Prestes a encarar um perigo mortal, Ethan Hunt, agente da organização IMF, dá um leve sorriso de deboche. Diante de um adversário duas vezes maior que ele (algo que não é raro para o notoriamente tampinha Tom Cruise), ele faz uma careta e apanha mais do que bate. Diferentemente da atual sisuda franquia de James Bond, Missão: Impossível segue atrás do humor e de cenas de ação cada vez mais grandiosas. E tem dado certo.

O quinto filme da série, que chega nesta quinta-feira, 13, ao Brasil, estreou mundialmente (em 32 países) na semana passada e arrecadou US$ 121 milhões apenas no primeiro fim de semana. Um recorde de abertura da franquia que, veja só, era dada como morta.

Algo acontece com essa relação entre o ano de 2015 e as séries cinematográficas. Que o diga Jurassic World, cuja arrecadação em bilheteria ultrapassou a faixa dos bilhões. Missão: Impossível – Nação Secreta, contudo, não passou 20 anos longe das telonas. Depois de dois episódios bem-aceitos, o terceiro capítulo da franquia deixou a desejar e quase enterrou Hunt e companhia. Cruise, contudo, soube recuperar o personagem com o quarto filme, Protocolo Fantasma, e entrega agora o melhor longa da série.

É ação o tempo todo, sem muito espaço para drama ou conversa fiada. Sequer há espaço para uma tensão sexual entre Hunt e a outra protagonista interpretada por Rebecca Ferguson — uma marca de filmes de espiões e agentes secretos.

Em contrapartida, por mais que a jornada de Hunt soe como infundada, transformada numa série de cenas estonteantes e mirabolantes, o roteiro de Christopher McQuarrie, que também dirige o longa, reúne as peças principais e coloca a agência para qual Hunt trabalha em extinção numa batalha contra o Sindicato, uma sociedade secreta por trás dos maiores atos terroristas. Hunt encontra sua contraparte: uma versão dele inclinada para a destruição e capaz de antecipar seus passos.

Estabelece-se rapidamente os lados dessa luta maniqueísta e não há reviravoltas. Peças não mudarão de lado no tabuleiro e Cruise tem o seu caminho pavimentado para brilhar como só ele sabe – e tem se mostrado um dos poucos de Hollywood ainda capazes de garantir bilheteria apenas com o seu nome.

Curioso é que a franquia chamou Jeremy Renner para integrar o elenco fixo no quarto filme, Protocolo Fantasma, caso Cruise não desse mais conta. Um desperdício, não fosse pela injeção de humor dada pelo personagem. Cruise vai fundo para causar impacto nos espectadores. Pendura-se de verdade em um avião decolando e fica minutos intermináveis debaixo d’água. Já seria angustiante sem saber que ele dispensou os dublês para as cenas. E sorri matreiro enquanto faz suas estripulias. Como não rir junto?

TRILHA MUSICAL GANHA CAIXA COM 6 CDs
Em 1966, um tema parcialmente composto em compasso 5/4, o mesmo usado pelo jazzista Dave Brubeck no clássico Take Five – a pioneira peça de jazz a usar essa métrica – entrou pela primeira vez nos ouvidos dos espectadores de televisão para nunca mais sair. O tema, composto pelo argentino Lalo Schifrin, conhecido por suas trilhas para filmes de ação (Bullitt, Magnum), acompanhou a série Missão Impossível em sua primeira fase (1966-1973), em sua ressurreição na TV, em 1988, além da série de filmes estrelada por Tom Cruise. Há cinco anos, o tema foi usado até mesmo num comercial da Lipton.

O sucesso do tema de Missão Impossível, que durava pouco mais de alguns segundos na apresentação dos créditos da série, agora pode ser ouvido numa caixa importada com seis CDs (US$ 99,98), lançada esta semana, em edição limitada (1.500 exemplares) pelo selo La La La Land Records, que traz desde os arranjos originais de Schifrin às contribuições posteriores de Gerard Fried, Don Ellis e Jerry Fielding.

ESTREIA MUNDIAL SOMA CIFRAS E SUCESSO
Missão Impossível: Nação Secreta, quinto filme da saga protagonizada por Tom Cruise, conseguiu no último fim de semana, em sua estreia simultânea em 32 países, bater o recorde de bilheteria da franquia, ao arrecadar US$ 121 milhões.

A Paramount Pictures Spain, produtora e distribuidora do filme, informou à Agência efe que estes dados representam a melhor abertura de um filme de Tom Cruise em 27 dos 32 países nos quais estreou.

Hoje o filme soma no mundo todo arrecadação de US$ 265 milhões, à espera da resposta do público em mercados estratégicos em que ainda não estreou, como Brasil, China, França e Itália. A direção e o roteiro são de Christopher McQuarrie, e a produção de JJ Abrams e de Tom Cruise, que volta a assumir a pele do agente Ethan Hunt para enfrentar, junto com seus companheiros da agência ultrassecreta IMF, a The Syndicate.

Ao grupo de espiões liderado por Hunt estão figuras já conhecidas do público.