O-reggae-se-comunica-com-a-alma-e-isso-não-sai-de-moda-diz-guitarrista-da-Chimarruts-banda-chega-em-Curitiba-neste-sábado
Na imagem, Rodrigo Maciel (guitarra), Sander Fróis (guitarra) e Nê (vocal e flauta), membros da Chimarruts. (Foto: Divulgação)

Neste sábado, 31 de agosto, Curitiba irá reunir grandes nomes da música no Reggae Day Festival, na Arena White Hall, no Tarumã. No line-up, estão confirmados Armandinho, Dazaranha, Chimarruts, Maskavo, Tribo de Jah e Djambi. O encontro promete resgatar a vibe dos grandes festivais do gênero nos anos 1990 e os ingressos estão à venda a partir de R$110,00 (meia-entrada) pela Blueticket.

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Em entrevista exclusiva ao Bem Paraná, o guitarrista e compositor da banda gaúcha de reggae Chimarruts, Sander Fróis, fala sobre a expectativa para o reencontro com os colegas do gênero. “Só temos gratidão de poder estar aí nesse encontro e nada melhor do que ser em Curitiba”, conta o músico. Confira a entrevista na íntegra aqui.

Bem Paraná – Neste sábado, acontece a primeira edição do Reggae Day Festival, que vai juntar os maiores nomes da cena, com: Armandinho, Dazaranha, Maskavo, Tribo de Jah, Djambi e, claro, Chimarruts. Para os fãs de reggae, o festival é um presente e tanto, mas e para vocês?

Sander Fróis, guitarrista da Chimarruts – Para nós é ser presenteado também, uma troca mútua. Entre o músico e o público, essa partilha, essa troca, essa comunhão, que é o grande lance, ainda mais em Curitiba, um lugar emblemático para as Chimarruts.

O lugar de onde existe uma banda chamada Djambi, e que vai tocar também, entende? Para nós estar com o Armando, que é nosso irmão, com o Mascavo, que são nossos brothers, com a tribo, que são nossos mestres.

Então, só temos gratidão, assim, de poder estar aí, nesse encontro, vou chamar assim, nesse festival que é um encontro. E nada melhor do que ser em Curitiba.

BP – Neste ano, a Chimarruts chega aos 24 anos de carreira. Sander, ao que você atribui a longevidade da banda e do reggae no Brasil?

Sander – O que eu atribuo a essa longevidade é que o reggae é pra sempre. O reggae quando bate você não quer sentir dor, então é uma coisa que marca na gente. E nesse mundo do mainstream, do pop, que está tão sei lá, às vezes eu não entendo nada, sabe?

O reggae, ele tem uma mensagem, tem uma positividade. Ele se comunica diretamente com o coração e com a alma das pessoas e isso é sempre atual, isso não sai de moda. Isso pra sempre será. Essa longevidade nós atribuímos ao legado, às palavras, ao querer bem, ao one love que há em cada um de nós. É o que eu sinto.

BP – Das seis atrações que irão tocar, quatro são aqui da região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). Para você, o Sul se tornou uma região efervescente quando pensamos no gênero do reggae? Por quê?

Sander – Olha, é difícil, porque as pessoas pensam “Ah, você vai pra Porto Alegre, não tem reggae. Você vai pra Curitiba, não tem reggae”. Não, o reggae está no Brasil inteiro. O reggae é mundial, aliás.

O legal é que, assim, nós somos uma banda de reggae de Porto Alegre, e vamos encontrar nossos amigos lá do Maranhão, a Tribo de Jah. Então, tem jeito de se interpretar o reggae conforme a sua cidade, conforme a sua região. O Rio de Janeiro tem um jeito muito peculiar. Brasília também. Assim, nós vemos esses reggae dos “Brasis”, essa forma plural de ser um só.

É muito importante o reggae aqui, sabe? Com essa forma solista de se manifestar aqui. Com 24 anos [de carreira] nós vamos mudando o ponto de vista da mesma coisa. É como se tu olhasse para o horizonte, que às vezes tu vai chegando mais perto de ti, mas ainda é horizonte. Eu vejo a importância do reggae nessas regiões que tu falou, que às vezes tem um outro meio streaming que ocupa uma esmagadora parte da fatia do bolo da música e do pop do país.

As pessoas acham que o entretenimento é uma das facetas da arte, não é a arte por inteiro. E o reggae também tem o entretenimento, só que ele também faz pensar, faz você se conectar, faz você dançar parado, internamente.

BP – A Chimarruts, assim como o reggae no geral, tem como marca registrada as letras com mensagens de positividade e uma sensibilidade com a vida. Sander, pra você que já viu tantas fases do reggae no Brasil, o que o ele ainda tem a dizer, nos dias de hoje?

Sander – O reggae vai lá pra frente, né? Uma música do presente e do futuro que a gente conjuga no passado. Então, é muito doido essa forma de se citar presente.

