Maracanã cheio, mas não com as torcidas organizadas, público que tradicionalmente lota os estádios. Dessa vez, as quase 60 mil pessoas que estavam no maior estádio brasileiro eram famílias, mulheres, crianças e turistas, todos em clima de festa. As responsáveis pela façanha foram as jogadoras da seleção brasileira de futebol, que hoje (26) levaram para casa a medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos. Cinco a zero sobre a seleção feminina dos EUA.

Apesar da conquista, a seleção brasileira de futebol feminino passa por grande dificuldade. As atletas, em sua maioria, lutam por um patrocínio para poder tornar o o esporte uma modalidade organizada e competitiva no Brasil.

No campeonato brasileiro feminino de 2006, por exemplo, estiveram presentes apenas oito equipes e pouca gente soube que o Botucatu, time de São Paulo, foi o campeão.

“Alguns clubes pagam bem, alguns tem o Bolsa Atleta, que ainda dá para sobreviver, mas espero que com esse Pan dentro de casa os dirigentes possam se mover melhor para organizar o futebol feminino e a gente não tenha que sair do nosso país para sobreviver”, afirma a zagueira Tânia Maria Ribeiro, uma das duas bolsistas que participa da seleção. Ela e sua colega Andréia “Maycon” Santos, recebem o benefício do Bolsa Atleta no valor de R$ 2,5 mil mensais. Ambas jogam no Saad, de Águas de Lindóia (SP).

Das 18 atletas convocadas para a seleção brasileira, oito atualmente jogam no exterior. “É preciso que os patrocinadores olhem com carinho o futebol feminino para que não tenhamos que sair de perto da nossa família para dar uma vida melhor para ela. A expectativa com esse Pan é grande”, diz Tânia Maria Ribeiro.

Hoje, o ministro do Esporte, Orlando Silva, informou que a Caixa Econômica Federal vai patrocinar a criação de uma Liga Nacional de Futebol Feminino. A informação é do ministro do Esporte, Orlando Silva, que participou hoje (26) de entrevista coletiva a emissoras de rádio parceiras da Radiobrás. O ministro afirmou que está sendo negociado também a criação de uma entidade nacional que vai estruturar a liga.

“Precisamos trazer de volta para o Brasil esses grandes nomes que a maioria joga fora. Precisamos estruturar aqui uma liga nacional de futebol feminino para permitir que nossas meninas possam brilhar também nos nossos campos”, disse.

Orlando Silva aproveitou para elogiar a atacante brasileira Marta, considerada a maior jogadora de futebol feminino do mundo. O ministro disse ainda que o Brasil tem uma dívida com o futebol feminino.

“Eu assumo autocriticamente que o Brasil tem uma dívida com o futebol feminino brasileiro, que nos traz enormes alegrias”, afirmou.