O filme Cinquenta Tons de Cinza, adaptado do best-seller e  esperado ansiosamente por milhares de fãs, nem é tão tórrido quanto se esperava e fica bem longe do escândalo prometido por uma sofisticada campanha de marketing. “Você é um sádico? Não, sou um dominador”. Desde o início, Christian Grey, o personagem principal da saga, baixa a temperatura do filme, que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

Apesar de algumas cenas bastante cruas, o filme está longe das referências em matéria de erotismo, como O Império dos Sentidos, Nove semanas e meia de amor ou, mais subversivo ainda, O Último Tango em Paris. Na França, um dos países que tiveram o privilégio da estreia mundial, o filme é recomendado para maiores de 12 anos, o que demonstra sua suavidade. No Brasil, no entanto, a faixa etária recomendada é de 16 anos.

O filme, baseado no romance de E.L. James, que seduziu milhares de leitores, sobretudo mulheres, conta a história de amor e submissão de Grey e uma jovem de 22 anos, ainda virgem, seduzida durante uma entrevista.

Interpretado pelo ator Jamie Dorman, Grey, de 27 anos, é um multimilionário à frente de um império econômico que leva seu nome e também é um pianista virtuoso e piloto de helicópteros.  Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma estudante ingênua e sem dinheiro, se apaixona à primeira vista pelo executivo, que acumula todos os clichês do sucesso e da riqueza.

No quarto vermelho do menino de ouro, repleto de chicotes, algemas e máquinas de tortura, Grey inicia Anastasia no sadomasoquismo e, entre carícias com uma pena de pavão e cubos de gelo, propõe que ela se submeta a ele. “No fundo trata-se de uma simples história de amor, a de uma jovem sem experiência, mais forte do que ela mesma acredita, que encontra um homem com um passado doloroso, uma história sobre o poder de cura que o amor incondicional possui”, resume E. L. James, autor do romance, traduzido para 50 idiomas e que vendeu mais de 100 milhões de exemplares. “As cenas sexuais tomaram os jornais, mas o que comove os leitores é a história de amor”, sustenta a autora.

A diretora britânica do filme, Sam Taylor-Johnson, insiste na relação consensual entre os dois protagonistas. “Entram em acordo sobre o que se faz ou não, entre o que ele deseja e ela rejeita. Christian percebe, em seguida, que Anastasia não será dócil, que vai desafiá-lo”, afirma Taylor-Johnson.

Rapidamente, Grey mostra-se menos dominante do que se pensava e mais sentimental que o previsto, ao contrário dos trailers divulgados pela Universal, o estúdio que produziu o filme. Grey, apaixonado, cobre de presentes sua namorada e as cenas à luz de velas substituem pouco a pouco as sessões no quarto vermelho. Anastasia, para além de algumas cenas quentes, tenta tirar seu amado do sofrimento que o consome desde a adolescência, quando foi iniciado sexualmente por uma mulher misteriosa.

O longa é estrelado por Dakota Johnson no papel de Anastasia Steele e Jamie Dornan como Christian Grey, mas o elenco ainda conta com Eloise Mumford como Kate Kavanagh, Rita Ora como Mia Grey, Marcia Gay Harden como a Dra. Grace Trevelyan Grey e Andrew Airlie como Carrick Grey, além de Aaron Taylor-Johnson, Luke Grimes, Victor Rasuk, Max Martini, Jennifer Ehle e Callum Keith Rennie. Já a direção é de Sam Taylor-Johnson (O Garoto de Liverpool).


DISCÓRDIA ENTRE ESCRITORA E DIRETORA
De acordo com o site The Hollywood Reporter, a autora do livro Cinquenta Tons de Cinza, Erika Leonard James, teria exigido que a diretora do filme, Sam Taylor-Johnson, refizesse o final do filme. Isto porque, quando o roteiro estava sendo feito, EL James teria sugerido que a palavra final do filme fosse “pare”, mas o roteiro, que teria sido escrito por Patrick Marber, trazia a palavra “vermelho”, uma espécie de código do casal. Isto porque, no final do primeiro livro, Anastasia Steele teria pedido ao seu namorado, Christian Grey, que lhe batesse, mas ela muda de ideia e o abandona.

A mudança teria se dado pelo poder de influência que a escritora detém, uma das condições que teria exigido quando realizou a venda dos direitos de adaptação para a Universal Pictures. Segundo a diretora do filme, esta não teria sido a primeira vez que houve um conflito de ideias na elaboração do longa: “havia vezes que era muito, muito frustrante”, disse Sam Taylor-Johnson.

O livro, que tem mais de 90 milhões de cópias vendidas, conta a história de Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma estudante de literatura que realiza uma reportagem com o empresário Christian Grey (Jamie Dornan) para a revista de sua faculdade.

Segundo o jornal ‘The Sunday Times’, a adaptação para o cinema traz 12 cenas de sexo, que ocupam 20 dos 100 minutos de projeção. Nos trailers divulgados, nota-se que a pegada é ‘light’, sem tomadas explícitas. Passagens de maior impacto do livro ficaram de fora, como o trecho em que Christian Grey retira um absorvente íntimo de dentro da moça.

Sequência está confirmada
Apesar do filme ainda não ter sido lançado, a sequência Cinquenta Tons Mais Escuros já foi confirmada e contará novamente com os protagonistas Jamie Dornan e Dakota Johnson, além da diretora Sam Taylor-Johnson. Vale a pena lembrar que o trailer gerou mais de 95 milhões de visualizações no YouTube (o mais visto em 2014), e a fila é enorme para entrar no Quarto Vermelho da Dor, quer dizer, na sala escura do cinema e conferir Cinquenta Tons de Cinza.