O reggae tem muito a contribuir e a conversar com a juventude inteira. O reggae traz consciência às pessoas, uma consciência até ecológica. Nós falamos da natureza, cultuar a natureza, o amor entre as pessoas, a fraternidade entre os seres de bem. Nós cantamos os valores, musicamos os valores, falamos como Bob Marley “One love, one heart”. Um amor no coração, a gente se conecta nessa fonte.

E isso é pra falar pra essa juventude, que queremos ver mais. Eu fico tão feliz quando vejo os jovens que são mais novos que a banda, cantando as músicas da banda. Eu fico encantado, eu amo isso.

BP – As preocupações que vocês têm hoje, quando pensam nas letras, são diferentes das preocupações que vocês tinham antes, quando ainda estavam começando?

Sander – Eu sempre falo assim “acho que tu nunca chega na resposta, tu só aprimora a pergunta”, sabe? Então, nós vamos entrando pra dentro dos nossos questionamentos. Se antes eu me manifestava de um jeito no amor, hoje, eu ainda sinto esse amor e me manifesto de outro jeito, porque tenho 24 anos a mais de quando comecei.

Nossa cultura é de FM, então é natural o refrão dentro disso tudo. O refrão natural, inerente a nós, não o que nós buscamos, de uma fase dos anos 1980, que eu escutava as bandas que, pra mim, eram um refrão o tempo inteiro. Renato Russo é um cara que escrevia maravilhosamente bem, então era um refrão o tempo inteiro.

Eu creio nisso, mas a gente vem se comunicando desse jeito. Adentrando pra dentro do questionamento das coisas, se for uma letra social, falar de um jeito mais coeso, mais vivido. Enfim, se for falar de amor, também já usamos outras formas de se fazer, né?

Hoje, eu tenho 44, mas comecei a banda com 19 pra 20 e, hoje, é natural que tu te manifestes diferente sendo o mesmo. Isso é natural. A única certeza que a gente tem dentro da gente é a mudança.

BP – O Reggae Day Festival traz como slogan “O festival de reggae que há muito tempo não se via, e ouvia”. Essa primeira edição, ela pode ser um termômetro para uma parceria um pouco mais longa do mundo do reggae aqui no Sul?

Sander – Olha, tomara que sim. Nós torcemos e rezamos por isso. Nós temos expectativas boas em torno disso, porque queremos fazer. Todas as bandas, nós queremos muito. Há pouco tempo, nós tocamos em Goiás, com Maneva e Planta & Raiz. Nós até acabamos não tocando no festival, porque deu maior rolo, mas eles tocaram e o bom é que nós vimos os nossos amigos.

E ver, estar junto, soprar a chama, sabe? É fazer o braseiro. Uma brasinha é longe, é uma brasinha, mas uma brasinha junto com outra, com outra, com outra, é um braseiro, é um fogo maior. E ver o Armando, nosso irmão amado, ver os meninos da Djambi, o Maskavo, nós estamos muito felizes, muito felizes mesmo, e que seja o primeiro de inúmeros. E podem contar com a Chimarruts no que for, estamos juntos e somos tudo farinha do mesmo saco.

BP – Agora, falando um pouquinho sobre a sua relação com a cidade, você se lembra das primeiras vezes que passou por Curitiba? Qual é a sua impressão da cidade e dos fãs curitibanos?

Sander – Eu acho que Curitiba tem suas semelhanças com Porto Alegre. É até meio parecido, com o ar sulista de ser, o nosso jeito. Eu me lembro de tudo de Curitiba e me marcou quando dávamos os passeios no centro, perto do bonde, tomando um cafezinho.

Até que nós gravamos o nosso DVD, em 2007, o que mudou tudo. A partir daquilo, o Chimarruts alcançou uma proporção nacional. Até então, nós íamos até São Paulo, mas a partir daquele DVD, gravado em Curitiba, tudo mudou. E as pessoas falam “Por que vocês escolheram Curitiba para gravar um DVD?”. Não fomos nós que escolhemos Curitiba, Curitiba nos escolheu.

Nós fomos abraçados por Curitiba e abraçamos Curitiba também. Nós temos um carinho imenso por Curitiba. Quando eu falo sobre Curitiba, sempre me dá um friozinho na barriga. Por gratidão e por admiração, pelos pinheiros do Paraná, pelas araucárias que cercam essa cidade.

BP – Por último, você poderia deixar um convite ou uma mensagem aos seus fãs curitibanos que já estão ansiosos para o show neste sábado?

Curitiba do meu coração, “Curita” dos meus sonhos, dos meus versos, da minha poesia, da minha canção também. Curitiba das Chimarruts, é assim que eu falo. Quem estiver de boa, quem estiver na paz, venha curtir um reggae conosco no dia 31 de agosto, vai estar todo mundo lá. “One Love, One Heart”, estamos juntos, conectados e sábado estaremos aí, hein? Vamos de reggae, galera!

Serviço – Reggae Day Festival

Quando: 31 de agosto de 2024 (sábado).

Onde: Arena White Hall (Rua Dino Bertoldi, 740,Tarumã).

Horário: Os portões abrem às 14h e os shows começam às 15h.

Vendas: A partir de R$110,00 (meia-entrada), na Blueticket.