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Candidatos a prefeito apresentam suas propostas para a Saúde de Curitiba (Foto: Arquivo Bem Paraná/Franklin de Freitas)

Um sistema de saúde criado com a ideia de ser universal, equânime e integral. Ou seja, todos teriam acesso ao serviço, de maneira igualitária (com a priorização dos casos mais graves, conforme protocolo) e com cobertura desde a prevenção até a assistência. Esse é o SUS (Sistema Único de Saúde), criado pela Constituição de 1988 e muitas vezes contestado por conta de seus problemas, de seus gargalos. Um sistema, no entanto, que se mostrou de fundamental importância num dos momentos mais críticos da história recente, como a pandemia de Covid-19.

Segundo dados oficiais da Prefeitura de Curitiba, mais de 50 mil atendimentos são feitos diariamente pelo SUS da Capital em unidades de saúde, hospitais e centros de atenção. Para dar conta dessa demanda, o município possui mais de 35 mil trabalhadores (sendo 26 mil da rede contratada e quase 10 mil funcionários da Prefeitura de Curitiba), que atuam em cerca de 320 espaços diferentes, sendo 109 unidades de saúde, porta de entrada do sistema.

Tudo isso, é claro, implica em um custo, que não é pequeno. Conforme a Constituição, o SUS é financiado com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Em última instância, contudo, quem irá pagar a conta é o contribuinte. Ou seja, a gente. E o custo supera os R$ 3 bilhões por ano.

Ainda assim, os problemas são notórios. Segundo dados do Portal da Transparência da Prefeitura de Curitiba, atualmente há 224.119 pacientes na fila da Saúde. Desse total, 67.572 aguardam por algum tipo de procedimento (como radiografias ou tomografias) e outros 156.547 usuários esperam por uma consulta.

Só na fila de consulta de oftalmologia geral, por exemplo, há 53.045 pacientes. Outros 15.154 esperam por uma agenda com um dermatologista, 12.521 precisam de um otorrinolaringologista e 10.372, um psicólogo. Além disso, há ainda 23.483 que estão na fila de procedimentos aguardando por uma ultrossonofragia de abdômen.

Mas afinal, como melhorar o atendimento em Saúde à população curitibana? Quais as propostas para reduzir as filas de consultas e procedimentos? É o que você verá a seguir, na sétima reportagem da série temática com os candidatos a prefeito de Curitiba.

Veja as outras reportagens da série que já saíram:

Confira as respostas de cada candidato a prefeito de Curitiba

Pergunta apresentada aos candidatos:

A cada dia, o Sistema Único de Saúde realiza mais de 53 mil atendimentos. São 35 mil trabalhadores atuando em 318 espaços diferentes, sendo 109 unidades de saúde (porta de entrada do sistema). Quais as principais iniciativas, as propostas que sua candidatura traz para a área? Quais os principais pontos do sistema de saúde a serem melhorados na próxima gestão e como fazê-lo?

Cristina Graeml (PMB)

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Cristina Graeml: parcerias público-privadas e investimento em tecnologia para melhorar o acesso da população à Saúde (Foto: Franklin de Freitas)

“Nossa proposta para a Saúde foca em eficiência, acesso e inovação. Sabemos que a longa espera por atendimento médico através do Sistema Único de Saúde (SUS) em Curitiba é a maior reclamação da população. Para garantir atendimento mais rápido e de qualidade pretendemos investir em modernização das 109 unidades de saúde, melhorando tanto em estrutura física quanto os recursos humanos. Acreditamos que, com equipes de saúde mais bem treinadas e com processos eficientes, poderemos reduzir as filas e, em pouco tempo, mudar para uma cultura de atendimento preventivo, o que reduz a demanda por internações hospitalares.

Outra proposta é a criação de parcerias público-privadas com clínicas para acelerar o acesso dos pacientes do SUS a exames e atendimentos com especialistas, que hoje são um grande gargalo no sistema. Isso permitirá que o cidadão tenha acesso mais rápido, desafogando o sistema público.

Além disso, nosso plano prevê a implementação de tecnologias inovadoras no atendimento à saúde, como sistemas de telemedicina para agilizar consultas e diminuir a necessidade de deslocamento, além de um sistema unificado de prontuário eletrônico, integrando todos os dados do paciente para que o tratamento seja mais assertivo e contínuo.

Entendemos também a necessidade de ampliar as equipes de saúde mental e incluir um programa de prevenção e educação em saúde para tratar de questões como diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas, incentivando o cuidado preventivo e diminuindo a sobrecarga nas emergências.”

Eduardo Pimentel (PSD)

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Eduardo Pimentel: construção de um novo hospital municipal, duas novas UPAs, seis novas unidades de Saúde, 2 CAPS e um Centro Municipal de Diagnóstico por Imagem (Foto: Franklin de Freitas)

“Vamos investir na construção de um 2º hospital municipal para a cidade, 2 novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 6 novas Unidades de Saúde, 2 novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), 1 Centro municipal de Diagnóstico por Imagem, além da ampliação dos atendimentos feitos pela Central Saúde Já, com videoconsultas para pacientes crônicos.

Assumo o compromisso de contratar mais profissionais de Saúde para atuar nesses novos equipamentos.

O novo Hospital do Bairro Novo será no Sitio Cercado, na Região Sul, que é mais que cresce em Curitiba.

Curitiba vai chegar a 11 Unidades de Pronto Atendimento, com as duas novas UPAs nas Regionais Matriz e Santa Felicidade.

Os curitibanos vão ter a abertura de 6 novas Unidades de Saúde, em comunidades estratégicas, como no CIC, Tatuquara e Caximba.

Também vamos implantar o Centro Municipal de Diagnóstico por Imagem, que permitirá agilizar consultas com especialistas e reduzir filas.

Ainda vou investir na ampliação dos cuidados especializados em Saúde Mental, com a abertura de 2 novos CAPS 24 horas.

Além disso, Curitiba terá um segundo Centro de Atenção ao Autismo, complementando o trabalho já realizado pelo Ambulatório Encantar, revitalizado e ampliado em 2019.

A Central Saúde Já, que se tornou uma nova porta de entrada aos atendimentos do SUS Curitibano, vai ganhar novos serviços, como o monitoramento remoto de pacientes em condições crônicas com uso de Inteligência Artificial (IA), aplicativos móveis e dispositivos para coleta de dados de saúde.”

Felipe Bombardelli (PCO)

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Felipe Bombardelli: estatização de todo o sistema de saúde e legalização do aborto como direito fundamental para a emancipação feminina (Foto: Franklin de Freitas)

“O Partido da Causa Operária (PCO) propõe uma série de medidas para reestruturar a saúde pública e garantir o acesso universal à saúde de qualidade. Entre as propostas estão: estatização de todo o sistema de saúde; oferta integral de serviços de saúde, abrangendo prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação em todas as áreas médicas; contratação e treinamento adequados de profissionais de saúde; expansão e modernização das instalações de saúde; estatização completa da produção e distribuição de medicamentos essenciais; promoção de pesquisas e desenvolvimento de medicamentos pelo setor público; implementação de programas abrangentes de prevenção e controle de doenças; investimento em infraestrutura e tecnologia; integração das políticas de saúde com políticas sociais; criação de conselhos populares de saúde, garantindo que a comunidade participe da gestão e avaliação do sistema de saúde; fortalecimento do SUS como o pilar fundamental da saúde pública no Brasil.

Em relação à saúde das mulheres, o PCO e o Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo defendem a legalização do aborto realizado pela rede pública de saúde, como um direito democrático fundamental para a emancipação feminina. Ao mesmo tempo, lutam pelo pleno atendimento e atenção às mulheres que optarem por ser mães, assegurando seus direitos e o apoio necessário, como licença-maternidade e direito à amamentação, além de acesso pleno à saúde para ela e para as crianças.”

Luciano Ducci (PSB)

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Luciano Ducci: retomada de “programas e protocolos que foram perdidos”, com foco na prevenção (Foto: Franklin de Freitas)

“A gente precisa retomar alguns programas e protocolos que foram perdidos. Voltar a trabalhar com a melhor vocação que o SUS tem que é a prevenção. É preciso reforçar novamente as equipes de agentes comunitários, impedir a privatização dos serviços básicos de saúde, promover soluções para acabar com as filas das especialidades. Uma pessoa não pode ficar anos esperando por um exame. Principalmente se for um idoso ou uma criança. Vamos também implantar o Hospital Pronto-Socorro Municipal para que a cidade tenha condições de dar conta das urgências e emergências sem que as pessoas precisem esperar por uma vaga de UTI dentro de uma ambulância ou no estacionamento dos hospitais. E vamos nos dedicar à saúde das mulheres. A maternidade do Bairro Novo será reformada e transformada no Hospital da Mulher.”

