A Marcha da Maconha promete invadir o Centro de Curitiba no próximo domingo (29 de setembro). A concentração de manifestantes será na Boca Maldita, a partir das 14h20, e a Marcha terá início às 16h20, com destino à Praça 19 de Dezembro.
De acordo com a organização do evento, no ano passado cerca de 10 mil pessoas tomaram as ruas da Capital. Para este ano, porém, a expectativa é de uma adesão ainda maior, após a histórica decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de descriminalizar o porte para uso pessoal. Ao mesmo tempo, também vem aumentando em diversos países a regulamentação do uso medicinal e social/adulto 9antes chamado de recreativo) da erva.
Neste ano, porém, a Marcha da Maconha traz o tema “Não é só pela Maconha” para a pauta. O lema chama atenção também para questões mais profundas: as desigualdades sociais e a violência sistêmica agravadas pela política de drogas no Brasil, com ênfase para o genocídio da juventude negra.
Dados da Unicef e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que adolescentes negros têm 4,4 vezes mais chances de serem mortos do que adolescentes brancos, evidenciando a necessidade urgente de uma mudança estrutural.
Outras bandeiras também levantadas pelo movimento são:
- A superação da crise climática: A Marcha chama atenção para a necessidade urgente de ações que enfrentem as mudanças climáticas e seus impactos devastadores, principalmente para as populações mais vulneráveis. A crise ambiental está interligada com a exploração de terras e com a exclusão de pessoas, principalmente periféricas
- Vida e dignidade das mulheres: A luta pela legalização da maconha também é uma luta pela autonomia das mulheres. A Marcha reforça a importância de garantir direitos reprodutivos, de enfrentar a violência de gênero e de promover a igualdade em todos os âmbitos da sociedade.
- Liberdade da planta e de todos os corpos: A Marcha defende a liberdade não apenas da planta, mas também dos corpos marginalizados e criminalizados pela política de drogas. O movimento social busca desmantelar as estruturas de repressão e controle dos corpos, que afetam desproporcionalmente a população negra e periférica.
- Farmácias Vivas: A Marcha também apoia a implantação do programa “Farmácias Vivas”, previsto na política do SUS e na política nacional de fitoterápicos, que educa, instala cultivos comunitários e promove o uso racional de plantas medicinais no tratamento de diversas condições de saúde. A maconha é uma dessas plantas, e o movimento acredita no acesso ampliado à medicina natural e popular.
Para os manifestantes, os danos causados pela proibição das drogas superam os efeitos das próprias substâncias. A criminalização tem aprofundado desigualdades e incentivado o encarceramento em massa das populações mais vulnerabilizadas.
Com 18 anos de história em Curitiba, a Marcha da Maconha envolve uma ampla diversidade de coletivos, associações e grupos, de ativistas a mães e familiares de pacientes que fazem uso de maconha para fins terapêuticos. Esse amplo espectro de participação reforça a ideia de que a luta pela legalização é uma luta por dignidade, saúde e justiça social. A Marcha acolhe todos os setores da sociedade, e a participação no movimento é aberta a qualquer pessoa – não é necessário ser usuário para apoiar a causa.
SERVIÇO
Marcha da Maconha Curitiba, 2024
Saída: Boca Maldita (Rua XV de Novembro, próximo à Praça Osório)
Data: 29/09/2024
Horário: Concentração às 14h20, saída às 16h20