Mais do que separar o lixo doméstico do material reciclável, cada cidadão pode transformar os resíduos orgânicos em adubo. O processo de compostagem, que é simples e pode ser feito em casa, beneficia o próprio morador, a cidade e o meio ambiente, pois diminui drasticamente a quantidade de lixo enviado aos aterros.

A sugestão é que se aproveite ao máximo as sobras de alimentos, como talos, cascas, sementes, raízes e folhas para o preparo de receitas. Mas as sobras inadequadas ao consumo, como cascas de ovos, frutas estragadas e borra de café, podem ir para a compostagem, gerando uma poderosa fonte de nutrientes para jardins, hortas, vasos e floreiras. Outros resíduos, como erva de chimarrão, restos de cortes e palha, também podem se transformar em composto orgânico.

É muito fácil e totalmente possível fazer a compostagem doméstica, mesmo para quem mora em apartamento ou numa casa sem quintal, explica o chefe da Unidade de Agricultura Urbana da Secretaria Municipal do Abastecimento, Edson Rivelino. Neste caso, o processo deve utilizar caixas, vasos, potes ou garrafas pets e a prioridade são os resíduos como folhas e ervas.

Há muita gente em Curitiba praticando a agricultura urbana, o que inclui a compostagem, informa Rivelino. Ele explica que a Prefeitura de Curitiba incentiva, orienta, fornece insumos e acompanha hortas urbanas, sejam elas comunitárias, caseiras ou institucionais. Atualmente, há cerca de 1,3 mil espalhadas pela cidade sob nosso acompanhamento e orientação e, em cerca de 70% delas, se pratica a compostagem, diz.

Para os interessados em começar, a Secretaria Municipal do Abastecimento informa que há três maneiras de realizar o processo: colocando os resíduos em pilhas, enterrados ou em recipientes, indicado para quem não tem um espaço ao ar livre (veja orientações mais detalhadas abaixo).

O especialista lembra que deve se evitar as gorduras animais, pois são de difícil decomposição, como também restos de carne e alimentos com sal, por atrair insetos e exalar mau cheiro. Materiais como revistas e jornais também devem ser evitados na compostagem, pois têm decomposição mais lenta. Os mesmos podem ser encaminhados para reciclagem.

A Secretaria Municipal do Abastecimento orienta e informa a população sobre compostagem, bem como distribui material didático e técnico, através do fone 41-3361-2359 e [email protected]


ORIENTAÇÕES

Compostagem em sistema de pilhas
. O material orgânico deve ser amontoado até formar uma pilha de aproximadamente 2 metros de comprimento, 1,5 metro de largura e 1 metro de altura, alternando camadas de 20 centímetros de materiais secos com materiais mais ricos em nitrogênio (folhas, restos de cozinha).
. Pilhas com dimensões mais reduzidas não promovem faixas de temperatura ideais para que o processo de decomposição ocorra de forma adequada.
. Ao montar as camadas vá molhando cada uma delas, mas sem encharcar.
. Para enriquecer o composto você pode utilizar, entre as camadas, materiais como: cinza (pouca quantidade), terra fértil, fosfato de rocha, calcário, finamente polvilhados.
. Proteja a pilha com palha e revire-a a cada 15 dias, começando na segunda semana.
. O composto ficará pronto para uso após um período de 90 a 120 dias.

Compostagem em sistema de enterro
. Deve ser aberto um buraco no chão, em local sombreado, onde os resíduos orgânicos serão depositados diariamente. A dimensão e a quantidade de buracos vão depender da quantidade de material orgânico disponível e da área de plantio. Recomenda-se, para hortas e jardins no quintal, a abertura de dois ou mais buracos, podendo-se utilizar medidas aproximadas de 1 metro de comprimento, 0,50 metro de largura e 0,50 metro de profundidade.
. É importante cobrir cada camada de material orgânico com uma fina porção de solo ou de palha para evitar o sol direto e para não atrair animais.
. Pode se misturar esterco, pois acelera a fermentação e enriquece o adubo.
. O adubo orgânico somente deve ser utilizado na horta e vasos quando este estiver totalmente curtido, após um prazo de 90 a 120 dias.

Compostagem em recipientes (indicada para apartamentos e casas sem quintal):
. Quando não há disponibilidade de espaço ao ar livre para formação de pilha ou enterro dos resíduos, os mesmos podem ser dispostos em recipientes, para a fabricação do composto orgânico.
. De preferência, reaproveite baldes de plástico velho, caixas de madeira, galões de água, caixas d’água quebradas ou potes de sorvete.
. Basta depositar o resíduo orgânico no local, tendo sempre a preocupação de manter o recipiente tampado, para evitar insetos e mau cheiro.
. Faça furos no fundo do recipiente para a saída do chorume (líquido eliminado pelo material orgânico em decomposição).
. Se o recipiente estiver sobre uma superfície impermeável, coloque uma vasilha (bacia rasa) no fundo para recolher o chorume.
. O líquido pode voltar à mistura do composto ou ser diluído e aplicado nas plantas (um copo de chorume para nove litros d’água).