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Leila Rodrigues (Divulgação)

Dados mostram que no período de um ano a busca pelo termo “menopausa” cresceu 185% no Google (entre setembro de 2014 e setembro de 2024). Embora o interesse pelo tema pareça estar aumentando, a desinformação ainda é um obstáculo.

De acordo com Leila Rodrigues, CEO da Menospausa, a falta de conhecimento entre as mulheres é alarmante: apenas 15% das participantes de uma pesquisa online afirmaram ter pleno entendimento sobre a menopausa, enquanto em um estudo de campo, esse número é ainda menor, com apenas 3% relatando conhecimento completo sobre o que acontece com seus corpos durante esse período.

“O aumento de interesse e o aparecimento do assunto na mídia é significativo, pois até pouco tempo atrás a menopausa era um tema ignorado. Mas a menopausa real, aquela que as mulheres vivenciam no cotidiano, é muito diferente da retratada nas telas”, comenta. “Já ouvi relatos de mulheres que pensaram estar tendo um infarto quando o primeiro fogacho chegou, tamanho o desconhecimento que tinham”, complementa.

Há sete anos, Leila tem conduzido pesquisas sobre menopausa, incluindo um levantamento de campo com mais de 600 mulheres em Minas Gerais, entre 2017 e 2023, e uma pesquisa online em seu Instagram, realizada no primeiro semestre de 2024. Na rede, a executiva construiu uma comunidade de mais de 190 mil seguidores com o objetivo de desmistificar a menopausa com informações acessíveis e práticas.

Embora sejam públicos distintos, alguns dados chamam a atenção pela repetição com que aparecem. Na exploração presencial de Leila, a palavra usada pela maioria das mulheres para descrever como se sentiam naquele momento foi “exausta”, seguida de “sozinha” e “perdida”. Na pesquisa online, as palavras se repetiram, mudando apenas a ordem. “Perdida” foi a mais usada, seguida de “exausta” e “sozinha”.

Esses sentimentos se justificam quando essas mulheres respondem qual é o seu nível de conhecimento sobre a menopausa. A compreensão sobre o tema é limitada, bem como sobre as possibilidades de tratamento: na pesquisa online, 55% das mulheres disseram não saber o suficiente sobre a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) para decidir sobre seu uso. No estudo de campo, 28% afirmaram ter conhecimento insuficiente sobre TRH.

A Terapia de Reposição Hormonal é um tratamento médico que consiste na administração de hormônios, como estrogênio e progesterona, para aliviar os sintomas da menopausa e equilibrar os níveis hormonais no corpo.

Educação em menopausa para as empresas
Para mudar esse cenário, Leila Rodrigues fundou a Menospausa. A empresa, formada por ela e uma equipe de profissionais mulheres da área da saúde, tem como objetivo levar informação sobre o tema para um dos ambientes em que as mulheres mais encontram obstáculos quando chegam à menopausa: o trabalho.

Embora o âmbito pessoal também seja fortemente atravessado pela queda hormonal que acontece naturalmente com a idade, é no trabalho que os sintomas mais atrapalham. Dos fogachos às falhas na memória, esses sintomas levam muitas mulheres a pedir demissão ou transicionar de carreira. Segundo Leila, isso acontece porque nem as mulheres nem as organizações estão preparadas para lidar adequadamente com a menopausa.

Nas entrevistas que realizou em Minas, Leila descobriu que a irritabilidade é o principal sintoma psíquico que aparece, seguido de oscilações de humor, angústia e necessidade de se isolar. “Algumas contam, bem baixinho para ninguém ouvir, que perderam o “timing” de executar tarefas rotineiras, estão mais lentas e temem que isso seja prenúncio de algo pior. A memória falha, também acarreta outros problemas como culpa, vergonha e medo de doenças mais sérias”, revela.

Preparar o ambiente, flexibilizar a rotina e treinar as equipes
Na consultoria que presta às empresas, a equipe da Menospausa faz um diagnóstico completo, seguido de orientações que podem ser seguidas pelas organizações para acolher e facilitar a vida das colaboradoras que estão na menopausa.

Preparar adequadamente o ambiente, flexibilizar os horários para que elas possam praticar exercícios físicos (algo que ameniza muito os sintomas) e treinar as equipes de Recursos Humanos ou psicólogos são alguns exemplos de direções apontadas por Leila e seu time.

“Às vezes, só proporcionar um momento de conversa entre as colaboradoras já faz diferença. Porque quando uma mulher chega nessa fase, muitas vezes ela não sabe a quem recorrer”, comenta.

Para Leila, a menopausa é o próximo tabu a cair. E levar essa pauta para o ambiente corporativo é um passo necessário e definitivo para que isso aconteça.