Debate
Candidatos a prefeito de Curitiba participam de debate na RICtv (Foto: Reprodução/ YouTube/ RICtv)

A RICtv realizou, na noite deste sábado (28 de setembro) e a oito dias do primeiro turno das Eleições Municipais 2024, mais um debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba. Foram convidados e participaram do encontro seis dos dez nomes que concorrem no pleito: Andrea Caldas (PSOL), Eduardo Pimentel (PSD), Luciano Ducci (PSB), Luizão Goulart (SD), Maria Victoria (PP) e Ney Leprevost (UNIÃO). E Pimentel, que é o atual vice-prefeito e líder nas pesquisas de intenção de voto, acabou se tornando o “alvo preferencial” dos adversários.

A bem da verdade, o debate foi morno, com poucos embates verbais mais duros, diretos. Luizão Goulart foi quem mais destoou neste sentindo, provocando os adversários (principalmente Pimentel e Ducci) sempre que possível.

Em outros momentos destacados, Ney Leprevost chamou Pimentel e Greca e “negacionistas do clima” e o atual vice-prefeito dialogou com Ducci sobre a população de rua em Curitiba. Na tréplica, o candidato apoiado pelo PT disse “faltar sensibilidade à atual gestão no trato com as pessoas em situação de rua e aquelas que vivem em ocupações pela cidade”.

Pimentel, no entanto, conseguiu evitar os embates mais diretos, mais pessoais, e respondeu tudo com tranquilidade, sempre defendendo a atual gestão da Prefeitura de Curitiba e apresentando propostas que implementaria, caso eleito.

Direita x Esquerda

Além disso, também houve, ainda no primeiro bloco do programa, dois curiosos embates entre Andrea Caldas e Ney Leprevost. Primeiro, ela criticou a proposta dele em reduzir a tarifa do ônibus de R$ 6 para R$ 5. “Não resolveria o problema”. Depois, os dois ainda tiveram um enfrentamento ideológico, ao falar sobre linguagem neutra e ideologia de gênero. “Eu defendo a família, eu defendo a vida, eu sou contra o aborto e contra qualquer uma das pregações doutrinária da esquerda”, terminou falando Leprevost.

PRIMEIRO BLOCO DO DEBATE

Acusação de plágio, ideologia de gênero, “indústria da multa”, tarifa de ônibus e metrô na pauta

No primeiro bloco do debate, cada candidato teve dois minutos para responder às perguntas feitas pelos jornalistas, que ainda escolheram um segundo candidato para comentar a resposta. O tempo para o comentário foi de um minuto, com direito a réplica de 45 segundos e tréplica de 30 segundos.

E na primeira pergunta Ney Leprevost respondeu sobre o transporte público de Curitiba, prometendo reduzir a tarifa de ônibus para R$ 5, com meta de chegar em R$ 1 no longo prazo. Andrea Caldas, no comentário, criticou a proposta de reduzir para R$ 5 a passagem, afirmando que a redução de R$ 1 não resolveria o problema do transporte público na cidade, ao que Leprevost se defendeu dizendo que propõe o que é real, plausível, e que buscaria reduzir mais a tarifa a partir da nova licitação do serviço.

Na sequência, Ducci foi incitado a comentar sobre a proposta de implantar um metrô em Curitiba, especialmente porque foi em sua gestão que começou a ser desenvolvido o projeto que acabou nunca saindo do papel. O candidato, então, lamentou ter perdido as eleições de 2012 e culpou essa derrota pela paralisação do projeto.

Andrea Caldas, por sua vez, teve de responder sobre ideologia de gênero, linguagem neutra, Paulo Freire e metodologia de ensino numa possível gestão do PSOL. No comentário, Ney Leprevost aproveitou para dizer ter carinho e para pedir o voto da comunidade LGBT, mas também para se dizer contra linguagem neutra e ideologia de gênero nas escolas. “Eu defendo a família, eu defendo a vida, eu sou contra o aborto e contra qualquer uma das pregações doutrinária da esquerda.”

Pimentel, em seguida, respondeu sobre radares de trânsito e a existência de uma suposta “indústria da multa” na Capital, prometendo sinalizar todos os radares pela cidade. Maria Victoria, no comentário, propôs duas advertências aos motoristas antes de aplicar multa, efetivamente. E seu adversário, na réplica, ironizou, dizendo que a iniciativa seria legalmente inviável. Mas a candidata do PP disse que seu adversário estaria enganado e ainda emendou: “Se quer duas advertências antes da multa, 30 minutos de Estar grátis na cidade e reduzir significativamente o número de multas, vem comigo”.

Já no fim do bloco, Luizão Goulart tratou de dar uma “esquentada” no debate, acusando Pimentel de copiar alguma de suas propostas para Curitiba. “Eu não copiei seu plano de governo. Inclusive, fui o primeiro a registrar plano de governo no TSE”, respondeu o candidato governista.

SEGUNDO BLOCO DO DEBATE

Luizão Goulart provoca Pimentel e ‘parte pra cima’ de Ducci

No segundo bloco, embates diretos entre os candidatos, com temas de livre escolha. Quem perguntava escolhia quem respondia, com cada candidato perguntando e respondendo uma vez.

Eduardo Pimentel quis começar questionando Luizão Goulart. E o ex-prefeito de Pinhais aproveitou a ocasião para dar mais uma provocada no atual vice-prefeito, reclamando que ele só falaria sobre propostas, mas não conseguia responder sobre o que já teria sido feito pela gestão Greca-Pimentel no município.

