Segundo colocado nas pesquisas na corrida pelo governo do Estado, o candidato da coligação “Paraná da Verdade”, senador Osmar Dias (PDT) se transformou no nome mais forte de oposição ao atual governo no Paraná e a principal esperança de levar a disputa para o segundo turno. Reeleito em 2003, com 2,7 milhões de votos, para o seu segundo mandato no Senado e com a experiência adquirida como secretário de Estado da Agricultura entre 1987 e 1994, Osmar se diz preparado para assumir o governo e cumprir a promessa de atender os interesses do campo e das grandes cidades. Na contramão do atual governo, o pedetista garante que irá cumprir as determinações da Constituição para investimentos em saúde e educação, fazer com que as bancadas na Câmara Federal e Congresso trabalhem em sintonia com o Executivo Estadual para trazer recursos ao Paraná; e resgatar o prestígio da agricultura paranaense.

Jornal do Estado – Até que ponto a inviabilidade da coligação com o PSDB e PFL atrapalha na sua candidatura?

Osmar Dias
– Como vinhamos conversando há mais de dois anos, eu já considerava a aliança concretizada. Nunca neguei que a perda deste apoio é negativa. Até por isso, adiei tanto o anuncio da minha candidatura. Era impossível ser candidato com os poucos segundos que o PDT teria no horário gratuito. Felizmente, estamos conseguindo superar essa etapa graças ao apoio dos outros partidos que angariamos. Hoje, temos uma candidatura forte e em condições de ir adiante.

JE – Antes da última visita do candidato do seu partido à presidência, senador Cristovam Buarque ao Paraná, o senhor chegou a declarar que só iria acompanhá-lo para demonstrar o respeito que tinha por ele. Mas, quando Buarque chegou, para surpresa de muitos, o senhor declarou apoio à sua candidatura. O que mudou?

Osmar
– Quando recebi o candidato do PSDB à presidência, Geraldo Alckmin, fui na condição de amigo e para ouvir suas propostas para o Paraná. Esse é o papel de alguém que quer governar o Estado. O Buarque é do meu partido, ao declarar apoio a sua campanha, apenas cumpri o que determina a legislação que se refere a fidelidade partidária. Sempre fui contra o lançamento de candidatura própria à presidência. Todos sabem. Mas não posso cometer o mesmo erro que meu partido cometeu. Acho que o futuro do PDT será muito complicado com a claúsula de barreira.

JE – Como foi o relacionamento do atual governador com a bancada paranaense no Senado?

Osmar
– Não houve sequer uma reunião oficial marcada pelo governador. Desta forma não há como articular. É só comparar os recursos que vieram para o Paraná em relação aos destinados a outros Estados de menor expressão nacional. As emendas dos deputados federais poderiam ser direcionadas para os projetos sociais do Estado, mas não foi feito. Graças à Requião, o Porto de Paranaguá perdeu R$ 190 milhões que já estavam assegurados desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Requião disse que poderia fazer as obras de infra-estrutura por preço menor e emperrou a liberação dos recursos.

JE – Se eleito, o senhor tem algum planejamento no sentido de articular as bancadas federais para trabalharem em sintonia com o governo do Estado?

Osmar
– O líder da bancada de Requião na Câmara, era o deputado José Borba (PMDB), acusado de envolvimento no mensalão. Vamos escolher um coordenador que organize um calendário de reuniões para concentrarmos esforços para atrair investimentos para o Paraná. O orçamento do Estado já está totalmente comprometido. Precisamos atrair mais recursos.

JE – Quais serão as prioridades para o primeiro ano de seu governo?

Osmar
– A primeira providência será ajustar a máquina pública. Usar da tecnologia para que sejam prestados serviços públicos de qualidade para a população. Quero colocar, desde o primeiro dia de governo, os planos de desenvolvimento social, educação, segurança pública e ambiental em prática.

JE – Na sua opinião, as regras eleitorais que enxugaram os gastos de campanha favorecem o candidato que está com a máquina na mão?

Osmar
– Favorecem quem usa a máquina indevidamente. É exatamente o que está acontecedo no Paraná. Um bom exemplo é este caso dos prefeitos que são forçados a declarar apoio a candidatura do governador em troca da liberação de recursos de convênios. Isso é seguidamente denunciado, mas nada é feito a respeito. Para mim, a aprovação pelo Congresso da reeleição foi um verdadeiro desastre.

JE – Nos últimos dias, sua campanha adotou uma postura mais crítica em relação ao atual governo. Isso já estava previsto no planejamento inicial ou foi provocado pelos resultados das últimas pesquisas?

Osmar
– As pesquisas estão muito positivas para quem começou a campanha há apenas dois meses. O que é o meu caso. O governador está em campanha desde janeiro de 2003. Procuro apresentar minhas propostas e o que está errado na atual administração. Assim como alternativas para correção. Estou muito bem assessorado em todas as áreas e temos ótimas propostas. Mas, de fato, quando alguém é caluniado e provocado precisa reagir para manter sua conduta moral.

JE – Até que ponto o trabalho no Senado lhe dá conhecimento para governar o Paraná?

Osmar
– O Senado é uma grande escola, pois lá convivemos com ex-presidentes, ex-governadores e ex-ministros. Discutimos todos os setores da política pública e suas alternativas. Além disso, sou o senador maior índice de comparecimento. Em quatro anos tive 100% de presença. Estou totalmente preparado para ser governador.

JE – O senhor já está desenvolvendo um trabalho em busca de alianças para um eventual segundo turno?

Osmar – Tenho conversado com o PSDB, PFL e PT. Mas mantenho o respeito em relação aos partidos que têm candidato à governador, caso do próprio PT. O fato é que os partidos terão duas alternativas no segundo turno. Ou seguirem o governo da mentira, das promessas não cumpridas e que usa da calúnia como ferramenta de campanha, como o que está aí. Ou seguir o governo de respeito a população e da clareza. Não sou como certos candidatos que quando as pessoas são seu aliados são boas, e quando estão na oposição não prestam.