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O jornalista, escritor e político Sebastião Nery morreu na madrugada desta segunda-feira, 23, aos 92 anos. Morador do Rio de Janeiro, Nery estava internado havia quatro meses com a saúde debilitada, e o falecimento ocorreu por causas naturais. O velório ocorre nesta terça-feira, 24, no Cerimonial do Carmo, na zona portuária do Rio, onde haverá a cremação.

Nascido em 8 de março de 1932 em Jaguaquara (BA), Sebastião Nery foi eleito pela primeira vez em 1963, quando ocupou o cargo de deputado estadual pela Bahia. Um ano depois, em 1964, foi cassado e preso pelo ditadura militar, que também lhe tirou os direitos políticos.

Mesmo sem mandato, não se afastou da política. Em 1979, se aliou a Leonel Brizola na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), uma dissidência do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com mais de 100 mil votos, em 1982, se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro. Em 1985, saiu da legenda após se desentender com Brizola.

Foi um dos articuladores das eleições diretas no País. Defendia que o mandato do último presidente militar, João Figueiredo, fosse estendido e que, em 1986, ocorresse uma constituinte. Com o fracasso da iniciativa, apoiou a eleição de Tancredo Neves. Se filiou ao MDB e concorreu a vice-prefeito do Rio de Janeiro em 1985, mas foi derrotado por candidatos do PDT.

Como jornalista e escritor, falava de política com certo bom humor. Em 1979, montou, com o humorista Jô Soares, a peça “Brasil – Da censura à abertura”. O roteiro da apresentação se baseava na sua série de livros “Folclore Político”, que reunia causos cômicos e surpreendentes da política brasileira que Nery publicava em suas colunas de jornal. Ao todo, são 1.950 histórias.

O jornalista Octavio Guedes fez um relato sobre a obra e a pessoa de Nery como influências de sua carreira. “O jornalista fez parte da minha infância com suas histórias engraçadas e inusitadas do mundo político”, escreveu no Instagram.

Nery também escreveu livros que analisaram a política brasileira como “Ninguém me contou, eu vi: de Getúlio a Dilma” (Geração) e “A História da Vitória: Porque Collor Ganhou” (Dom Quixote). Na imprensa tradicional, assinou colunas em jornais do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia, participou do jornalismo da TV Globo e teve uma coluna na Rádio Bandeirantes.

A Assembleia Legislativa da Bahia decretou luto oficial de três dias pelo falecimento do ex-deputado. Viúvo, Nery deixa três filhos: Jacques, Sebastião Junior e Ana Rita.