Luís Henrique Pellanda é escritor e jornalista (Maringas Maciel/Divulgação)

O curitibano Luís Henrique Pellanda é reconhecido pelo seu humor sutil e perspicácia jornalística.Com mais de dez obras lançadas e passagens como cronista por importantes veículos de comunicação, ele combina habilidades literárias e experiências como observador atento da realidadepara capturar a essência das coisas em suas mais diversas possibilidades e formas. Em meio a umcenário contemporâneo, em que os avanços tecnológicos nos conectam instantaneamente, Pellanda conduz o leitor por caminhos introspectivos, repletos de reflexões sobre o tempo, a memória e asmudanças sociais.

Em ‘O caçador chegou tarde’, lançamento da Maralto Edições, Luís Henrique Pellanda entrega 62 contos inéditos que mergulham o leitor na subjetividade de seus personagens, causando sensaçõesmuitas vezes simultâneas de familiaridade e desconforto. O lançamento do livro acontece amanhã, em Curitiba, às 10h30 na Livraria Arte e Letra, que fica na Rua Desembargador Motta, 2011, no bairro Batel

“Nesse trabalho, em particular, optei por contos bastante abertos, com entrelinhas largas, queconvidam os leitores a percorrê-los como bem entenderem”, explica o autor. “Espero mesmo queleiam o livro como se folheassem uma espécie de sonhário coletivo, a um só tempo familiar eincômodo, mas disponível à livre interpretação de cada um, a partir de suas próprias referências.”

Escrito durante a pandemia de Covid-19, e em meio às incertezas políticas que cercavam o país, Ocaçador chegou tarde aposta na relação simbiótica entre o homem e as criaturas da natureza, umtema recorrente na escrita de Pellanda. Para o autor, a humanidade faz parte da natureza, ainda quetenha desenvolvido um desejo mórbido de negá-la. “Meu livro anterior, finalista do Jabuti do anopassado, se chama Na barriga do lobo, uma referência ao conto da Chapeuzinho Vermelho na versãodos irmãos Grimm, e também à escuridão que cercava a personagem enquanto era digerida pelomonstro”, explica Pellanda. “O caçador chegou tarde dá continuidade a essa mesma metáfora. Não seidizer se já fomos ou se um dia seremos ‘salvos’ do lobo que ultimamente nos vem digerindoenquanto sociedade ou civilização, mas entendo que a escuridão a que Chapeuzinho um dia sereferiu acabou por nos afetar a todos.”

O caçador chegou tarde abre com o conto “A aposta”, em que dois meninos desaparecem após apostarquem ficaria em cima de uma árvore por mais tempo. Eles crescem, se casam e têm filhos, maspermanecem na árvore. Com o tempo, diminuem de tamanho e desaparecem, misturando-se ànatureza como se nunca tivessem existido. Em “A prata e os peixes”, um avô reflete sobre afelicidade com seu neto durante uma pescaria. Ele fisga um lambari e encanta-se com sua beleza; opeixe morre, e à noite eles o comem. A passagem leva o menino a refletir sobre a felicidade: paraele, se o avô falasse menos, eles teriam pescado mais e seriam mais felizes. Em um dos menorescontos do livro, “O patriota na floresta”, lemos: “O patriota entra na floresta e faz uma descoberta.Dentro da mata, seu país não existe.”

O caçador chegou tarde apresenta elementos temáticos e estéticos que se repetem do início ao fim,com o objetivo de criar nos leitores uma impressão de unidade e estranheza. “Quando escrevi essescontos busquei misturar, em cada um deles, características roubadas dos relatos de sonho, dasfábulas, das parábolas, dos mitos de criação e dos contos de fadas ao nonsense, ao humor e à falsasimplicidade formal de autores tão diversos quanto Kafka, Kawabata, Karel Capek ou, maisrecentemente, Liudmila Petruchévskaia, entre tantos outros. Mas é claro que essa era apenas minhaideia inicial, e a literatura é também a arte de fracassar. Durante o processo de escrita, somos sempreforçados a mudar de rumo, o que nos leva a lugares novos e inesperados. Espero ter chegado a umdeles”, finaliza Luís Henrique Pellanda.

O livro chega às livrarias no próximo dia 3 de junho de 2023 e poderá ser adquirido nos principaiscanais digitais de vendas.

Participação em Podcast Papo em Dobro
Pellanda está no ar no segundo episódio do Podcast Papo em Dobro, com Bruna Teixeira, jornalista e fotógrafa especializada em ensaios femininos de Campo Largo, e o jornalista e escritor premiado curitibano Luís Henrique Pellanda. O Papo em Dobro tem a apresentação de Luísa Mainardes e é uma produção do Estúdio Bem Paraná. No Podcast, Pellanda fala sobre como é viver e se inspirar para suas obras em Curitiba, além das experiências da paternidade. O Podcast Papo em Dobro pode ser visto no canal do Estúdio Bem Paraná no You Tube (https://www.youtube.com/@EstudioBemParana) e nas plataformas de áudio.

Sobre
O autor

Luís Henrique Pellanda é escritor e jornalista, nascido em Curitiba (PR), em 1973. Como cronista econtista, publicou os livros ‘O macaco ornamental’ (2009), ‘Nós passaremos em branco’ (2011), ‘Asa desereia’ (2013), ‘Detetive à deriva’ (2016), ‘A fada sem cabeça’ (2018), ‘Calma, estamos perdidos’ (2020) e ‘Na barriga do lobo’ (2021)

SERVIÇOS
O caçador chegou tarde

Editora: Maralto Edições
Autor: Luís Henrique Pellanda
Preço: R$ 44,90
Lançamento: 3 de junho, a partir das 10h30
Local: Livraria Arte e Letra
Rua: Desembargador Motta, 2011, Batel – Curitiba, PR
Vendas: https://loja.editorapositivo.com.br