Hateen lança DVD e lota o 92 Graus, em Curitiba

Leopoldo Scremin, especial para o Bem Paraná

Divulgação - A banda Hateen

Quem tem seus 30 anos de idade pelo menos uma vez na vida escutou o hit “1997”, “Quem Já Perdeu Um Sonho Aqui” ou até a sentimental “Minha Melhor Invenção”. No entanto, a banda responsável por todos estes hits que embalaram os jovens na década passada ainda continuam na ativa com um público apaixonado e fiel.

Estamos falando da banda paulista Hateen, que esteve em Curitiba na última sexta-feira lançando seu DVD e fará um show extra neste domingo, em formato acústico. E o que mais chama a atenção na banda é a capacidade de reinvenção. Com os integrantes já “pais de família”, muitas histórias sobre este longa jornada de 24 anos.

O que começou com músicas com letra em inglês e formações que contaram com integrantes de outras bandas, como Street Buldogs, CPM 22, Glória e até Charlie Brown Jr, teve uma grande mudança em 2005, quando receberam um convite de Rick Bonadio para lançarem seu primeiro álbum em português pela Arsenal Music.

“Procedimentos de Emergência” colocou diversas músicas do Hateen nas paradas de sucesso, o que fez a banda ganhar vários prêmios como revelação, tocando em quase todas as rádios do Brasil. Foram clipes na MTV, shows e festivais renomados até que a banda decidiu voltar às suas raízes, deixando de lado o mainstream se tornado independente.

“Fazer sucesso no underground é mais satisfatório que na época de gravadora”, conta Fábio Sonrisal, guitarrista da banda. ”Quando estávamos em uma gravadora grande estava tudo pronto, com músicas tocando na rádio e te alavancando. Como um post pago de Facebook. Hoje temos um alcance orgânico do nosso trabalho, então é muito mais legal.”

O trabalho – ou trabalhos – pós “fama” são os álbuns “Obrigado Tempestade” e “Não Vai Mais Ter Tristeza Aqui”, que mesmo com cópias físicas a venda foram distribuídos via plataformas digitais. O novo projeto, razão deste show em Curitiba, é o DVD “Obrigado Hangar 110”, que marcou sua despedida da famosa casa de shows paulista, que encerrou suas atividades em 2017.

“Pintaram muitos shows pelo Brasil, o que pra gente não é tão comum, principalmente no Norte, no Sul e Nordeste”, conta Rodrigo Koala, vocalista e guitarrista da banda. “A galera está redescobrindo algo que já estava aí. Como não somos um show tão grande, como CPM 22, por exemplo, acaba ficando legal para os produtores e enchendo os lugares. A gente hoje vive em uma linha tênue entre o underground e o mainstream.”

Como o Hateen voltou a ser independente, não existe uma gravadora por trás dos investimentos em gravação, ficando tudo a cargo da banda. Assim foram as produções dos últimos dois álbuns, “Obrigado Tempestade” e “Não Vai Mais Ter Tristeza Aqui”. O DVD lançado na segunda metade de 2018 foi diferente, uma vez que contou com um crowdingfunding, a famosa “vaquinha” na internet.

O Hateen recebeu fundos dos fãs em troca de prêmios, que passavam por produtos oficiais e exclusivos da banda, até festas na piscina com a banda tocando. O resultado foi ótimo, com um DVD que revisita antigos sucessos da banda desde sua época de músicas em inglês, passando pelos hits famosos e as músicas dos últimos dois álbuns.

“A gente tinha uma relação grande com o Hangar 110, nos 18 anos que ficou aberto e dando espaço a bandas independentes”, continua Koala. “Existia um carinho muito grande entre o Hateen e esta casa de shows que marcou época. Então decidimos gravar nosso primeiro DVD. Conseguimos o dinheiro para fazer o projeto e ficou dez vezes melhor que a gente esperava.”

No show e Curitiba, no tradicional bar undergroud 92 Graus, a banda chegou a se surpreender com o público. Casa cheia para prestigiar estes músicos que fizeram parte da adolescência de muitos “trintões” que estavam presentes. O que chamou a atenção foi a quantidade de pessoas mais jovens, mostrando que a banda consegue atingir novas pessoas a cada álbum.

“É difícil identificar quem já conhecia e quem está conhecendo agora”, fala Sonrisal sobre este mix de público nos shows. “Muda muito de cidade para cidade. Em São Paulo são uns 70% de gente que já gostava antes e 30% que estão começando a vir agora. Hoje aqui tinha de tudo, uma galera das antigas, bastante gente mais nova. E a música faz isso, junta várias gerações para ouvir o mesmo som.”

Então se você se interessou pelo DVD do Hateen ou está lamentando por ter perdido o show de sexta, hoje terá mais uma oportunidade de acompanhar a banda. Eles fazem um show acústico no Belvedere Pud (Rua México, 483 Bacacheri) a partir das 15 horas. Uma ótima oportunidade de conhecer ou relembrar músicas que marcaram época.

Rodrigo Koala, o hitmaker

Além de compor para o Hateen e tocar guitarra, Rodigo Koala tem uma participação efetiva no rock brasileiro. Ele se destaca como compositor de hits famosos como “Não Sei Viver Sem Ter Você” e “Um Minuto Para o Fim do Mundo”, que fizeram muito sucesso com o CPM 22, “Um Pouco Mais” do NX Zero e “Invisível”, do Ira.

E isso alavancou uma nova carreira, a de hitmaker. Hoje ele trabalha compondo para artistas como Luiz Possi, por exemplo, na Midas Music. Para ele é um orgulho poder músicas que nasceram em seu violão sendo tocadas no Rock In Rio, por exemplo.

“Cara, é muito louco”, conta o autor de “Eu Vou Tentar”, do Ira. “Sempre torci pelo CPM, viramos amigos e acredito que eles são especiais. Ver esta galera contando músicas que eu compus, me dá muito orgulho. Ver – mesmo que com outras bandas tocando – uma música minha chegar a tantas pessoas, vê-las cantando em um Rock In Rio e muito legal. Você vê que a mensagem chegou às pessoas.”