Médico neurologista pediátrico, Sérgio Antoniuk, fala da importância do diagnóstico precoce

No último sábado (19) aconteceu no Centro Universitário UniCuritiba o Simpósio Nacional da Síndrome do X Frágil e do Autismo 2024. O evento foi promovido pelo Instituto Buko Kaesemodel com o objetivo de informar e atualizar a comunidade científica, educadores, cuidadores e a população geral sobre os avanços no diagnóstico e tratamento da síndrome do X frágil e do transtorno do espectro autista

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Médico neurologista pediátrico e professor, Sérgio Antoniuk.
Foto: Marcelo Elias

A palestra que marcou a abertura do evento foi realizada pelo médico neurologista pediátrico e professor Sérgio Antoniuk. Formado em medicina pela Universidade Federal do Paraná, mestre em saúde da criança e do adolescente e doutor em pediatria, ele trouxe uma palestra a respeito do diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista (TEA) e da síndrome do X Frágil (SXF).

No início da fala, Antoniuk frisou como os diagnósticos avançaram: “30% dos nossos pacientes da neuropediatria, hoje, têm autismo”. Segundo o médico, há 30 anos era raro ver casos de TEA e hoje 1 a cada 36 crianças é diagnosticada com o transtorno.

Durante sua apresentação, o médico trouxe diversos exemplos de crianças que apresentam sinais de possível TEA, ou alteração de gene. Antoniuk levantou uma questão: sinais de risco para um possível diagnóstico, não necessariamente significam que a criança vai de fato ser diagnosticada. Por esse motivo, é necessário realizar estímulos para avaliar melhor a questão e observar a resposta das crianças.

Por conta dessa observação, Antoniuk ressaltou a importância dos educadores infantis nesse processo de identificação dos primeiros sinais de risco e os primeiros estímulos que vão confirmar a suspeita. Dessa forma inicia-se o processo de diagnóstico acompanhado por médicos especialistas.

Segundo o médico, o estímulo é essencial para um rápido diagnóstico, essencialmente em crianças com menos de 18 meses de idade, tema principal da palestra. Para o médico pode haver alguns indícios, como menos linguagem verbal, menos gestos na comunicação, dificuldades sensoriais, evitação social, entre outros.

Atualmente no Brasil, o diagnóstico acontece quando a criança tem entre 3 e 5 anos, em alguns casos até mais velhas. Apesar da idade ser considerada “tardia” para o diagnóstico, antes dos 6 meses de idade é possível identificar sinais de risco: dificuldade de atenção, pouca resposta à afeto e estereotipias (movimentos repetidos e invariáveis de fala e movimentação) são alguns destes sinais.

Para ter mais indícios de que a criança possui autismo é necessário a realização de testes médicos. Atualmente existem 3 possibilidades de teste para essa identificação, algumas mais avançadas e outras com necessidade de investimentos e pesquisas:

  • Eye tracking: Considerado por Antoniuk um dos testes mais interessantes por conta do diagnóstico precoce. Segundo o médico, ainda é necessário o investimento em pesquisas nesta área.  O teste consiste em uma luz infravermelha que entra em contato com a pupila para identificar qual ângulo o paciente está olhando. Ele é uma ferramenta para identificar mais sinais do transtorno.
  • M – Chat – R/F (utilizado no SUS): Este teste serve para crianças entre 16 e 30 meses, porém é respondido pelos pais da criança. Composto por 23 perguntas de SIM ou NÃO, tem seu resultado baseado em uma pontuação. A interpretação da pontuação é a seguinte: Baixo risco (0 a 2 pontos), risco moderado (3 a 7 pontos), alto risco (8 a 20 pontos). Esse teste também serve para identificar sinais.
  • Early Start Denver: Por meio de jogos e brincadeiras, essa intervenção precoce que deve acontecer entre 12 e 48 meses, busca criar uma relação social entre a criança e o terapeuta. Por meio dessas interações com o paciente ainda criança, a motivação dela aumenta na busca por novas interações, minimizando os impactos do transtorno.

Antoniuk finalizou sua palestra trazendo novamente à tona de que a criança com diagnóstico TEA confirmado, sempre apresenta melhora, e quanto antes o diagnóstico aconteça, melhores serão as condições tanto da criança, quanto de quem cuida. O médico encerrou reforçando: “Podemos não curar, mas ajudar”.