terapia de casal
Terapia de casal ainda tem tabus (Freepik)

Com as demandas do dia a dia, a harmonia entre os casais se desgasta, abrindo espaço para pensamentos sobre o fim da relação ou até traições. Como lidar com esse problema? Izabella Melo, professora de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), ressalta os benefícios da terapia de casal e a descreve como ferramenta poderosa para promover o bem-estar conjugal e familiar.

A terapia de casal, assim como qualquer processo terapêutico, busca aumentar o bem-estar das pessoas envolvidas e lidar clinicamente com as situações que geram sofrimento.

“A proposta é manejar a relação das pessoas com o que causa mal-estar”, explica Izabella. A especialista destaca que, em muitos casos, não se resolve o problema por completo, como em questões financeiras, mas é possível aprender a gerenciar a situação e a relação com o problema.

“No contexto terapêutico, o ‘paciente’ é o sistema, não apenas um indivíduo”, diferencia Izabella, ressaltando que a dinâmica entre os membros do casal ou da família é o foco da análise.

Ainda que os sinais de que um casal precisa da terapia sejam subjetivos e variem conforme cada história, podem envolver dificuldades de comunicação, quando os parceiros têm problemas para se expressar ou para compreender as necessidades e sentimentos do outro.

“Infelizmente, ainda existe muito estigma em procurar terapia, especialmente a de casal. Muitos só recorrem ao processo depois de tentarem alternativas, como conselhos familiares, aconselhamento religioso ou cursos para casais”, observa a professora.

Entre as abordagens mais comuns para esse tipo de terapia, a docente do CEUB destaca a sistêmica, principalmente pela sua aplicabilidade em contextos familiares. “A abordagem sistêmica oferece uma visão integrada e dinâmica das relações, observando como os casais interagem e quais aspectos dessas interações causam bem-estar ou mal-estar”, explica. Podendo, ainda, ser integrada a outras abordagens, como a terapia cognitivo-comportamental e o psicodrama.

“Com a participação ativa e a colaboração entre terapeuta e casal, é possível construir novos caminhos para o entendimento e a convivência harmoniosa”, destaca.

Terapeuta: arquiteto da conversação na terapia de casal

Melo descreve o papel do profissional que trata o casal como um “arquiteto da conversação”, facilitando a comunicação entre os membros do casal ou da família. Para Izabella, o terapeuta deve oferecer condições para que as pessoas se comuniquem entre si, promovendo um ambiente de reflexão e diálogo. “O terapeuta deve manter uma postura colaborativa, fazendo uso de perguntas investigativas e reflexivas que incentivam o casal a pensar sobre sua dinâmica e a buscar soluções conjuntas.”

Ao desenvolver a habilidade da comunicação, é aplicada a técnica da “conversação de reautoria”, da abordagem narrativa, que ajuda os casais a relembrarem momentos em que conseguiram se comunicar e resolver conflitos de forma eficaz. “A ideia é revisitar esses momentos e entender as condições que permitiram a boa comunicação, trazendo esses elementos para o contexto atual”, explica.

A professora frisa que a participação e fala ativa de ambos os parceiros é essencial para o sucesso da terapia. Para além dos 50 minutos por semana, ela reforça o engajamento e a aplicação das reflexões no dia a dia do relacionamento. “O casal deve estar disposto a exercitar as mudanças propostas nas sessões e trazer feedbacks sobre o que funcionou ou não no cotidiano”, completa.