O livro Polaco – Identidade Cultural do Brasileiro descendente de imigrantes da Polônia, de autoria de Ulisses Iarochinski, tem o lançamento marcado para hoje às 19h30, no Centro Paranaense Feminino de Cultura, Rua Visconde do Rio Branco, nº. 1717. O livro é a tradução do original polaco To¿samoœæ kulturowa Brazylijczyków polskiego pochodzenia: Polaco czy Polonês?, defendido como dissertação de Mestrado em Ciências da Cultura Internacional, na Universidade Iaguielônica de Cracóvia, na Polônia.
A banca de professores examinadores, composta por três dos mais renomados professores universitários da Polônia, Prof. dr hab. Tadeusz Paleczny (orientador), Prof. dr hab. Andrzej Pankowicz e  Prof. dr hab. Jerzy Brzozowski, não exitou em dar nota máxima ao texto e a defesa do mestrado de Ulisses Iarochinski.
Iarochinski partiu das provocações e agressões, que sofreu nos lançamentos de seu livro anterior Saga dos Polacos, para iniciar as pesquisas, estudos e defesa de sua dissertação Identidade Cultural do Brasileiro descendente de imigrantes da Polônia. A bolsa de estudos concedida pelo Ministério da Educação da Polônia foi a oportunidade para o autor finalmente concluir sua tese. Iarochinski fez dois anos de Cultura e Idioma Polaco, dois anos de mestrado em Ciências da Cultura Internacional e quatro anos de doutoramento em História, na sexta mais antiga universidade do mundo, a Iaguielônica de Cracóvia, mesma escola onde obtiveram grau de doutores, Mikolaj Koperniko, Karol Wojtyla (Papa João Paulo II) e Wyslawa Szymborska (Prêmio Nobel de Literatura). O artigo, Porque Polaco! evoluiu para a dissertação do mestrado e finalmente, esta foi defendida, em novembro de 2008.
Segundo o professor orientador da dissertação, Tadeusz Paleczny, a dissertação se localiza na fronteira da etnolinguística, da antropologia cultural e dos estudos científicos da cultura. Possui um nível bastante interessante de estudo analítico e avançado do tema sobre o processo de assimilação cultural, particularmente no âmbito linguístico dos brasileiros de origem polaca. Ainda segundo o orientador da tese, o autor se concentra nas características de identidade cultural considerando o grau de competência linguística (mono e bilíngue) destes indivíduos.
Para Paleczny, os dois termos usados no título da dissertação significam certamente uma síndrome de atitudes e de identidade dos brasileiros de descendência polaca, em relação ao consequente aspecto pejorativo dado à palavra Polaco. Sendo isto, colocado no contexto das relações interculturais dos imigrantes, na sociedade de acolhida.
O professor que é diretor do Instituto de Estudos Regionais, da Universidade Iaguielônica, afirma que uma dicotomia que esconde, por assim dizer, uma duplicidade de ethos entre os descendentes de colônias polacas no Brasil: por uma parte, este povo está envolto pelo fenômeno da desorganização, da falta de adaptação e da opinião negativa sobre os imigrantes, por outra parte, está a sua adaptação estrutural, a sua aculturação e assimilação completas às condições do país de acolhida.
Concluindo sua opinião à respeito do livro de Iarochinski, Paleczny afirma que Não se trata apenas de questão estilística, de figura de linguagem e, ou modismo, mas também uma retomada de atenção e de uma descrição de fenômenos dependentes das consequências socioculturais, das barreiras e do processo em curso de assimilação, nas quais os idiomas estabeleceram os parâmetros básicos que vieram promover a aniquilação das diferenças, bem como as acidentais e potenciais causas da discriminação e do mútuo preconceito.
A polêmica, quase centenária, em torno da palavra polaco é explicada num livro de fácil leitura sem deixar de lado sua base científica. Polaco – Identidade Cultural do Brasileiro descendente de imigrantes da Polônia traz em aspectos linguísticos, sociológicos, culturais e antropológicos, porque o Brasil deixou de falar polaco para incorporar o termo galicista polonês.
Polaco da nhanhã, polaco burro, polaco sem bandeira, polaco preto, preto do avesso! Quantos designativos, os imigrantes da Polônia e seus descendentes têm ouvido ao longo de mais de um século no Brasil. E quase sempre depreciativos e preconceituosos.
Usurpado do significado genuíno de seu termo gentílico, o imigrante e seus descendentes, viu-se na contingência de aceitar, de forma impositiva pelas elites, um termo que enfim, designasse sua nacionalidade e etnicidade no Brasil. Pressionado pelas elites da comunidade viu polaco virar polonês.
Incomodado com as respostas evasivas de – ora… é pejorativo e pronto! – Iarochinski buscou as origens do preconceito contra a adequada e correta tradução do gentílico Polak para o termo em língua portuguesa, polaco.
O autor — É jornalista, ator, mestre e doutorando em Cultura Internacional. Neto do imigrante polaco Boles³aw Jarosiñski, que chegou ao Brasil em 1911, procedente de Wojcieszków, na Voivodia (Estado) Lubelska, junto com seus pais Piotr e Anna, além dos irmãos Józef, Wiktoria e Marianna e da avó Paulina Hazelski.
Iarochinski costuma dizer que é um autêntico polaqueiro, devido às suas raízes maternas localizadas em Minas Gerais e paternas, na região Leste da Polônia.
Como jornalista trabalhou em diversos veículos de comunicação (rádio, TV, jornal, revista e Internet). Além da experiência como correspondente internacional, cobrindo desde Cracóvia, a morte e enterro do Papa João Paulo II; as visitas do Papa Bento XVI, na Alemanha e na Polônia; a Copa do Mundo de Futebol da Alemanha, para o jornal o Estado de São Paulo e para a TV Bandeirantes. Teve passagem pela Rádio Nederland, como chefe da Seção Brasileira daquela emissora Internacional da Holanda. Na cobertura jornalística internacional esteve também nas Copas do Mundo de Futebol da França – 1998, Estados Unidos – 1994, Itália – 1990 e na Copa Mundial de Voleibol, realizada em 2007, em Katowice, na Polônia.
Na terra de seu avô paterno, desde 2002, fez dois cursos de idioma e cultura polaca; a defesa de dissertação de mestrado em Cultura Internacional, pela Universidade Jaguielônica de Cracóvia (a mais antiga da Polônia), e está para defender, na mesma universidade seu doutoramento em Gestão Cultural. Antes de ir para a Polônia encontrar suas origens étnicas e estudar, lançou o livro Saga dos Polacos – a História da Polônia e seus emigrantes no Brasil, em 27 cidades brasileiras, onde a presença da etnia polaca é bastante significativa, além disso produziu e dirigiu o filme documentário Cruz Machado – Os polacos e o tifo.