UFPR exibe o documentário “Luta da Erva”, sobre a história da erva-mate

“Luta da Erva”, documentário longa-metragem com direção de Marcia Paraiso tem exibição gratuita na UFPR

UFPR
erva mate

Produção de Erva Mate em São Mateus do Sul (Foto: José Fernando Ogura/ANPr)

Bebidas como “chimarrão”, “tererê” e “mate”, feitas a partir da mesma planta – a Ilex Paraguariensis – e consumidas em grande parte do Brasil, têm sua origem diretamente relacionada à cultura e espiritualidade do povo Guarani.

Esse é um fato, no entanto, que poucos conhecem. Com “Luta da Erva”, uma produção da Plural Filmes e direção de Marcia Paraiso, em 70 minutos é apresentado o conhecimento do preparo ancestral, da colheita no mato para o chá, tradição indígena absorvida pelas chamadas populações “caboclas” do Sul do Brasil.

O filme será exibido gratuitamente na UFPR, dia 6 de novembro, às 18h30, no Auditório do Setor de Ciências da Saúde, 1º andar ( Rua Padre Camargo, n. 280, alto da Glória, Curitiba ). A entrada é gratuita. O evento é organizado pelo Programa de Extensão Universitária Agroecologia e Movimento, do Projeto EKOA, com apoio da PROEC – Pró-Reitoria de Extensão e Cultura.

Filmado no outono, inverno e verão, nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, o documentário é inspirado na pesquisa e livro da professora doutora Arlene Renk – “A Luta da Erva – um ofício étnico da nação brasileira no oeste catarinense”. A pesquisa, realizada entre 1987 e 1989, reuniu muitos entrevistados, entre extratores de erva-mate, capatazes, donos de ervateiras e profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social, resultando em uma primeira edição do livro, de 1997, e a 2a edição, de 2006.

“A erva-mate foi uma entre as tantas razões que me chamaram a atenção para a região Contestada entre Paraná e Santa Catarina, território rico em ervais – um dos motivos dentre tantos outros, que culminaram na guerra”, conta Marcia. De acordo com sua avaliação, com o processo de colonização e expropriação dos territórios ancestrais e tradicionais, quando indígenas e caboclos perderam suas terras e, consequentemente, o acesso às florestas, “a prática dos saberes tradicionais foram impossibilitadas”.

Além de resgatar a história da erva-mate, o documentário apresenta com profundidade diversas nuances do modo de produção atual, condições de trabalho e consequências ambientais. Em contraste com o que era a tradição dos povos originários. “Todo esse mergulho na erva-mate me mostrou elementos para compreender a dimensão de uma luta que envolve o respeito à cultura e religiosidade de um povo ancestral, a perda de territórios em um país que não fez a reforma agrária”, diz Marcia. Em lugar dessa política, ao longo de décadas, predominou a entrega das terras “para descendentes de imigrantes e foi imposto um modo de produção rural que não aceitava as culturas das populações tradicionais, o desequilíbrio ambiental de anos de política de Estado’, reflete ela. Essa imposição incentivou a destruição das florestas de araucárias para plantio de desertos verdes de pinus e eucaliptos ou de investimentos em monoculturas”, completa.

Sinopse

Chimarrão, tererê, mate, bebidas feitas a partir da mesma planta, a Ilex Paraguariensis, muito populares e bastante consumidas em grande parte do Brasil. O que poucos conhecem é sobre sua origem, diretamente relacionada à cultura e espiritualidade do povo Guarani. Com o processo de colonização e expropriação dos territórios ancestrais e tradicionais, quando indígenas e caboclos perderam suas terras e, consequentemente, o acesso às florestas, impossibilitando a prática dos saberes tradicionais.