O vereador de Curitiba, José Roberto Sandoval estava no PTB até o ano passado quando se transferiu para o pequeno PSC a procura de vôos políticos mais altos. Principal nome do partido no Estado, Sandoval foi escolhido para disputar o Senado pela ligação que tem com os evangélicos e com os católicos.


Conciliador, ele tem propostas ousadas para aperfeiçoar o processo democrático no Brasil. Acredita que o acesso ao emprego, a educação e a cultura são fundamentais para a diminuição da violência. Mas como isso é um problema que somente um planejamento de 10 anos resolverá, ele defende medidas extremas. As principais são: a diminuição da idade penal de 18 para 16 anos e prisão perpétua para crimes hediondos.


Jornal do Estado — Você é um candidato desconhecido para a maioria dos eleitores paranaenses. Como e por que você começou na política?


Sandoval — Eu comecei em 1992. Fui convidado por um coronel para ser candidato a vereador em Curitiba. Até então eu não era filiado em partido nenhum e nem me interessava por política. Entrei no Partido Social Trabalhista (PST). Fui eleito na primeira vez. Falaram que me lançaram para ser laranja. No fim quem acabou sendo laranja foi o coronel que me convidou para ser laranja dele. Em 96 fui reeleito vereador pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB). Na eleição de 2000, o partido passou a ser chamado de Partido Progressista e fiquei na primeira suplência. Em 2002, assumi no lugar da Arlete Caramês, que foi eleita deputada estadual. No ano de 2004 me elegi pelo PTB. Em todas eleições sempre ganhei votos. Nunca perdi. Da primeira para a segunda cresci 300%. Da segunda para a terceira, 30%. Da terceira para a quarta, 28%.


Jornal do Estado —Quais as bandeiras que você defendeu nestes 14 anos?


Sandoval — Sou um político de centro. Sempre defendi os anseios da comunidade, sem me importar da cor partidária. Não sigo bandeiras. Meu objetivo é o bem comum, sem distinção, verde, amarelo, vermelho… Trabalho pensando em aprimorar a sociedade que vivemos. Uma sociedade repleta de contradições e com necessidades especiais para não entrar no caos social.


Jornal do Estado —Qual foi o motivo que você resolveu sair da Câmara para disputar o Senado?


Sandoval — Temos uma camada de necessitados que não são assistidos no Paraná. Gente passando necessidades, privações, fome, enquanto em Brasília acontece uma farra com o dinheiro público: mensalões, ambulâncias, sanguessugas, máfia do vampiro e assim por diante. Quando abro os jornais ou vejo na televisão essas notícias, me revolto. Primeiro como brasileiro e depois como político. Isso acaba trazendo um descrédito grande para a classe. A sociedade acaba pensando que todos os políticos são farinha do mesmo saco. O que não é corresponde à realidade. Sei que se for eleito não vou conseguir mudar tudo. Mas vou aprimorar o Brasil para que meus filhos e meus netos encontrem uma sociedade mais justa, sem corrupção e com direitos sociais respeitados.


Jornal do Estado —E quais são suas principais propostas?


Sandoval — Quero trabalhar com as questões regionais do Paraná e diminuir o vácuo social que existe em nossa sociedade devido aos problemas econômicos e sociais. O ponto central na minha proposta é a melhora da vida do paranaense. Trazendo recursos para a saúde, para a educação, para a segurança pública. Como temos problemas estruturais nessa área quero começar a debater com a sociedade o endurecimento das penas por crimes hediondos. Não tem cabimento um criminoso pegar pena de 500 anos de cadeia e sair depois de nove anos por bom comportamento. Precisamos despertar a consciência de todos. Crimes graves precisam ser punidos com rigor da lei e só vejo como solução a aplicação da prisão perpétua. Sei que o problema decorre de carências na Educação. Mas para amenizar o problema da segurança, somente com leis duras. A diminuição da idade penal, de 18 para 16 anos também ajudaria a controlar a nossa sociedade. Hoje tem muito bandido transferido culpa para os menores para se livrar da justiça.