o caso
Otávio Muller e Letícia Isnard (Foto: Ricardo Braiterman)

Neste sábado (7) e domingo (8), às 20h e 17h, respectivamente, Curitiba recebe a comédia “O Caso” estrelada por Otávio Muller e Letícia Isnard, com apresentações no Guairinha (R. XV de Novembro, 971 – Centro).

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Depois de grande sucesso de crítica e público, a peça dirigida por Fernando Philbert chega à capital paranaense com ingressos com valores promocionais a partir de R$ 20 e podem ser adquiridos pelo Disk Ingressos.


O espetáculo, cujo texto original é do autor e ator contemporâneo francês Jacques Mougenot, tem o nome original de “O Caso Martin Piche” e, nas terras brasileiras, foi batizada de “O Caso”. Mougenot é o mesmo do sucesso “O Escândalo Philippe Dussaert”, em que Marcos Caruso ficou anos em cartaz, arrematando todos os prêmios de melhor ator e melhor espetáculo.


Otávio Muller vive Arnaldo, um homem aparentemente comum, que procura uma psiquiatra (Letícia Isnard), alegando sofrer de um distúrbio desconhecido, em que é constantemente tomado por uma sensação de desinteresse completo por absolutamente tudo e todos ao redor. Ele acha tudo muito chato e não consegue prestar atenção em nada que as pessoas dizem. A psiquiatra, por sua vez, intrigada, tenta de todas as maneiras decifrar a patologia. Quando acha que começa a entender o que se passa, o caso toma um novo rumo.

A reportagem do Bem Paraná conversou com a atriz Letícia Isnard sobre a peça.

Bem Paraná – “O Caso” estreia a turnê pelo Brasil em Curitiba. Qual a expectativa para a apresentação na capital paranaense, que é conhecida por sua pluralidade artística, ainda mais com as duas sessões esgotadas?
Letícia Isnard –
Uau! Q maravilha! Não sabia que as sessões já estavam esgotadas! Não existe alegria maior pro artista!!! Já estava animada, agora então…!!! Nós estamos muito felizes de circular com esse trabalho, depois de fazer temporada no Rio e em SP. Curitiba vai ser a primeira cidade da nossa turnê, o que é excelente porque o publico curitibano tem fama de ser exigente, acostumados com uma cena teatral de altíssima qualidade, então é sempre muito estimulante.

BP- Qual o nível de identificação de vocês com os personagem interpretados? Também acreditam que esse “tédio” seja um problema crônico atual?
Letícia Isnard
– Essa é uma peça bem simples na sua forma, o que a gente chama de dramaturgia de gabinete: uma ação que ocorre em tempo real num único cenário. É a consulta de um paciente com uma psiquiatra. Tudo parece muito cotidiano, mas a curiosidade e o mistério envolvem o púbico levando-os a me acompanharem na investigação do diagnóstico desse estranho paciente. À medida q a peça avança, o texto vai revelando aquela máxima que diz que “de perto ninguém é normal”, os papéis se invertem, inclusive com o publico, que vai se identificando cada vez mais com traços das duas personalidades apresentadas. Até porque esse “tédio”, do qual a peça fala, é sentido por todo mundo porque ele remete, em última instância, a uma grande falta de sentido da vida, que é bem a curva do capitalismo que estamos vivendo: construímos uma vida dedicada ao esforço de ter, ter e ter, e aí quando conseguimos ter o que queremos não sabemos o q fazer, caímos no vazio existencial mais profundo. Tem a ver com a clássica obra “O mal-estar na civilização” do Freud, mas atualizado pra essa era da neurose digital, da atenção fragmentada, da dificuldade de foco, de comunicação e de escuta. Então, o incrível desse texto é que ele é super complexo e profundo de maneira leve e hilária.

BP – Para você, qual o papel da arte, principalmente do teatro, na fuga da rotina do cotidiano, até mesmo para quem vive em um crônico “tédio”?
Letícia Isnard –
O teatro é um poderoso instrumento de cura, não só pela catarse coletiva que provoca, mas por nos colocar diante de um espelho da humanidade, e ao nos enxergarmos nas nossas imperfeições nos tornamos mais humanos, tolerantes, e generosos. E acredito que o humor em especial é uma ferramenta muito poderosa por abrir a nossa escuta, e através dessa empatia podemos tratar dos temas mais difíceis e complexos. E quando rimos de nós mesmos, os problemas e questões ficam mais leves. Não se trata de negar ou diminuir a importância das questões, mas justamente de conseguir encará-las com suavidade.

BP – Existem coisas em comum e diferenças nos hábitos e na cultura entre os franceses, que são os responsáveis pela obra, com os brasileiros. Isso fica evidente no espetáculo? Existe algum trabalho na interpretação para essa possível adaptação?
Letícia Isnard –
A prolixidade e a verborragia são características da cultura francesa – e do texto – que trabalhamos bastante na adaptação. Cortamos bastante, “enxugamos” o que nos parecia excessivo, e investimos também numa montagem com muito ritmo. Mas acho q foi mais uma questão global, de ajuste do tempo da peça, porque o humor francês não me parece muito distante do nosso senso de humor. Essa peça em especial tem um humor muito simples e inteligente, com viradas surpreendentes, e o público embarca completamente! Uma alegria !

BP – O público que assistiu ao espetáculo falou muito da sinergia de vocês dois no palco, que é fundamental para a montagem. Como é nos bastidores, no ensaio, essa troca entre vocês dois?
Letícia Isnard –
Nossa parceria em cena é um delicioso jogo de frescobol: cada um jogando o seu melhor pro outro também acertar. Ao invés de um duelo o que temos é um pas-de-deux! Parece que já trabalhamos juntos há 10 anos, tamanho o nosso encontro em cena. Nos bastidores é a mesma coisa; gentilezas, parceria e amizade. Otavio é uma unanimidade né?

BP – Como está sendo a recepção do público nas cidades por onde o espetáculo já passou? Quais são as próximas apresentações?
Letícia Isnard –
No Rio, onde estreamos, fomos surpreendidos com a reação da plateia. Na sala de ensaio, depois de repetida 5 vezes as piadas perdiam a graça pra nós, então não tínhamos muita noção do quanto a peça era engraçada. Eu achava que seria uma peça que faria o público ficar preso e interessado, mas apenas sorrindo. E o que tivemos foi uma catarse coletiva de urros e gargalhadas! Em SP também, a acolhida foi extremamente calorosa. Agora estamos loucos pra ver como será Brasil afora…

Serviço:
O CASO
Comédia com Otávio Muller e Letícia Isrard
Datas e Horários: 7 de setembro, 20h | 8 de setembro, 17h.
Local: Teatro Guairinha (Rua XV de Novembro, 971 – Centro)
Ingressos: A partir de R$ 20, pelo www.diskingressos.com.br
Classificação:
12 anos
Duração: 80’
Realização: Ministério da Cultura – Governo Federal
Patrocínio: Colombo Agroindústria
Uma produção Bem Legal Produções