Divulgação – Madonna completou 60 anos neste 16 de agosto.

Madonna Louise Veronica Ciccone ou, simplesmente, Madonna. A maior cantora das últimas quatro décadas, responsável por prever e antecipar os maiores movimentos culturais e sociais, da década de 70 até os dias de hoje. Exagero? Não mesmo. Se atualmente existem milhares de pessoas aproveitando a liberdade, seja comportamental, sexual ou de pensamento, foi graças às barreiras quebradas por ela em décadas anteriores.

Musicalmente, ela foi responsável, ao lado de Michael Jackson, pelas grandes inovações que acompanhamos no terreno sonoro. Impossível não olhar para trás e perceber toda a influência ocasionada pelas experimentações de Madonna. Nada escapou ao seu faro: do rock ao pop, passando pelo eletrônico, gospel, R&B, jazz, house, disco e new wave, a cantora antecipou ou revitalizou tendências, transformando seu som a cada novo álbum, o que a tornou uma peça indispensável na engrenagem musical. Apesar do seu primeiro álbum ter sido lançado em 1983, numa análise total de sua obra, pouca coisa se tornou datada. E isso é um grande feito, em um ramo tão instável e volúvel como o da música.

Mas, além das produções sonoras, a grande herança de Madonna se traduz na sua importância histórica, social e cultural. Ao trazer, para a luz dos holofotes, todos os preconceitos que envolvem sexo, religião, feminismo, sexualidade, política e família, a Rainha do Pop foi responsável por incentivar a quebra de paradigmas e de hipocrisias, como poucas personalidades da história mundial. É esse o grande trunfo de Madonna: a coragem em enfrentar e derrubar conceitos preestabelecidos, ou como diria Marina Lima na canção "Pra Começar": "Os tais caquinhos do velho mundo…"

E, pra quem considera a cantora ultrapassada, se engana: no alto dos 60 anos completados neste 16 de agosto, ela agora enfrenta o preconceito direcionado às pessoas da terceira idade: ao se manter ativa, produzindo e vivendo sem medo, Madonna desperta a fúria e indignação de quem se agarra a ideias antigas. Mas, como o curso da história mostra, mesmo em períodos nos quais a intolerância se propaga a níveis assustadores, a mudança sempre acontece.

Então, para compreendermos as inovações dessa artista que ainda tem muito a dizer (e também para homenageá-la), selecionamos os 15  maiores clipes de Madonna, e que são a tradução perfeita das mudanças sociais proporcionadas por ela.

Vogue (1990)

A música e o clipe mais importantes da carreira de Madonna. Ao colocar a homossexualidade no centro das atenções, dando voz (ou imagem, como preferir) a gays negros, asiáticos e afeminados, em uma produção que remete ao glamour e à época de ouro do cinema hollywodiano. Dirigido por David Fincher (a cabeça por trás dos filmes Seven e Clube da Luta), o vídeo foi responsável por fazer a cantora atingir o auge da sua popularidade.

Like A Prayer (1989)

A ruptura de Madonna contra o status quo. Racismo, intolerância religiosa e preconceito em uma produção esmerada que, mesmo tendo quase 30 anos, se mantém dolorosamente atual. Por causa desse clipe, Madonna perdeu contratos e teve problemas com o Vaticano.

Express Yourself (1989)

Outra obra de David Fincher, com uma estética que mistura os filmes 'Blade Runner' e 'Metrópolis'. O clipe critica a revolução industrial, ao mesmo tempo em que insere a mulher como o elemento dominante da sociedade. A letra da canção é um dos melhores libelos feministas da história da música. É de 1989, mas nunca esteve tão atual.

Justify My Love (1990)

Dando prosseguimento ao período mais questionador de sua carreira, Madonna resolve usar sua influência para "estudar" as preferênciais sexuais do ser humano, olhando através do buraco da fechadura. Fetiches, lesbianismo e sadomasoquismo em um clipe que aborda, apenas, o direito de exercer toda forma de amor que o ser humano quiser. De autoria de Lenny Kravitz, a canção causou muita polêmica por causa do clipe, que foi proibido por algumas emissoras.

