Donald Trump reagiu nesta quinta, 24, à mudança de tom da campanha de Kamala Harris, que o chamou de “fascista” em sabatina da CNN com eleitores indecisos, na quarta-feira à noite. “Ela vem cada vez mais subindo o tom, chegando a ponto de me chamar de Adolf Hitler e qualquer outra coisa que venha à sua mente distorcida”, disse. “Ela é uma ameaça à democracia e não está apta para ser presidente dos EUA.”

A declaração da democrata foi feita após John Kelly, general reformado que foi chefe de gabinete de Trump, entrar na campanha eleitoral. Ao jornal New York Times e à revista The Atlantic, ele disse estar “profundamente preocupado” com a possibilidade de o ex-presidente voltar à Casa Branca e pediu que os americanos levem em consideração “aptidão e caráter” na hora de votar.

“É claro que o ex-presidente está na extrema direita, é um autoritário”, disse o general. “Ele admira ditadores, ele mesmo disse isso. Então, sem dúvida, ele se enquadra na definição de fascista.” Kamala disse que os comentários do general oferecem uma visão de quem Trump “realmente é” e o tipo de comandante que ele seria.

Tom sombrio

Na reta final das campanhas americanas, é comum que os candidatos adotem um tons mais negativos, que tendem a ser mais eficazes para motivar os apoiadores a irem às urnas. No entanto, no caso de Kamala, a retórica pesada contrasta com a mensagem otimista do início da campanha.

Na convenção democrata, em julho, Kamala já havia alertado para o autoritarismo de Trump, mas ela sempre tentou se afastar da mensagem central da campanha do presidente Joe Biden de que o republicano representava uma ameaça existencial à democracia americana.

De acordo com o estrategista democrata Matt Bennett, o objetivo de Kamala seria maximizar a declaração do general Kelly. “É imperativo fazer com que o máximo possível de eleitores fique sabendo das declarações de Kelly”, afirmou.

Disputa

A mudança de tom é parte da estratégia de atrair eleitores independentes e republicanos moderados, que poderiam estar abertos a votar nos democratas. Pesquisas sugerem que a disputa está extremamente acirrada, sem que nenhum dos candidatos tenha conseguido vantagem significativa em qualquer um dos sete Estados considerados fundamentais.

Embora Trump tenha cortado a vantagem de Kamala entre os homens negros e latinos, tradicionalmente democratas, segundo pesquisas, ele vem perdendo terrenos entre eleitores brancos com formação universitária, principalmente dos subúrbios das grandes metrópoles – Detroit, Filadélfia, Milwaukee e Phoenix, que eram redutos republicanos.

O tom mais duro de Kamala também reflete o acirramento da disputa presidencial nos Estados-chave. De acordo com pesquisas, ela já teria atingido o teto com os eleitores independentes e há uma parcela cada vez menor de indecisos. Portanto, qualquer ponto porcentual retirado de Trump pode fazer diferença no resultado final. É por isso que os apelos de Kamala à proteção da democracia têm sido feitos diante de plateias compostas por republicanos moderados e descontentes. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.