Custódio da Silva se envolveu na política no ambiente de trabalho. Começou quando disputou a eleição para ser presidente da Cipa, na Bosch do Brasil, na Cidade Industrial nos anos 80. A partir da luta por melhores condições no trabalho, conquistou apoio entre os operários e se elegeu vereador em 92. Com posições controvertidas e polêmicas, geralmente contra o governo petista, que segundo ele esqueceu do povo ao assumir o governo, teve momentos difíceis após votar contra a privatização da Copel. Passou um ano e meio preso por improbabilidade administrativa sob a acusação de reter parte dos salários dos assessores de seu gabinete na Câmara Municipal. Ressurgiu das cinzas depois de renunciar ao mandato de vereador para assumir a quinta suplência na Assembléia Legislativa no início da década. Reeleito vereador pelo PTB, em 2004, trocou de partido no ano passado por não ser levado a sério pelos dirigentes estaduais. Foi para o nanico PRTB a procura de espaço e conseguiu. Agora disputa a cadeira para o Senado.


Jornal do Estado – Como foi o seu envolvimento com a Política?

Custódio da Silva – Iniciei na política muito cedo. Político para mim é aquele que trabalha e faz o país crescer. Eu sempre fui um trabalhador. Entrei na Bosch do Brasil, em 78. E saí da Bosch em 98. Sou filho de agricultor. Vim para a cidade com 13 anos. Fui cipeiro. Segundo presidente da Cipa da Bosch. Na primeira eleição fiz 298 votos e na segunda, 2.200 votos. Eu reivindicava os direitos dos trabalhadores e dos empregadores também. Naquele momento o gerente entendeu errado e me demitiu. Fiz greve de fome, era sindicalista. Meus amigos da Bosch me pediram para eu sair candidato em 92. Topei o desafio e fui eleito vereador pelo Partido Social Trabalhista com 2998 votos. Em 96 fui reeleito com 17 mil votos pelo PDT. O partido era o mesmo do prefeito. Eu estava na legenda para poder levar obras para a população carente do local onde morava, a Vila Nossa Senhora Luz, onde estou até hoje. Em 98 fui candidato a deputado estadual e fiz 28 mil votos. Fiquei na quarta suplência. Em 2000 fui reeleito com uma votação melhor, 12.880 votos. Em 2004 fui reeleito pelo PTB com 9.274 votos.

JE – Você assumiu como deputado estadual, não?

Custódio – Renunciei o cargo de vereador para assumir uma cadeira na Assembléia Legislativa. Fiquei um ano e dois meses lá. Isso foi em 2001. Então veio a venda da Copel, da qual fui contra. O governador Jaime Lerner tirou-me o mandato quando estava acontecendo o trâmite de votação. Não podiam me retirar, mas tiraram.

JE – Aí você ficou sem três anos sem mandato?

Custódio – Cinco meses depois de deixar a Assembléia fui preso. Acamado, sem memória, pixado pela imprensa escrita e televisionada.

JE – Você passou muito tempo preso?

Custódio – Minha prisão foi política. Não foi uma prisão de pessoa que devia.

JE – Por que uma prisão política?

Custódio – Porque não respeitaram a Constituição. Eu era réu primário. Tinha residência fixa. Moro na Vila Nossa Senhora da Luz há 36 anos. Tive carteira assinada por 28 anos. Quatro mandatos como vereador e me deixaram preso um ano e quatro meses. Não dá para explicar.