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Foto: Pedro Ribas/SMCS

Um estudo feito a partir das planilhas da Urbs, empresa que gerencia o transporte coletivo de Curitiba, mostra que sistema tarifário proporcional proposto pela candidata Cristina Graeml (PMB) faria com que os curitibanos que moram nas regiões mais afastadas do centro da capital pagassem tarifa muito mais cara do que os atuais R$ 6 por cada deslocamento. Seria o fim da chamada tarifa-única, instituída na cidade desde 1980 pelo então prefeito Jaime Lerner e em vigor de forma ininterrupta.

Com base neste sistema de cobrança por quilômetro rodado, quem seria mais fortemente penalizado seriam os moradores das áreas mais periféricas. De acordo com cálculos feitos a partir de planilhas públicas no site da Urbs, uma pessoa que mora no Umbará, por exemplo, gastaria R$ 23,88 para ir até o centro usando a linha Umbará (643) ou R$ 22,51 ao utilizar a linha Futurama (639).

Ao considerar a rotina de um curitibano que trabalha de segunda a sexta e precisa pegar ônibus apenas para ir e voltar do trabalho, os moradores do Umbará precisariam despender entre R$ 990 e R$ 1.050 por mês apenas de passagens, o que representa quase 75% de um salário-mínimo nacional.

Situação similar aconteceria com quem mora no Cachoeira, que pagaria R$ 21,39 por trecho na linha São Benedito (236), ou de quem precisa ir do Alto Boqueirão para o Santa Cândida pela linha Alto Boqueirão (629), que arcaria com R$ 23,60 em cada passagem.

Uma das mais utilizadas linhas, o Santa Cândida-Capão Raso (203), pela proposta de Cristina, teria a tarifa de R$ 17,35 para aqueles que permanecem no ônibus em seu trajeto completo, muito mais cara que a atual, de R$ 6, enquanto o preço para ir usar o Tatuquara-Centro (707) ficaria em R$ 13,10.

Para Cristina, os aumentos expressivos seriam justificados para garantir que aqueles que usam a linha Jardim Social-Batel (365), por exemplo, paguem apenas R$ 4,41 por trecho até o centro, mesmo essa sendo uma linha utilizada majoritariamente por pessoas que moram em um local de maior poder aquisitivo.

“Vamos implantar um sistema em que o morador do centro vai até o Alto da Glória ou Cristo Rei paga a mesma passagem atualmente. Mas não é justo. Vamos implantar a passagem por quilômetro rodado”, disse a candidata nesta segunda-feira na Band.

A proposta está na página 45 do plano de governo protocolado pela chapa do PMB no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e foi amplamente defendida por ela no debate e em outras entrevistas durante o período eleitoral, como na entrevista concedida por ela ao programa Inusitável Podcast. “O sistema de Curitiba permite sair de Fazenda Rio Grande e ir para Colombo, quer dizer, ir do limite Sul para o limite Norte gastando apenas uma passagem. Mas o cara que sai do Batel para Centro Cívico paga o mesmo, anda 2 ou 3 quilômetros, não é justo”, disse Cristina há cerca de um mês.

Segundo a candidata, o valor seria calculado já na compra da passagem e definido pela quilometragem do trecho. “Quem mora na Região Metropolitana e tem menos poder aquisitivo, tanto que usa ônibus, precisa rodar mais. Mas isso é uma escolha dela”, disse, referindo-se aos milhares de trabalhadores de municípios vizinhos e bairros mais afastados que usam o transporte público diariamente. “Não é justo que quem anda pouco pague por quem anda muito”, complementou a candidata.

A medida atingiria em cheio 27,4% dos usuários que gastam entre 1h e 1h30 para cada deslocamento e outros 21% que passam mais de 2h no ônibus. Ou seja, quase metade da população que usa o transporte coletivo pagaria passagens duas, três ou até quatro vezes mais caras do que as atuais.

Questionada por Eduardo Pimentel na Band sobre os prejuízos que essa tarifa mais cara causaria aos curitibanos que moram mais longe do centro, a solução de Cristina é, no mínimo, fantasiosa: simplesmente se limitar a morar, trabalhar e viver apenas nos seus bairros e não frequentar mais a região central da cidade.

“Os moradores do Tatuquara e mais periféricos vão ser estimulados a empreender e trabalhar mais próximo de casa”, justificou a candidata.

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