FABRÍCIO LOBEL E FABIO BRAGA
SÃO PAULO, SP – Um protesto que reuniu integrantes da comunidade muçulmana e simpatizantes da causa palestina terminou em confusão depois que policiais militares dispararam para o alto com armas de cano longo, na noite desta terça-feira (15).
O protesto ocorreu na praça Cinquentenário de Israel, em Higienópolis, bairro de São Paulo com forte presença judaica.
O tumulto ocorreu quando os policiais tentaram prender uma garota que teria pichado “Palestina Livre” em um muro – manifestantes também colaram um adesivo com esses dizeres numa placa com o nome da praça.
Os manifestantes foram em direção aos policiais exigindo a soltura da garota, quando um policial disparou para o alto ao menos duas vezes. A polícia chegou a preparar bombas de efeito moral, mas elas não foram usadas.
O protesto reuniu, segundo a PM, 300 pessoas que apresentaram vídeos e leram poemas em repúdio ao conflito entre Israel e Palestina. Segundo manifestantes, houve também a queima de uma bandeira de Israel.
Muitos também rezaram e acenderam velas em homenagem aos palestinos mortos nos mais recentes confrontos – 194 até esta terça-feira, de acordo com fontes palestinas. Israel reportou a morte de apenas um civil.
Descendente de libaneses, o advogado Omar Taha, 24, disse que a ação era um repúdio à disparidade de mortos nos dois lados do conflito.
“Estou aqui pelo grande número de mortos e, principalmente, pela disparidade do número de mortos entre um Estado e outro. É grande a disparidade de resposta”.
A professora Patrícia Soares, 50, que é brasileira e muçulmana, declarou que o ato deveria ser uma vigília em nome de inocentes mortos. “A maioria das vítimas são crianças”, disse ela.
Na praça em que o protesto ocorreu, há um monumento que simboliza o Estado israelense. Nele, os manifestantes pregaram cartazes com os dizeres “Israel, pare de matar crianças” e “covardes”.
Israel argumenta que a operação militar, chamada de Margem Protetora, é realizada para defender o país dos ataques com foguetes do grupo radical islâmico Hamas – segundo o Exército, mais de 1.200 projéteis foram disparados de Gaza contra o território israelense, boa parte desviada pelo sistema de defesa chamado Domo de Ferro. O governo de Israel alega ainda que as vítimas são usadas pelo Hamas como escudos humanos.
Manifestantes organizam para o próximo sábado (19) um ato em solidariedade à Palestina em frente ao consulado de Israel.