Em entrevista, Paulo Tatit fala sobre a história do Palavra Cantada

O projeto Palavra Cantada surgiu em 1994 tão despretensiosamente que Paulo Tatit e Sandra Peres nunca imaginaram que chegariam ser unanimidade nacional nas vitrolas infantis do Brasil todo. A marca da dupla é o cuidado com a qualidade das letras, arranjos e gravações, além do respeito à inteligência e à sensibilidade da criança. São 13 CDs lançados, sendo seis deles premiados. Neste domingo, a dupla traz a Curitiba o novo show Aventuras Musicais, o primeiro com vídeos, como conta Paulo Tatit, em entrevista exclusiva ao Bem Paraná.

Eles usam a técnica de projeção de vídeo Lighting Mapping, que cria uma sensação realista de imagens dando a impressão de que a superfície projetada está em movimento e coloca o espectador dentro do espetáculo. Os dois cantam, dançam e brincam muito com as crianças e também com os seus brincantes. Daniel Ayres, Julia Pittier, Marina Pittier e Estevão Marques, não param um minuto no palco. Na bateria, a maluquinha Michelle Abu joga os pratos pra cima levando a criançada à loucura, além das doidas performances do guitarrista Wen, uma novidade no show.

No repertório, muita coisa nova como a inédita Músicos e Dançarinos, feita em homenagem à Copa, e, ainda, releituras de O Leãozinho, de Caetano Veloso, e O Vira, do Secos e Molhados. Os clássicos, Sopa e Vem Dançar com a Gente também aparecem, além da música Rato, que ganhou nova versão com participações muito especiais: Maria Gadú é a Lua, Ana Cañas é a Nuvem, Wanderléa é a Brisa e Zélia Duncan é a Parede. E, é claro, Paulo e Sandra, são o Rato e a Rata. Aqui, os principais trechos da entrevista:

Bem Paraná — Como surgiu o projeto Palavra Cantada?
Paulo Tatit — Surgiu em 1994 de uma conversa boba sobre fazer canções para ninar. Nem passou pela nossa cabeça que tudo viraria o projeto Palavra Cantada, muito menos um selo. E tudo isso.

BP — Mas o projeto veio preencher uma lacuna na música infantil de qualidade no Brasil?
Tatit — Não tínhamos a menor pretensão disso. O projeto foi crescendo muito devagarinho. Um disco após o outro. E só em 1998 tomamos dimensão de que o sucesso existia e que poderíamos até ganhar dinheiro com o projeto desde que nos dedicássemos a ele. Os nossos primeiros sucessos foram o Rato, Sopa ou Ora Bolas.

BP — E, hoje como o Paulo e a Sandra lidam com o Palavra Cantada? São muitos projetos?
Tatit — Estamos sempre tentando colocar ordem em um meio naturalmente desordeiro. No momento estou trabalhando em um projeto de desenho animado, que na verdade é de 2008, enquanto a Sandra tem outro projeto. Mas, ao mesmo tempo, estamos gravando o novo disco. E temos reuniões constantes com parceiros comerciais. Temos que decidir se lançamos brinquedos, se abrimos aquele bufê de aniversário, temos a produção de videoclipes. É muito coisa e ao mesmo tempo.

BP — Vocês imaginavam que o Palavra Cantava faria tanto sucesso?
Tatit — Não mesmo. Era um projeto totalmente despretensioso.

BP — Vocês continuam independentes?
Tatit — Totalmente. Isso é bem engraçado, porque as gravadores elogiam, fazem propostas absurdas de baixas e nós continuamos muito bem independentes. São propostas muito inconsistentes. Realmente não entendemos onde elas querem chegar. Sei que elas não andam muito bem, e nós estamos bem.

BP — Vocês tem uma parceria com o canal infantil Discovery Kids? Como anda?
Tatit — Sim, como independentes, temos ótimas parcerias. A Discovery Kids é uma delas, que já dura dois anos e cada vez aumenta. Eles passam nossos vídeos e são um sucesso.

BP — E você acha que o mercado de música infantil no Brasil é promissor?
Tatit — Quando nós começamos estávamos sozinhos, mas depois surgiram projetos muitos legais, como o Cocoricó, o projeto da Adriana Calcanhoto, o Pequeno Cidadão, o da Maria Bethânia. Há um movimento de artistas que entenderam que as crianças são um público maravilhoso, receptivo e que merece boa música. Estamos formando o público de música brasileira de amanhã.

BP — E para o show que vão em fazer em Curitiba no domingo, quais as novidades?
Tatit — É o primeiro show com cenário. São imagens extraídas dos nossos videoclipes. Uma inovação. Também vamos tocar músicas que não são nossas, coisa que nunca fizemos. Tocamos as músicas Leãozinho, de Caetano, e O Vira, do Secos e Molhados. As duas músicas estão no nosso novo disco, que ainda estamos gravando. Novidades bacanas.

DISCOGRAFIA

Serviço
Quando: 01 de setembro às 16 horas
Onde: Teatro Positivo
Quanto: R$ 120 inteira. R$ 60 meia (para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais).