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Foto: Anderson Tozato/SEEC

O Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR) avança em seu projeto de expansão com a incorporação de um espaço histórico de grande relevância, em Curitiba. O Centro de Triagem da Rua Barão do Rio Branco, que por anos serviu como local de custódia temporária para detentos sob responsabilidade da Polícia Civil do Paraná (PCPR), agora será transformado em espaço cultural vinculado ao museu.

A primeira etapa de readequação do espaço será na parte dos cárceres, que passará por uma ressignificação, antes da fase de obras, previstas para o ano que vem. Uma primeira ação cultural acontece já na próxima semana, no antigo vão livre que dava acesso aos cárceres. Trata-se da Mostra Iconoclássicos, que será realizada de segunda sexta-feira, 21 a 25 de outubro. Haverá exibições de filmes e rodas de conversa. 

O prédio, que fazia parte do terreno do Palácio da Liberdade, sede original do Governo do Paraná e atualmente casa do MIS-PR, foi progressivamente desocupado graças a um acordo entre a secretaria estadual da Segurança Pública e a secretaria estadual da Cultura. O acordo possibilitou a transferência dos detentos para outras unidades e abriu caminho para que o museu assumisse a totalidade do espaço.

Agora, sob a gestão do MIS-PR, o espaço passa por uma transformação cultural profunda, voltada para promover diálogo, reflexão e trocas sobre questões sociais e de direitos humanos.  

A ressignificação do espaço se baseia em amplo trabalho de pesquisa, interlocuções e busca de parcerias. O MIS-PR consultou uma série de instituições relevantes, como o Museu do Carandiru e o Museu da Resistência, ambos em São Paulo, além de estabelecer diálogos com a Defensoria Pública, a Polícia Penal do Paraná (PPPR), o Instituto Médico Legal (IML) e a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O esforço visa compreender e readequar o local de maneira sensível com a reflexão sobre memória, cultura e direitos humanos. 

AMBIENTE CULTURAL – Para transformar a antiga ocupação em um novo ambiente cultural, o lugar está sendo temporariamente readequado, antes de entrar em processo da obra, prevista para o ano de 2025, com nova sinalização, iluminação, cenografia e com o resgate de memórias do local que será nomeado Cadeia Produtiva. A primeira fase do projeto de ressignificação terá duração de 12 meses. A diretora do MIS-PR, Mirele Camargo, explica como o espaço será usado na primeira etapa com mostras, palestras e rodas de conversa.

Segundo ela, o objetivo da renovação do ambiente é debater e reinterpretar o local. Assim como outras instituições culturais e museais como o Museu do Carandiru e o Museu da Resistência, o MIS-PR assume a responsabilidade de estimular debates críticos e se posicionar como espaço de mediação e reflexão. “Para isso, é fundamental criar um canal de comunicação com o público sobre questões sociais e o papel da cultura na promoção dos direitos humanos”, afirma.

Após a etapa de ressignificação, a área entrará em obras. O espaço de exibições audiovisuais será nomeado Sala Tiomkim, em homenagem a Osval Dias de Siqueira Filho, que trabalhou no MIS-PR por 24 anos. O pesquisador também colaborou na criação da Associação de Vídeo e Cinema do Paraná (AVEC-PR) e participou do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão no Estado do Paraná (SATED-PR). A homenagem responde a uma antiga demanda da sociedade, formalizada pela Câmara Municipal de Curitiba e a Assembleia Legislativa do Paraná.

MOSTRA ICONOCLÁSSICOS – A Mostra Iconoclássicos, primeira programação a ocupar a Cadeia Produtiva, é uma parceria entre a Associação de Amigos do MIS-PR e o Itaú Cultural. O evento, que ocorre de segunda a sexta-feira da próxima semana (21 a 25 de outubro), contará com exibições diárias seguidas de rodas de conversa com cineastas e especialistas convidados. O local de exibição será no antigo vão livre que dava acesso aos cárceres, enquanto o antigo espaço prisional ainda está sendo em processo de mudanças.

Confira a programação:

 – Segunda-feira, 21 de outubro: exibição do filme “Ex-isto”, de Cao Guimarães, das 16h às 19h — após a sessão, roda de conversa com o convidado Fernando Severo.

 – Terça-feira, 22 de outubro: exibição do filme “EVOÉ! – Retrato de um Antropófago”, de Tadeu Jungle e Elaine Cesar, das 16h às 19h — depois, roda de conversa Mauro Baptista Vedia.

 – Quarta-feira, 23 de outubro: exibição do filme “Daquele Instante em Diante”, de Rogério Velloso, das 14h às 16h — posteriormente, roda de conversa com Allan de Paula Oliveira.

 – Quinta-feira, 24 de outubro: exibição do filme “Assim É, se Lhe Parece”, de Carla Gallo, das 16h às 19h — em seguida, roda de conversa com Paulo Reis. 

 – Sexta-feira, 25 de outubro: exibição do filme “Os Signos da Luz”, de Joel Pizzini, das 17h às 19h — na sequência, roda de conversa com o próprio diretor do documentário, Joel Pizzini.