Luizão Goulart (Solidariedade)

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Luizão Goulart: contratação de mais profissionais de saúde e criação de um novo hospital na região norte de Curitiba (Foto: Franklin de Freitas)

“Curitiba tem a melhor estrutura de Saúde do Paraná, por isso também deve oferecer o melhor atendimento para população. O que acontece, na realidade, são filas intermináveis na saúde, especialmente para atendimentos especializados. Temos propostas para resolver essa situação, a começar pela contratação de mais profissionais, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes de combate a endemias, que por sua vez, trabalham diretamente na prevenção de endemias. Eu proponho a criação de um novo hospital na região norte da cidade, partido da retomada de um estudo que foi abandonado. Além disso a criação de novas UBS em pontos estratégicos da cidade para garantir o melhor atendimento para toda a população. As tecnologias tem avançado e por isso devemos considerar a telemedicina como uma solução prática para determinados casos. Com muito trabalho planejamento queremos zerar as filas na saúde em Curitiba.”

Maria Victoria (PP)

DEBATE DOS CANDIDATOS A  PREFEITURA DE CURITIBA
DEBATE NA BAND
Maria Victoria: promessa é de acabar com a fila de espera no sistema de saúde em menos de seis meses (Foto: Franklin de Freitas)

“Saúde não espera. A maior reclamação na área de Saúde é a fila de espera por consultas com especialistas. Conversei com pessoas que estão há 8 anos na fila. Vou acabar essa espera em menos de 180 dias por meio de parcerias com hospitais, clínicas e médicos particulares. E vamos resolver isso com um investimento de R$ 20 milhões ao estabelecer o pagamento de R$ 100 por consulta, o que é um valor acima do que muitos convênios pagam. O orçamento da Saúde é R$ 3 bilhões. O dinheiro existe e nós vamos fazer isso. Os meus 10 anos de vida pública serviram para reforçar essa certeza dentro do que considero uma gestão voltada para cuidar das pessoas.

Vamos construir novas Unidades de Saúde, contratar profissionais e tornar o sistema mais eficiente. Também vamos usar a tecnologia com a expansão da telemedicina e a instalação de cabines nas UPAs e UBSs para que os pacientes sejam atendidos remotamente solucionando de pronto necessidades de consultas com especialistas de menor complexidade. Adotaremos uma gestão proativa para acabar com os casos de ausência em consultas e exames. Hoje, cerca de 30% das pessoas não aparecem em agendas marcadas. Diminuir essa ausência também ajuda a diminuir as filas. Precisamos desburocratizar e informatizar os serviços públicos. Ainda mais em Curitiba que há anos é reconhecida mundialmente como a Cidade mais inteligente do mundo.”

Ney Leprevost (União)

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Ney Leprevost: Policlínicas nas dez regionais da cidade e contratação de mais médicos e profissionais de saúde, além da retomada de mutirões (Foto: Franklin de Freitas)

“A saúde é um dos “carros-chefe” de nosso plano de governo. Em uma cidade com um Orçamento anual de R$ 13 bilhões como Curitiba é inaceitável que tenhamos uma fila de espera de mais de 200 mil exames e consultas especializadas como acontece hoje.

Para resolver isso, vamos implantar Policlínicas em todas as dez regionais da cidade, começando pelo Bairro Novo/Sítio Cercado. Vamos contratar mais médicos e profissionais de saúde para reforçar as equipes das UPAs através do programa “Mais Especialistas”.

Também vamos retomar no curto prazo os mutirões da saúde, em parceria com hospitais, universidades e entidades da área. Nossa gestão passará a identificar as especificidades de cada hospital credenciado e selecionará para qual deles um determinado paciente será encaminhado, em tempo real. As consultas e exames terão dia e hora marcados com antecedência através de um aplicativo, evitando que a pessoa tenha que ficar esperando por horas, como acontece hoje.

No médio e longo prazo, vamos promover novas contratações de psicólogos, psiquiatras, geriatras, pediatras, oftalmologistas e dermatologistas que permitirão a rápida diminuição da lista de espera.

Nosso plano de governo prevê ainda a implantação de uma unidade do Pronto Atendimento Infantil (PAI) em cada uma das dez regionais, com pediatras e outros profissionais especializados no atendimento dos “curitibinhas”. Com o PAI, todas as mães de Curitiba ficarão tranquilas e seguras em relação à saúde das suas crianças.”

