Comentários sexistas de um baterista de Curitiba em um grupo de whatsapp de músicos da cidade geraram revolta na cena musical local nesta quarta (03). Músico há mais de 30 anos em Curitiba, Silvio Palmerini, acabou desligado das duas bandas que trabalhava: Nega Fulô e She Rocks. As duas bandas têm mulheres como integrantes.
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“Mulher geralmente não rola tocando.. se mexem estranho e não tem pegada.. Bem poucas se salvam. Negócio delas é tocar piano ou uma… para mim”, postou ele no grupo de whatsapp, que também tinha mulheres entre os participantes. “É uma realidade! Não é comentário babaca não! Igual homem fazendo balet! Não tem a mesma desenvoltura das mulheres. Poucos e raros conseguem. Assim como as mulheres na bateria” Fato incontestável! E eu não disse todas!”. Após sofrer críticas de outros integrantes pelos comentários sexistas e machistas, Palmerini ainda continuou: “E retiro a … Achei que o grupo aqui não tinham mulheres! Mas meu comentário sobre como elas tocam continua o mesmo e deixem de ser falsos, moralistas e hipócritas pois vários de vcs, não vou citar nomes, já me disseram a mesma coisa sobre mulheres tocando bateria!! Não nego que tem boas bateristas, inclusive que colocam o homem no bolso, mas é um número bem reduzido”.
A reportagem tentou entrar em contato com Palmerini, mas ele não respondeu até o fechamento da reportagem. O músico também apagou os perfis no Instagram e no Facebook.
Bandas expulsam baterista depois de comentários sexistas
O músico, fundadores da Banda Nega Fulô e foi desligado dela nesta terça. O grupo se pronunciou nas redes sociais: “A banda Nega Fulô lamenta profundamente os últimos acontecimentos e informa o imediato desligamento de seu integrante, recentemente envolvido em pronunciamentos que vão contra os mais essenciais princípios de convivência em sociedade. É importante ressaltar que as declarações proferidas não refletem o posicionamento da banda, que desde o seu início conta com mulheres em sua formação, em uma relação mantida com total respeito e profissionalismo”. E afirma ainda “erros individuais são de responsabilidade de quem os cometeu e de forma alguma podem ser atribuídos a um coletivo”
A banda She Rocks também desligou Silvio Palmerini da função de baterista: “Em respeito à dignidade das mulheres musicistas e em especial a nossa conceituada líder e vocalista, informamos o desligamento do atual baterista”. Em comunicado no Instagram, o grupo afirmou que não comunga com posicionamentos sexistas.” Pedimos respeito aos outros integrantes, que trabalham de forma digna na cena musical desta cidade e obviamente não comungam com posicionamentos sexistas”. Esperamos que esse infeliz episódios sirva de reflexão para condutas intoleráveis e empoderamento feminino. A She Rocks continua na atividade e esperamos dividir os palcos com o máximo de mulheres possíveis”.
Revolta nas redes
A divulgação dos comentários do baterista gerou revolta entre as musicistas da cidade e também entre os fãs das duas bandas que Palmerini fazia parte. A produtora e uma das idealizadoras do projeto Rock Camp Curitiba, Roberta Cibin, que incentiva meninas e adolescentes a tocarem um instrumento, se manifestou no Instagram criticando as falas e colocando vídeos de mulheres curitibanas tocando. “Mulheres têm que ser geniais para serem reconhecidas em qualquer área, seja na música, na literatura ou na política. Para que nosso trabalho seja valorizado, precisamos ser as mais incríveis, enquanto muitos homens medíocres recebem reconhecimento. Por isso, é essencial exaltar as mulheres que estão na luta. Não podemos deixar passar esse tipo de comentário. E, principalmente, precisamos mostrar que chegou a nossa hora e não vamos recuar”, postou ela.
“Passou da hora de enfrentarem as consequências pelos comentários ofensivos! Deveria responder criminalmente pelas palavras de assédio. Como não foi direcionada a uma, todas que se sentem ofendidas, podem denunciar!”, afirmou uma fã do She Rocks.
“Conheço mulheres que tocam batera muito melhor que muitos caras por aí. E não tô falando de famosas não. To falando de gurias da cena underground mesmo”, disse outra.
