande projeto para ressuscitar o centro da cidade, oferecendo descontos de IPTU para comerciantes e moradores de imóveis residenciais centrais, sem deixar de dar atenção ao comércio e à segurança dos bairros.

Na nossa gestão, Curitiba será um ambiente inóspito à criminalidade.”