beetlejuice-2-michael-keaton
Michael Keaton em ‘Beetlejuice 2: Os Fantasmas Ainda Se Divertem’: mocinho, vilão e irônico (Divulgação)

Chega aos cinemas nesta quinta (5), 36 anos depois, a aguardada sequência de “Os Fantasmas Se Divertem”. E sim, Tim Burton conseguiu um mergulho nostálgico ainda mais divertido nos anos 80 e ainda com críticas à sociedade atual em “Beetlejuice 2: Os Fantasmas Ainda Se Divertem”. O filme é puro entretenimento, com críticas sociais escondidas e também divertidas, tanto para os saudosistas quanto para a nova geração.

No enredo do novo filme, Lydia Deetz (Winona Ryder), agora mais velha, lida com os fantasmas do passado, com uma relação difícil com sua filha, Astrid (Jenna Ortega), e com um relacionamento tóxico com um empresário noivo vivido por Justin Theroux. Lydia agora usa seus dons de ver e falar com mortos em um programa de TV sobre o assunto. E, claro, é infeliz com isso também. Qualquer semelhança com a vida real da maioria das mulheres não é mera coincidência. ‘Beetlejuice 2’ fala mais sobre as mulheres do que do próprio personagem icônico vivido mais uma vez brilhantemente por Michael Keaton.

“Este filme é sobre três gerações de mulheres que se unem para deixar o passado para trás. Infelizmente, o passado de Lydia volta a bater à sua porta quando Beetlejuice entra em cena e começa a criar o caos. Então, trata-se de as mulheres se unirem para sair da situação em que Beetlejuice as colocou. Em sua essência, acho que é um filme sobre família, essas três gerações aprendendo a combinar forças. Claro, Beetlejuice está lá para causar caos completo em tudo isso. Mas, na verdade, é sobre família”, disse Tommy Happer, atual produtor do projeto, em entrevista à imprensa internacional.

Na trama, uma tragédia inesperada reúne as três gerações da família Deetz. Lydia (Winona Ryder), com sua madrasta Delia (Catherine O’Hara) e sua filha, Astrid (Jenna Ortega). Os personagens retornam à casa em Winter River. Mesmo após anos, Lydia ainda é assombrada por Beetlejuice (Michael Keaton) e vê tudo mudar completamente quando Astrid abre o portal para a vida após a morte. É quando ela precisa da ajuda de Beetlejuice.

O fantasma fanfarrão agora é um “servidor” no mundo dos mortos lidando com ligações telefônicas, papéis e carimbos, mas nunca esqueceu Lydia. Ele agora ajuda, mas atormenta — e muito — também. Ora mocinho, ora vilão, ora irônico, mas sempre exagerado na medida, Michael Keaton deita e rola mais vez como Beetlejuice. Continua o mesmo e isso é maravilhoso. Muitos fãs temiam que, na nova versão em novos tempos, Beetlejuice sofresse uma humanização, mas felizmente isso não aconteceu.

O humor com a morte é um dos grandes destaques do filme e está ainda melhor que na primeira versão. São várias cenas e diálogos que provocam gargalhadas no espectador mesmo no meio de tripas, sangue e fantasmas bizarros. Delia Deetz (Catherine O’Hara) se destaca neste humor mais à vontade ainda, assim com Willem Dafoe, que vive Wolf Jackson, um ex-ator de filmes B, agora com o lado esquerdo do cérebro.

beetlejuice-2
Bettlejuice e Lydia (Winona Ryder): humor com a morte (Divulgação)

Tim Burton brinca sobre terceiro filme da saga fantasmagórica
Durante a coletiva no Festival de Veneza 2024, onde o novo filme de Beetlejuice teve sua estreia mundial, Tim Burton brinca com longo intervalo entre os dois filmes e disse que não conseguiria fazer um terceiro.
“Bom, vamos fazer as contas… demorei 35 anos para fazer o segundo filme, então quando o terceiro sair eu terei mais de 100 anos. Talvez seja possível com a ciência de hoje em dia, mas acho que não”, brincou o cineasta.

Sobre a demora para o segundo filme de Beetlejuice, Tim Burton afirmou que nada parecia uma resposta óbvia para a questão de como expandir a história original. O diretor confirmou que seu carinho pela personagem Lydia era tão sincero que ele só gostaria de abordar uma nova história que fizesse sentido para ela. A trama do novo filme ser ligada a uma tragédia familiar não é por acaso; Burton acredita que esse núcleo emocional, profundamente pessoal, não existiria sem ele ter passado por mudanças semelhantes em sua própria vida.

Mais
Os “fofinhos”

É preciso falar sobre “fofinhos” do filme (no conceito Tim Burton, é claro): são os Encolhidos. Se era um e aparecia uma vez no primeiro filme, agora são muitos e ganham espaço merecido na trama.

Monica Belluci
Para não dizer que é tudo é perfeito, Monica Belluci no papel de Delores, ex-mulher de Beetlejuice e na vida real mulher de Tim Burton, é linda, mas ficou nisso. Faltou espaço para a personagem tão enigmática, que prometia tanto. Mas, para quem estava com medo da continuação de Beetlejuice decepcionar diante do primeiro filme, deu até vontade de ver um terceiro.

Visual e trilha surpreendem
Visualmente, o filme não decepciona. Pelo contrário, surpreende. Tim Burton mantém o estilo gótico e macabro que está nos cenários e no figurino. As criaturas do pós-vida estão ainda mais bizarras e fascinantes que o filme original. Até mesmo os efeitos especiais foram usados na dose certa, mantendo o “tosco” característico de Burton.
A trilha sonora do filme é uma atração à parte também, com Bee Gees e clássicos do Soul. E sim conta com a música “Day-O (The Banana Boat Song)”, de Harry Belafonte.

FICHA TÉCNICA
Classificação: 14 anos
Duração: 104 minutos
Gênero: Comédia
Companhia: Warner Bros.
Elenco: Michael Keaton, Winona Ryder, Catherine O’Hara