Autor de um filme marco na história do cinema – Cidadão Kane, de 1941, que muitos críticos consideram o melhor de todos os tempos -, Orson Welles nunca mais desfrutou da liberdade de criação outorgada pela RKO, quando o estúdio lhe ofereceu um contrato excepcional, para atraí-lo a Hollywood. O fracasso de público perseguiu-o como um fantasma e, por volta de 1960, não importava quantas obras-primas já tivesse feito, ele tinha de trabalhar como ator para tentar financiar os próprios filmes.

Em 1962, radicado na Europa, Welles atracou-se com ninguém menos que Kafka e dirigiu a sua versão de O Processo. O filme passa às 22 h da quarta, 7, no Telecine Cult. Começa na cara de Anthony Perkins. Ele abre os olhos para descobrir que está sendo preso, acusado de um crime que nunca saberá qual é, exatamente. Welles transforma o absurdo kafkiano em expressionismo. Portas, púlpitos, Welles joga com as dimensões do cenário e o preto e branco para esmagar o protagonista, Joseph K.

É um filme brilhantemente dirigido e interpretado. Welles iniciou aqui uma parceria com a estrela Jeanne Moreau que prosseguiu em outros filmes. Ele próprio atua, contracenando com Akim Tamiroff, um de seus atores preferidos. Nem o reforço de Romy Schneider e Elsa Martinelli tornou o filme atraente para o grande público. Mas é um clássico.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.