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Livros antigos com capas coloridas podem esconder metais pesados. (Ana Ehlert)

Arsênico, chumbo, crômio e mercúrio são alguns dos metais pesados encontrados nas capas de livros antigos que podem envenenar seres humanos. Isso é o que revela estudo da Universidade de Delaware, nos EUA, chamado “Poison Book Project”. Os metais pesados foram encontrados em livros do século 19 com capas coloridas de verde-esmeralda, amarelo e vermelho brilhante.

A pesquisa começou por um acidente. A professora Melissa Tedone, chefe do laboratório de conservação da biblioteca do museu Winterthur que é associado à universidade, percebeu que um livro para uma exposição sobre antiquários vitorianos o pigmento começava a descascar. O volume era “Rustic Adornments for Homes of Taste”, um exemplar sobre decoração de capa verde.

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Durante o trabalho, ela notou que o pigmento apresentava um comportamento estranho quando observado em um microscópio. Na época em que restaurava o livro, ela estava lendo no seu tempo livre um artigo sobre papéis de parede com arsênico que eram comuns no século 19. Ela relatou em uma entrevista ao Whashington Post que a descoberta foi por acaso. “Pensei que talvez eu devesse testar este pigmento e garantir que não estivesse cheio de arsênico”. E estava.

O primeiro pigmento verde com arsênico foi inventado pelo químico sueco Carl Wilhelm Scheele em 1775. Como era mais vivo que os demais começou a ser usado em larga escala para colorir tecidos, inclusive de roupas.

De acordo com a pesquisadoras, as pessoas sabiam que o material era perigoso, mas eram os mais bonitos. Por isso, o o pigmento chamado de “Verde Paris” seguiu sendo utilizado.

A pesquisa já encontrou evidências de metais pesados (e tóxicos para o ser humano) como chumbo, crômio, mercúrio e o próprio arsênico em cerca de 50% dos livros testados. Crômio é mais comum nos livros de capas amarelas da época, enquanto o mercúrio é responsável pelos vermelhos mais vibrante.

O arsênico, que é o mais tóxico de todos os metais, foi encontrado em 300 livros. A Organização Mundial de Saúde (OMS) associa a exposição de longo prazo ao arsênico, especialmente por meio de comida ou água contaminada, a lesões na pele e potencialmente câncer de pele.

A exposição de pelo menos 30 minutos ao arsênico pode levar a dores abdominais, náusea, vômito, diarreia, tosse, dores no peito, dificuldades para respirar, dor de garganta, arritmias cardíacas, pressão baixa, vermelhidão e inchaço na pele, sensação de ardência.

Grandes instituições, como a Biblioteca Nacional da França e a Universidade do Sul da Dinamarca, com base neste estudos, já removeram os livros “mortais” de circulação. No entanto, a professora diz que isso não deve ser motivo de pânico e destruição dos livros.

A Universidade de Delaware disponibiliza aqui uma relação dos livros com resultado positivo para a toxicidade da capas.

O projeto orienta que os livros perigosos devem ser identificados e separados. A professora indica uma sacola plástica hermética. A leitura do livro deve ser feita com o uso de luvas nitrílicas e o exemplar deve ser posicionado sobre uma superfície dura, que pode ser mais fácil de limpar após o final da leitura. As luvas devem ser retiradas com cuidado e desinfetadas também.