Bom para o corpo e para a cabeça (Foto: José Fernando Ogura)

Novo estudo sobre os benefícios do exercício físico podem ajudar a amenizar a ‘culpa’ daqueles que não conseguem abraçar uma rotina diária de academia. Isso porque, os cientistas descobriram que acumular o tempo recomendado de exercício físico por semana em só dois dias já seria capaz de reduzir o risco de desenvolver 264 doenças. O dado refere-se a uma comparação entre o indivíduo ativo e aquele que se mantém sedentário.

A conclusão é do estudo de pesquisadores do Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, publicado na revista científica Circulation, da American Heart Association (AHA). Foram avaliadas 678 condições de saúde. Não houve diferença significativa no nível de proteção quando o estudo comparou os “guerreiros do fim de semana”, como é conhecido quem acumula atividades físicas no sábado e domingo, com os que distribuem o tempo de exercícios em mais dias.

Segundo a pesquisa, foi observado risco até 50% menor de condições cardiometabólicas incidentes, como hipertensão, diabete, obesidade e apneia do sono, tanto com o padrão de ‘guerreiro do fim de semana’ quanto com atividade regular. Antigamente, a recomendação era de se exercitar pelo menos cinco vezes por semana por 30 minutos.

Essa ‘norma’ mudou na última década, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar ao menos 150 minutos de atividade física moderada e intensa semanalmente, sem indicar padrão a ser seguido.

“Como parece haver benefícios semelhantes para o guerreiro de fim de semana em comparação à atividade regular, pode ser o volume total de atividade, em vez do padrão, que mais importa”, afirmou Shaan Khurshid, coautor sênior do estudo, em comunicado à imprensa.

Na pesquisa, foram usados dados de cerca de 90 mil pacientes do UK Biobank, grande estudo de longo prazo no Reino Unido sobre o impacto de fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento de doenças.

Para Guilherme Artioli, do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Faculdade de Medicina da USP e colunista do Estadão, a principal conclusão é que não faz muita diferença se exercitar em dois dias, no fim de semana, em dois dias consecutivos, ou espalhar o treino pela semana. “O que importa é você fazer exercício.”

A pesquisa, diz ele, ainda ajuda a desconstruir o antigo temor de que a pessoa sedentária ao longo da semana teria risco cardíaco maior em atividades moderadas e/ou intensas aos fins de semana. Esse temor, segundo ele, levava em conta raros casos de eventos cardíacos agudos durante exercícios em pessoas com alguma doença de base, às vezes desconhecida – por isso, indica-se check-up médico antes de iniciar qualquer atividade física.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.