Erotica (1992)

 

Do período em que Madonna lançou o polêmico livro 'Sex' e se tornou a personalidade mais detestada da América. Motivo? Mostrar que a mulher era a única responsável por sua sexualidade, e por ter o direito de exercê-la da maneira que quisesse. 

Papa Don't Preach (1986)

Machismo, gravidez na adolescência e aborto, colocados lado a lado e discutidos por Madonna nesta canção. A partir daqui, a cantora começou a angariar respeito da crítica.

Like A Virgin (1984)

O primeiro indício de onde Madonna queria chegar. Discutido até por Quentin Tarantino em seu 'Cães de Aluguel', o tema da canção é simples e direto: o momento em que uma mulher atinge o seu primeiro orgasmo. A performance de Madonna no VMA, premiação da MTV, vestida de noiva e simulando masturbação (dando a entender que não precisava de homens para sentir prazer), é um dos momentos mais importantes e históricos da televisão mundial.

Material Girl (1985)

Emulando Marilyn Monroe, e reproduzindo, quase que fielmente, uma cena dela no filme 'Os Homens Preferem as Loiras', Madonna ganhou, injustamente, o título de 'garota materialista'. A canção, como já foi dito por ela, é uma crítica ao consumismo e à obsessão pelo 'ter'.  

Oh Father (1989)

Outro clipe saído das mãos de David Fincher, traduz perfeitamente o objetivo da canção: discutir os abusos infantis e suas consequências na vida adulta. Arrisco dizer que é a mais bela (e triste) música da carreira de Madonna. 

Human Nature (1994)

Após as severas críticas recebidas por causa do álbum 'Erotica' e do livro 'Sex', Madonna surgiu menos polêmica no sucessor 'Bedtime Stories'. Mas não deixou sua verve crítica e ironia de fora: a letra da música deixa claro que o sexo e o fetiche são partes indissociáveis da 'natureza humana'. Tapa com luva de pelica, em uma canção que mistura R&B e hip-hop de forma elegante.

Rain (1993)

Outra bela canção de Madonna, em um clipe histórico. Filmado em preto e branco, foi pintado à mão de azul, para atingir a estética demonstrada no vídeo.

Frozen (1998)

Madonna discute o peso do ódio na atualidade, em um clipe perturbador.

Ray Of Light (1998)

A fugacidade do tempo e a pequenez do ser humano em relação ao universo. Madonna em sua fase espiritual, mesclando música eletrônica, rock, techno e trance, e definindo o rumo da música para os dias atuais.

Bedtime Story (1995)

Prenúncio do caminho da música eletrônica, que pautou Madonna do final dos anos 90 até os dias atuais. Talvez, o seu clipe mais ambicioso.

Bad Girl (1993)

Outra parceria bem-sucedida de David Fincher e Madonna. Não é um clipe: é um verdadeiro curta-metragem. Toda a estética noir dos filmes do diretor foi criada neste vídeo.

 

Menções honrosas

São mais de 60 clipes, e como é difícil deixar muitos de fora, selecionamos mais cinco grandes momentos:

Take A Bow (1994)

O flerte de Madonna com a música romântica dos 90's resultou num dos registros mais belos e sedutores da sua carreira. Ou alguém duvida que foi por causa dele que a cantora conseguiu o papel em Evita?

Drowned World/Substitute For Love (1998)

Maternidade, solidão e a dificuldade em se manter a própria privacidade. O amadurecimento pessoal de Madonna, em um dos vídeos (e músicas) menos conhecidos da cantora. 

Hung Up (2005)

A era disco, revisitada para os anos 2000. Do sample de ABBA até o figurino de Madonna, tudo dá certo nesse clipe.

What It Feels Like For a Girl (2001)

Clipe violento, dirigido pelo ex-marido de Madonna, Guy Ritchie. Enquanto o vídeo discute os limites entre vida e morte, a música ataca o machismo, misoginia e a intolerância sexual.

Bitch, I'm Madonna (2015)

Resumindo o clipe em uma única frase: quem é rainha, nunca perde a majestade.