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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2050, mais de 131,5 milhões de pessoas serão afetadas pela doença de Alzheimer. Esta projeção sublinha a urgência de ampliar o entendimento científico e social sobre o problema, cuja natureza progressiva e devastadora requer cuidados contínuos e novas abordagens terapêuticas.

Segundo Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em Neurociências, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos e da Royal Society of Biology no Reino Unido, o Alzheimer é “uma doença neurodegenerativa progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de proteínas no cérebro, principalmente placas beta-amiloides e emaranhados neurofibrilares de tau, que levam à perda de sinapses, morte neuronal e atrofia cerebral, resultando em declínio cognitivo, perda de memória e alterações comportamentais.”

Este entendimento científico é reforçado por dados recentes. Mais de 95% dos indivíduos com mais de 65 anos, que possuem duas cópias do haplótipo APOE ε4, um conhecido fator de risco genético, já apresentam marcadores biológicos precoces relacionados ao Alzheimer. Esses biomarcadores, detectáveis antes mesmo do aparecimento dos sintomas clínicos, podem se tornar a chave para intervenções preventivas.

A genética desempenha um papel central no desenvolvimento do Alzheimer, como ressaltado por um novo modelo de risco poligênico, desenvolvido pelo GIP – Genetic Intelligence Project, que combina variantes genéticas com informações fenotípicas, como idade, sexo, tabagismo, diabetes e colesterol.

O modelo similar desenvolvido pela empresa ADNTRO será apresentado no primeiro congresso da Sociedade Espanhola de Bioinformática e Biologia Computacional, trazendo promessas de uma previsão mais precisa do risco de desenvolvimento da doença.

Agrela acrescenta: “Embora a predisposição genética seja um componente importante, fatores de estilo de vida, como alimentação, exercício físico e estímulo cognitivo, também têm sido reconhecidos como influentes no curso da doença.”

O avanço da pesquisa genética e a conscientização pública são passos cruciais no enfrentamento do Alzheimer. A data de hoje nos lembra que o conhecimento é poder, e entender o impacto dessa doença e suas causas pode ajudar a desenvolver estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento.

Avanços e desafios futuros

Enquanto a ciência avança com novos modelos preditivos e terapias experimentais, ainda não há uma cura definitiva para o Alzheimer. A compreensão do papel das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro tem sido um foco de investigação, levando ao desenvolvimento de tratamentos que visam atrasar a progressão da doença. No entanto, muito trabalho ainda é necessário para traduzir essas descobertas em soluções práticas para os milhões de pessoas afetadas ao redor do mundo.