Em seguida, Luizão virou o questionador e escolheu Luciano Ducci para debater, criticando-o por ter feito licitação do transporte coletivo atualmente vigente em Curitiba. “Quem fez a licitação dos ônibus foi na sua gestão. Não teve transparência, as mesmas empresas continuaram operando o transporte”, afirmou o candidato do Solidariedade.

Ducci, então, reconheceu que o processo se iniciou quando ele era vice-prefeito da cidade e que foi concluído já quando ele havia assumido a Prefeitura. Mas defendeu o processo licitatótio: “A licitação foi feita de forma muito transparente, foi feito e assinado de forma correta. Na nova gestão, vamos fazer uma nova licitação e queremos ver bem direito o que houve nos contratos nesse tempo todo´[entre 2013 e 2024], porque com certeza foram feitas muitas mudanças nesses contratos”, reclamou.

Na réplica, porém, Luizão voltou a provocar incisivamente o adversário. “Do jeito que você fala, parece que foi uma maravilha essa licitação. Mas as mesmas empresas continuaram operando”, citou. Em seguida, ainda provocou o rival dizendo que ele, depois de ter sido vice-prefeito e prefeito por alguns anos, tentou a reeleição e não conseguiu chegar nem no segundo turno, na disputa pela Prefeitura de Curitiba. “Na mesma época, eu fui eleito e reeleito prefeito de Pinhais”, recordou, vangloriando-se.

Candidatos falam de Segurança e criticam Educação Municipal

Ainda no mesmo bloco, Maria Victoria recorou que sua campanha e sua família tiveram de fazer três boletins de ocorrência em 24 horas, por conta do furto de um carro de campanha, pelo roubo do celular de sua mãe, a ex-governadora Cida Borghetti, e pelo furto de materiais de campanha. Ela e Ney Leprevost, então, passaram a apresentar propostas para a segurança da cidade, com ambos prometendo transformar a Guarda em Polícia Municipal e anunciando que contratariam mais agentes e promoveriam concursos públicos para a área.

Já no fim dos embates diretos, Ney Leprevost e Andrea Caldas fizeram uma “dobradinha” para criticar a atual gestão da Prefeitura de Curitiba, citando, por exemplo, a fila de creches na cidade. E no embate seguinte, a candidata do PSOl tratou de terminar o bloco questionando diretamente Pimentel sobre a fila de 10 mil crianças com idade entre 0 e 3 anos aguardando por uma vaga. O atual vice-prefeito disse que a gestão estaria “correndo” para cumprir o Plano Municipal de Educação e prometeu fazer o município buscar o primeiro lugar no Ideb nacional.

TERCEIRO BLOCO DO DEBATE

Perguntas repetidas e debate ainda mais morno

O clima, que já estava morno, ficou ainda arrefecido no bloco derradeiro do debate, que trouxe muitas perguntas (e respostas) repetidas ou muito parecidas com o que já havia sido comentado nos blocos anteriores. O formato era o mesmo do bloco inaugural, com os jornalistas fazendo a pergunta para um candidato e escolhendo outro para comentar.

Luizão Goulart bem que tentou dar uma “animada” nos embates ao se deparar, mais uma vez, com Eduardo Pimentel. O ex-prefeito de Pinhais criticou o número de funcionários comissionados na Prefeitura, citando ainda as alianças de Eduardo Pimentel como um indicativo de que esse “inchaço” continuaria numa gestão do adversário. O candidato do PSD, mais uma vez, defendeu o legado e as conquistas da gestão Greca, mas sequer respondeu diretamente ao comentário de Luizão.

Um momento muito aguardado veio em seguida, quando Pimentel respondeu à pergunta dos jornalistas sobre a população em situação de rua e Luciano Ducci ficou como comentador. O candidato governista prometeu fortalecer o FAS, revitalizar os CAPS e fazer mais parcerias com comunidades terapêuticas. Na réplica, Ducci foi tímida, apresentando propostas generalistas e fazendo uma breve crítica ao número de educadores sociais na cidade. Na tréplica, porém (quando Pimentel já não tinha oportunidade de responder), o candidato do PSB aumentou o tom, dizendo faltar sensibilidade à atual gestão no trato com as pessoas em situação de rua e aquelas que vivem em ocupações pela cidade.

“Candidato da velha política” e “negacionistas do clima”, crítica Leprevost

Finalmente, outro momento de destaque no terceiro bloco foi quando Ney Leprevost respondeu e Luizão Goulart comentou sobre inundações pela cidade. E os dois candidatos, mais uma vez, marcaram Pimentel como alvo.

Leprevost começou criticando “o candidato da máquina pública, o candidato do sistema, o candidato que representa a velha política” por não despoluir os rios de Curitiba. “Não estão preocupados com aquecimento global. São negacionistas do clima”, disse ainda o político do União, referindo-se ao atual vice-prefeito e ao prefeito Rafael Greca.

Luizão, por sua vez, disse que Pimentel “está há oito anos na gestão, que só cumpriu, integralmente, 22% das promessas. Outros 25% foram executados parcialmente e mais de 50% das promessas não foram nem tiradas do papel”.

Já na reta final, mais embates mornos, com Andrea Caldas e Maria Victoria falando de segurança pública e, finalmente, Maria Victoria e Ney Leprevost apresentando suas propostas para Educação.