Candidato mais bem colocado nas pesquisas e favorito para a reeleição ao Senado, Alvaro Dias (PSDB), se destacou nos últimos dois anos, como líder da oposição no Congresso e teve papel de destaque nas CPIs dos Bingos e dos Correios. Para o próximo mandato, o tucano, que encabeça as críticas ao governo Lula (PT) no Congresso, acredita que a prioridade para 2007 devem ser as reformas política, previdenciária e tributária. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Estado, ele explica o porque da importância da continuidade do seu trabalho em Brasília, e prevê a recomposição do PSDB como força de oposição a partir do ano que vem.


Jornal do Estado — O senhor teve atuação de destaque nas CPIs dos Correios e Bingos e como líder da oposição no Senado. Qual a importância da continuidade deste trabalho para o Paraná?


Alvaro Dias — O Senado é a Casa da experiência. Lá estão ex-ministros, ex-governadores e ex-presidentes. Por isso, é importante que nosso estado tenha uma liderança consolidada para tratar dos assuntos de nosso interesse. A reeleição vai ajudar a consolidar esta liderança. O Paraná precisa ter mais representatividade junto ao Executivo Nacional. Quando fui governador, o Paraná tinha três ministros e ocupava cargos do primeiro escalão do governo em órgãos onde passam muitos recursos da União rumo aos Estados.


JE — Quais serão as prioridades nos próximos anos caso o senhor seja reeleito?


Alvaro – Devemos tratar das reformas. O grande equívoco do governo Lula foi não fazer a reforma política. Aliás, o atual governo não conseguiu fazer nenhuma reforma efetiva. As reformas da previdência e tributária só tiveram o objetivo de aumentar a arrecadação. O governo do PT arrecadou como nunca e gastou muito mal. Precisamos criar instrumentos, através das reformas, que contenham a corrupção.


JE — Como o senhor avalia a importância de um trabalho conjunto entre governo do Estado, bancada na Câmara Federal e Senado?


Alvaro — O governador tem o dever de articular junto as bancadas, principalmente no momento da elaboração da proposta orçamentária. É preciso uma equipe competente para elaborar projetos de qualidade. Não há dificuldade de atingir o consenso no Senado. Tanto que os projetos têm sido aprovados, o problema é na hora da liberação das verbas. No Brasil, o orçamento é fictício. É preciso criar um orçamento impositivo, onde as verbas sejam de fato liberadas.


JE — O fato do senhor estar liderando com folga as pesquisas altera o rumo de sua campanha?


Alvaro — Estou fazendo campanha apenas nas horas de folga, já que tenho ido todas as semanas a Brasília. Os eleitores estão levando em consideração o que se fez e não as promessas de campanha. Estou apostando nisso para me reeleger. A campanha deste ano está mais barata e inteligente. Em 1998, fiz uma campanha barata e fui eleito com 66% dos votos. Espero que este ano a tendência se repita.


JE — Esta aliança temporária com o PMDB acabou evidenciando um racha no PSDB do Paraná. Além disso, seu partido não tem candidato ao governo do Paraná. O que fazer depois das eleições para reconstruir o partido?


Alvaro — Na verdade, o partido já está rachado no Paraná há mais de dois anos. O que aconteceu agora só tornou isto público. Depois das eleições temos que reunir as lideranças que permanecerem no partido e reconstruí-lo deixando de lado os interesses individuais.


JE — O senhor acredita que se a aliança com peemedebistas fosse mantida, o PSDB elegeria uma bancada maior para a Câmara Federal e Assembléia Legislativa? A coligação beneficiaria sua candidatura?


Alvaro — Certamente a coligação elegeria mais deputados do PSDB e, principalmente, ajudaria o presidenciável Geraldo Alckmin. Por outro lado, Requião também seria beneficiado. A minha candidatura não afetaria, já que meu tempo no horário gratuito não aumentaria.