corona emergencia geraldo
Depois de susto no mês passado, números da Covid recuaram (Geraldo Bubniak)

A chegada do inverno e queda da temperatura média em todo o País elevam o risco de doenças do aparelho respiratório. Mas quando é necessário o atendimento de emergência? Essa resposta está no rol de recomendações práticas da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE) que visa prevenir o adoecimento de crianças e adolescentes por infecções virais respiratórias, comuns ao inverno.

Conforme alerta a entidade, somente em 2023, foram notificados no Brasil mais de 171 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ou seja, episódios de síndrome gripal que evoluíram com comprometimento da função respiratória. Os dados, coletados através do Boletim InfoGripe da Fiocruz, apontam que, desse total, crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis e grande parte dos casos tem como causa os vírus respiratórios (influenza, vírus sincicial respiratório, sars-cov-2 outros).

De acordo com a presidente da ABRAMEDE, Camila Lunardi, o intuito da Associação é ajudar pais e responsáveis, sobretudo em relação à prevenção de infecções respiratórias e ao agravamento de sintomas de algumas doenças como alergias, sinusite e asma. “Mesmo lugares mais quentes vivenciam as mudanças de temperatura, típicas desta época do ano. Além disso, temos presenciado os efeitos das ações humanas na natureza, como o aquecimento global, que traz consequências graves a toda a população, como queimadas e aumento da temperatura em épocas incomuns. Isso faz com que doenças respiratórias se agravem e, assim, quadros agudos levam milhares de crianças às emergências em todo o País”, destaca.

Vírus sincicial respiratório (VSR)

É um dos principais agentes causadores de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas, além de um dos grandes responsáveis por bronquiolites e pneumonias. Qualquer bebê pode ter formas graves, com risco de hospitalização, principalmente se tiver menos de seis meses de idade. Desse modo, de acordo com a ABRAMEDE, é importante que os pais estejam atentos aos sinais, uma vez que seus sintomas são parecidos com os de uma gripe ou resfriado. Entre os sintomas mais recorrentes estão:

falta de apetite
irritabilidade
nariz entupido
apatia
febre
sinais de desidratação
tosse e dificuldade respiratória

Gripes e resfriados

Para evitar a contaminação dos pequenos, deve-se levar em consideração as mesmas precauções de uma gripe ou resfriado. É importante a higienização das mãos com água e sabão e evitar contato com pessoas que estejam com síndrome gripal. Além disso, sempre deixar a criança em casa quando tiver com alguns dos sintomas, para que a doença não seja disseminada na escola.

Influenza, pneumonia e meningite

O Programa Nacional de Imunização (PNI), do Sistema Único de Saúde (SUS), é uma grande conquista da população brasileira, considerado referência internacional em vacinação e saúde pública. Anualmente, o PNI disponibiliza a vacina contra a influenza para um grupo grande de pessoas, entre elas, crianças de 6 meses a menores de 6 anos, que são suscetíveis a terem quadros mais graves de gripe.

A vacina age para estimular a produção de anticorpos contra o vírus da influenza. Quem tomou o imunizante em anos anteriores também deve receber a vacina atualizada. Além disso, há vacina disponível para pneumonia 9 (pneumocócica 23) e meningite (meningocócica conjugada).

“É indispensável levar crianças para receber as vacinas. Todos nós sempre que possível devemos nos imunizar. Vacinas são seguras e uma forma eficaz de proteção contra doenças graves. Em caso de dúvidas sobre esquema vacinal, doses e público-alvo, basta consultar um médico”, frisa a dra. Camila Lunardi.

Quando procurar a emergência

Segundo a ABRAMEDE, em julho e agosto, a queda significativa da temperatura e da umidade relativa do ar facilita a transmissão de infecções respiratórias e a manifestação de alergias. Desse modo, nesse período, há sinais de alerta que devem chamar a atenção dos pais a ponto de procurar de forma urgente assistência médica. Veja os principais:

Em crianças menores de dois anos – qualquer dificuldade respiratória ou respiração acelerada
Em crianças maiores de dois anos – falta de ar, febre alta persistente e mal-estar geral
Crianças com condições de risco, como portadores de doenças crônicas e prematuros, merecem atenção redobrada.

Dicas gerais

Caso tenha que ir a algum local público com as crianças, em que haverá aglomeração, previna a contaminação usando máscaras N95. Na avaliação da vice-presidente pediatra da ABRAMEDE, dra. Patrícia Lago, valem as mesmas recomendações da pandemia de COVID-19. “Quando a criança estiver com sintomas respiratórios, a máscara é indispensável, para evitar a transmissão a terceiros. Também ensine que é educado cobrir o rosto com um lenço descartável ou com o braço ao tossir ou espirrar e de sempre lavar as mãos”, diz.

Além disso, a especialista salienta que a prevenção também passa por uma alimentação saudável. Uma dieta diversificada e rica em nutrientes auxilia no fortalecimento do sistema imunológico. Do mesmo modo, beber água também é essencial para manter o corpo hidratado. “Vale destacar o fator de proteção de uma noite de sono tranquila e que o aleitamento materno protege contra infecções virais nos bebês”.

Para Patrícia Lago, outra dica valiosa é dar atenção ao ambiente doméstico e às roupas adequadas. Fungos e ácaros se proliferam onde há umidade e pouca ventilação, prejudicando a saúde dos pacientes alérgicos. “Mesmo com dias mais frios, deixe a sua casa arejada, com janelas abertas nem que seja por algumas horas. Isso permite com que haja circulação do ar. Quando for sair de casa, lembre-se de vestir a criança de acordo com o clima. Evite o choque térmico com mudanças bruscas de temperatura, em especial nos locais em que há o uso de aquecedor ou ar-condicionado”, finaliza.