A estréia do Fantasma da Ópera em Londres mudou a história dos musicais do século XX. As canções românticas, a trama de suspense, o exagero da cenografia e do figurino além dos efeitos especiais o converteram no espetáculo no maior destaque de todos os tempos. Um prato cheio para esta sátira que a Cia Máscaras de Teatro retorna em cartaz no Teatro Guaíra em Curitiba. A peça que estreou no Festival de Teatro de 2007 e obteve grande sucesso de público no ano passado. Foi vista por mais de 10.000 pessoas. Fez uma temporada em julho no Guairinha, lotou todas as sessões e realizou ainda duas sessões extras. O sucesso foi tão grande que a convite do Teatro Guaíra a peça retorna para um temporada relâmpago logo após o carnaval.

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Habituado a realizar espetáculos de sucesso que mistura elementos de terror, comédia e teatro do absurdo, o autor e diretor João Luiz Fiani transpõe para os palcos uma adaptação da novela do francês Gaston Leroux (1868-1927) sobre o misterioso mascarado que aterroriza a ópera de Paris.

Fascinado desde sempre pela história, Fiani buscou referências em várias leituras para compor sua sátira. Desde os filmes mais antigos, passando pelo musical de Nova Iorque e o filme de 2004. Que, aliás, trata-se da quinta versão cinematográfica da obra de Leroux. Até mesmo o diretor Brian de Palma criou sua própria paródia sobre o mito, “O Fantasma do Paraíso” de 1974, que também serviu de base para o espetáculo.

“Procurei ser fiel ao livro. Acho a história mais interessante, menos romântica e com mais elementos de terror. O fantasma é um monstro desfigurado que por vezes beira à insanidade. As leituras musicais e cinematográficas deixaram-no muito romântico e procuraram justificar as suas ações. No nosso caso como estamos fazendo uma comédia satírica, mantivemos este clima de terror proposto por Gaston Leroux. Precisávamos do monstro para criar as situações absurdas e engraçadas que o elenco nos propõe, como a loucura de Carlota, a queda do lustre e os crimes que acontecem dentro do teatro. O contra-ponto fica por conta dos outros personagens, como Raul por exemplo”, afirma o diretor.

A peça conta a história de Erik (Daniel Marcondes) um desfigurado músico que vive nas profundezas de um Teatro, infernizando a vida dos novos proprietários do lugar. Apaixonado pela solista Christine, o Fantasma dedica-se a fazer dela a nova estrela do Teatro. Os problemas surgem quando entram em cena a “diva-mor” do teatro, Carlotta Avelleda Don Gabriel (Guilherme Osty) levada à loucura pelo Fantasma, os diretores do teatro e é claro, o terceiro vértice do triângulo amoroso. O jovem Raul (Marino Jr), que aqui se trata do patrocinador do teatro e está apaixonadíssimo por Christine (Mel Maia).

O espetáculo obteve também destaque no meio artístico curitibano, sobretudo pela performance de seus atores. O autor e diretor Edson Bueno ao assistir o espetáculo publicou em seu blog o seguinte comentário: “Simplesmente fiquei apaixonado por estes enlouquecidos de talento que são Guilherme Osty e Marino Jr. Que incrível domínio de técnica e principalmente, que absoluto desejo e prazer em dar prazer à platéia. Em que labirintos mentais – pergunto eu! – se escondem a originalidade e a velocidade de suas inteligências dramáticas? Guilherme se entrega de corpo, alma, suor e se abre em expressionismos engraçados dos mais surrealistas. E Marino parece ser ele mesmo um farol meio bumerangue. Explico. Ilumina nossos olhos e ouvidos com presença de espírito, inteligência cênica, tempo de comédia e velocidade de raciocínio, e ainda faz com que esta luz volte pra ele, a ponto de não conseguirmos tirar os olhos de sua figura. Que prazer, que diversão!” finaliza o autor e diretor teatral.

Para esta nova temporada foram realizadas algumas modificações no elenco original. Além de algumas substituições de rotina, em função de alguns compromissos profissionais, desta vez o personagem título será interpretado por Daniel Marcondes, uma grande revelação nos palcos curitibanos. Originalmente o papel era vivido pelo ator Mateus Zuccolotto. Formado pela UNICAMP e realizando uma carreira promissora em Curitiba, Zuccolotto faleceu no final de 2007, deixando uma grande lacuna nas artes cênicas de Curitiba.