O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, disse que a autoridade monetária vai fazer o que for preciso para levar a inflação ao centro da meta, de 3%, calibrando o ciclo de aperto para “refletir a incerteza a cada ponto do caminho”. “Nós vamos continuar com a função de reação que temos feito, de certa forma, vamos continuar olhando a atividade, o hiato do produto, a inflação, em especial a parte mais afetada pela política monetária, para o mercado de trabalho, para as condições financeiras”, ele disse, em um evento do Bank of America (BofA), em Washington.

Indagado sobre o início “gradual” do ciclo, com um aperto de 0,25 ponto porcentual, Gomes afirmou que as incertezas do cenário são elevadas e que há um “valor” na opção por começar mais devagar.

A desaceleração fiscal esperada no segundo semestre deste ano, acrescentou, pode permitir que os efeitos defasados da política monetária, que já estava contracionista, se manifestem com mais força. Além disso, esse início permite não pressionar as precificações do mercado.

“Esse foi o racional para ser gradual no começo do ciclo, e acho que parte desse raciocínio permanece”, ele disse. “Ser gradual é bom. Não estou falando do ritmo, só estou dizendo que existe um raciocínio para pensar sobre as coisas gradualmente.”