Professora Andrea Caldas (PSOL)

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Professora Andrea Caldas: foco na prevenção, transformando todas as unidades de saúde do município em Estratégia Saúde da Família (Foto: Franklin de Freitas)

“As unidades de saúde são a porta de entrada do SUS. Hoje das 109 unidades de saúde do municipio, apenas 53 são unidades de saúde ESF. Queremos ampliar esse número, com o objetivo de que 100% das unidades sejam Estratégia Saúde da Familia. Trabalhar com a prevenção é mais barato e mais efetivo. Precisamos reforçar as equipes que trabalham com controle de diabetes, hipertensão e saúde mental. Equipes que atuam no controle e combate à dengue. No contexto atual, pós pandemia, onde existe uma grande demanda por atendimento de saúde, se faz necessário uma reestruturação do Sistema Único no município. É necessário abrir concurso público para recompor e para expandir o atendimento. Existe uma carência muito grande de médicos especialistas, o que faz com que a fila por uma consulta com oftalmologista, por exemplo, seja de 9 meses. Precisamos expandir o serviço de Urgência e Emergência, para acabar com as longas esperas e filas nas UPAs. Nossa gestão vai reabrir a UPA da Matriz. A fila por leitos hospitalares também é um dos gargalos do sistema. Nós vamos aumentar o número de leitos hospitalares e leitos de UTI no município é uma alternativa imediata, nesse sentido, é firmar um contrato de gestão com o Hospital Vitória, com atendimento 100% SUS.”

Roberto Requião (Mobiliza)

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Roberto Requião: regionalização de hospitais e redução da privatização de postos de saúde, com contratação de mais profissionais (Foto: Franklin de Freitas)

“Minhas principais propostas para a área da saúde incluem a regionalização de hospitais, que permitirá um atendimento mais próximo e eficiente para a população. Também pretendo focar na profissionalização dos postos de saúde, garantindo um serviço de qualidade e mais especializado.

Um ponto crucial da minha proposta é a redução drástica da privatização dos postos de saúde. Acredito que o sistema público deve ser fortalecido, não terceirizado. Para isso, planejo a contratação de médicos especialistas e a criação de uma carreira sólida para a medicina pública, reduzindo assim a dependência de terceirizações.

Os principais pontos a serem melhorados na próxima gestão incluem a distribuição mais equitativa das UPAs, especialmente nos bairros mais pobres, onde o acesso à saúde é mais precário. Além disso, pretendo aumentar a capacidade de encaminhamento de pacientes das UPAs para os hospitais, que atualmente é muito baixa.

Para implementar essas melhorias, vou investir na contratação e retenção de profissionais qualificados, especialmente médicos experientes e especialistas. Isso evitará a atual situação onde grupos econômicos contratam médicos iniciantes e sem experiência para reduzir custos. Acredito que essas medidas fortalecerão significativamente nosso sistema de saúde, tornando-o mais eficiente e acessível para todos os cidadãos.”

Samuel de Mattos (PSTU)

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Samuel de Mattos: sistema de saúde público exclusivamente estatal e gratuito, com investimento na Estratégia Saúde da Família (Foto: Franklin de Freitas)

“O nível de sucateamento pode ser observado por um levantamento feito pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (SISMUC): existem no município 1.719 vagas definidas por lei para médicos; no entanto, temos apenas 652. Isso é menos do que 38% das vagas exigidas por lei. Já a falta de especialistas gera um tempo de espera para atendimento absurdo. A oftalmologia é a especialidade que tem maior tempo de espera, chegando a até 9 meses, sem falar na falta de equipamento para atendimento em ambulatórios.

Diante dessa situação, a saída da prefeitura é o avanço da terceirização. A FEAS terceirizada da prefeitura quarteiriza a prestação de serviço com outra empresa, que vai prestar o mesmo serviço oferecido, porém com um valor de praticamente o dobro da hora de um concursado. Defendemos o acesso universal e de qualidade à saúde e exigimos um sistema de saúde público, exclusivamente estatal, sob controle dos trabalhadores, gratuito e de qualidade para todos.

Também propomos um investimento pesado da Estratégia Saúde da Família (ESF), que teve 26% das equipes de suas equipes cortadas do serviço de saúde pública de Curitiba. A ESF é capaz de resolver cerca de 85% dos problemas de saúde da população, desde a prevenção de doenças até o acompanhamento do tratamento. Pode inclusive ajudar a detectar casos de violência, abuso sexual, abuso financeiro contra idosos. Por isso, defendemos a ampliação da ESF para uma cobertura de 100% da população.”