Turnê ‘Titãs Trio Acústico’ revive clima do clássico álbum

Em conversa com o Bem Paraná, Branco Mello conta o que há de diferente no novo show e fala de novos projetos

Henrique Romanine, especial para o Bem Paraná

Silmara Ciuffa - Sergio Britto

Formato tão incensado quanto criticado, o Acústico MTV foi responsável por fortalecer e/ou renovar a carreira de muitos artistas brasileiros. Um dos mais famosos é o projeto dos Titãs, realizado em 1997 e que resultou no disco mais vendido da carreira da banda. Por ser um trabalho bastante querido pelo público, o grupo resolveu ceder aos apelos dos fãs e admiradores e retomar a turnê, que realiza única apresentação em Curitiba neste sábado (29), no palco da Ópera de Arame.

Mas engana-se quem pensa que o novo show será uma mera cópia do anterior. Branco Mello, em conversa com o Bem Paraná, revela qual o diferencial desta retomada do acústico. “O público pedia muito uma turnê do disco, e nós vimos que dava para fazer uma releitura diferente. Algo mais minimalista, com uma intimidade maior com o público, com a gente contando histórias e algumas passagens vivenciadas pela banda, além de releituras de músicas que não foram compostas antes do lançamento do projeto.”

Algo que deve despertar curiosidade é a forma como as canções do acústico serão apresentadas na nova turnê. Segundo Branco, a essência permanecerá a mesma, com algumas poucas mudanças. “Algumas músicas ficaram bem próximas ao arranjo original, como ‘Go Back’, que remete diretamente à época do próprio Acústico MTV, e ‘O Pulso’, que ficou com uma leitura incrível. Mas tem outras canções que não estavam no álbum e ficaram diferentes: ‘Sonífera Ilha’, ‘É Preciso Saber Viver’… Além de outras que marcaram pelo ineditismo, como ‘Miséria’, que não tocávamos já há algum tempo e que nos surpreendeu também”.

Após vários momentos de ruptura (dos nove integrantes originais, restaram apenas três: Branco, Tony Bellotto e Sergio Britto, além de músicos eventualmente convidados), a questão que não quer calar é: como os Titãs mantém a febre criativa, no sentido de continuar a renovar o som da banda? “Essa febre sempre existiu, desde o início do grupo. É a nossa essência, nossa própria natureza. Isso nos mantém juntos até hoje, mesmo com todos os percalços, essa vontade de continuar sendo criativo, se metamorfoseando. Não nos interessa apenas revisitar o que já fizemos, mas sim construirmos bases para continuar a evoluir enquanto banda.”

Novos projetos

Elogiados pela constante mudança sonora e pelo espírito de renovação, já houve época em que os Titãs foram acusados de “romantizar” o som do grupo, principalmente após o Acústico MTV. Com três turnês andando paralelamente (além da retomada do projeto acústico, eles devem continuar a divulgar a ópera-rock Doze Flores Amarelas, além de estrear em breve o espetáculo Enquanto Houver Sol, mix de sucessos de todas as fases da banda, com um viés elétrico), esses projetos seriam uma resposta a quem tentou rotular os Titãs? Branco diz que isso não confere. “Não é uma resposta. Nossa trajetória está caminhando para quase 40 anos de estrada, as coisas mudam, evoluem e retornam num período tão grande como esse. Existe toda uma linguagem soft no Titãs, assim como existe a linguagem mais pesada. Nós continuamos aqui para surpreender, mas é difícil rotular.”

E em meio a uma trajetória tão longa, existem aqueles trabalhos mais marcantes, e que podem angariar uma nova leva de fãs. Questionado sobre quais trabalhos dos Titãs marcaram época e podem servir como uma espécie de “cartão de visitas”, Branco relutou, mas respondeu: “Não temos um único perfil, mudamos muito com o passar do tempo. Mas os trabalhos que eu considero mais importantes são o ‘Cabeça Dinossauro’ (1986), ‘Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas ‘(1987), ‘Ô Blesq Blom’ (1989), ‘Titanomaquia’ (1993), o próprio ‘Acústico MTV’ (1997), que nos popularizou, e por último, mas não menos importante, o ‘Nheengatu’ (2014). Tivemos uma virada nos últimos tempos, que foi a elaboração de Doze Flores Amarelas (2018), que é um trabalho essencial para quem não conhece os Titãs, observar o grupo por outro prisma.”

E finalizando a conversa, citamos o fato de que ‘Ô Blésq Blom’ (considerado um dos álbuns mais bem gravados da história da música brasileira), completará 30 anos no segundo semestre. Existe algum projeto para comemorar a data? “É um disco em que misturamos o rock com música brasileira, nordestina, tem um flerte com a música eletrônica. Um trabalho que nos orgulha muito. Não há nenhum foco em vista sobre isso (a comemoração), mas boa a ideia, vou anotar (risos).”

SERVIÇOS
TITÃS – Trio Acústico
Quando: 29 de junho de 2019 (Sábado), bertura do teatro: 20h30 /Início do espetáculo Kadu Lambach Trio: 20h30/ Titãs: 21h30
Onde: Ópera de Arame (R. João Gava, s/n)
Duração do show: cerca de 90min
Quanto: valores variam de R$90,00 (meia-entrada) a R$260,00 (inteira), de acordo com o setor.
Pontos de Venda: Disk Ingressos
Informações p/ o público: (41) 33150808 / www.maisumadaprime.com.br