São Paulo, 28 (AE) – A Amazônia está na pauta do dia. Seja em documentários, como no assustador “Uma Verdade Inconveniente” do ex-vice presidente americano Al Gore – e que faturou o Oscar 2007 de Melhor Documentário -, seja como tema da campanha da fraternidade ou ainda diante do estarrecedor documento divulgado pela ONU sobre o aquecimento global. Um bom caminho para compreender a Amazônia em suas diversas nuances é o livro “Quando o Amazonas Corria para o Pacífico, Uma História Desconhecida da Amazônia” (Editora Vozes, 256 págs.), escrito por Evaristo Eduardo de Miranda.

O autor relata que, hoje, todo o mundo defende a floresta amazônica, mas de acordo com sua própria visão da região. “Ainda se ignora a presença humana na Amazônia, bem antes da chegada dos portugueses. Poucos entendem como foi possível esse território espanhol passar para o domínio português”, destaca Miranda. Ele explica que as publicações, reportagens, pesquisas, campanhas e movimentos quase sempre lutam por uma parcela da realidade amazônica: floresta, recursos minerais, territórios indígenas, fauna, populações ribeirinhas, água doce, parques nacionais, etc. Mas é necessário pensar a Amazônia como um todo.

Para defender algo é preciso conhecer sua história. Na primeira parte de “Quando o Amazonas Corria para o Pacífico”, Miranda apresenta de forma simples e direta a história natural amazônica Como era essa região quando o grande rio equatorial ainda corria para o sentido Oeste e desaguava no Pacífico? O autor usa a teoria da união dos continentes para a sua argumentação. “Durante milhões e milhões de anos, após separar-se da África, a América do Sul ficou isolada no meio do oceano como uma ilha imensa. Flora e fauna se desenvolveram de um modo muito diferente da África, Ásia, Europa e América do Norte. Como caixas de surpresas, os capítulos desse livro expõem o surgimento do istmo do Panamá, as mudanças dramáticas com a invasão de uma nova biodiversidade vinda do Norte, até a chegada muito tempo depois dos caçadores da América do Norte, que povoaram a Amazônia em levas sucessivas.”

OUTRAS PARTES

A segunda parte aborda a história humana da Amazônia. Os vestígios dos primeiros povos amazônicos estão na humanização das florestas e cerrados, em marcos vivos. “E esse livro, baseado em pesquisas científicas recentes, entrevê etapas dessa história não linear e até pouco tempo oculta. Descreve parte dessa história natural e humana que transformou a Amazônia, bem antes da chegada dos europeus e dos ambientalistas.”

Já a terceira e a última parte trata da história política da floresta até a sua incorporação ao Brasil. O autor observa que os espanhóis, os primeiros colonizadores a chegar à Amazônia, não foram capazes de dominar a região. Miranda também destaca a importância econômica da Amazônia neste século 21: “A população da Amazônia atinge os 25 milhões de habitantes e cresce mais de um milhão por ano. Sua agricultura já responde por quase 20% da produção de grãos do Brasil. Seu PIB é um dos que mais cresce no País. Pode parecer difícil a missão de proteger, preservar e desenvolver a Amazônia de forma sustentável. Esse livro apresenta uma nova perspectiva quanto à história da Amazônia e demonstra o quanto mais difícil e árdua foi a missão dos nossos antepassados em conquistá-la e mantê-la no território nacional. Ele estende o olhar do leitor para além do horizonte dos dias de hoje e o convida a uma expedição, não apenas pelo território, mas pelo tempo da Amazônia.”